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Gerdau (GGBR4/GOAU4) faz boa gestão de capital de giro no 3T23, mesmo em cenário global desafiador

A desaceleração de produção e receita em comparação anual já era esperada e resultados vieram marginalmente acima das expectativas.

Por Fernando Ferrer

7 de novembro de 2023, 11:03

Metalúrgica Gerdau GGBR4 (GOAU4)
Imagem: Divulgação

A Gerdau (GGBR4/GOAU4) reportou seu resultado do terceiro trimestre de 2023 (confira aqui o calendário de divulgação de balanços das empresas), que veio marginalmente acima das nossas expectativas e do mercado.

Desaceleração na produção de aço e nas vendas

A produção de aço bruto no período foi de 2,8 milhões de toneladas, queda de 5,5% na comparação anual. Na mesma linha, as vendas atingiram 2,8 milhões de toneladas (-6,0% vs 3T22). A desaceleração na performance é atribuída a um curto prazo mais desafiador, nos negócios do Brasil e América do Norte, conforme a companhia já vinha sinalizando nos últimos trimestres.

Receita líquida teve queda anual de 19,3%

A receita líquida atingiu R$ 17,1 bilhões, queda anual de -19,3%, reflexo do menor volume vendido e do dólar mais depreciado frente ao real, o que reduziu as receitas da companhia em moeda estrangeira quando convertidas em reais. Com volume inferior e preços de matérias primas menores, os custos de vendas caíram 13% na comparação anual, mas não foram suficientes para compensar a queda no faturamento. Assim, a Gerdau fechou o trimestre com uma margem bruta de 16,4%, 6,0 pontos percentuais abaixo do registrado no 3T22.

O Ebitda ajustado no período foi de R$ 3,3 bilhões, queda de 37,6% em relação a forte base comparativa do 3T22. A margem Ebitda atingiu 19,6%, número que interpretamos como positivo dado o cenário mais difícil no curto prazo.

América do Norte

Olhando por linha de negócio, na América do Norte (46% do resultado operacional consolidado), a menor demanda por aço e o cenário econômico mais desafiador na região, puxado pelo forte ciclo de aperto monetário, inviabilizaram a continuidade do crescimento robusto visto nos últimos dois anos. A margem Ebitda foi de 24,6% no 3T23, queda anual de 8,4 p.p, mas um número resiliente dadas as circunstâncias e acima dos níveis pré-pandemia.

Vale ressaltar que, do lado positivo, a capacidade de utilização na região segue acima de 85% e carteira de pedidos em patamares saudáveis. Ainda, os programas federais dos EUA e os movimentos de nearshoring, além de já aumentarem marginalmente a demanda no curto prazo, deverão beneficiar o mercado de aço de maneira mais robusta ao longo dos próximos anos.

Brasil

Já na ON Brasil (25% do ebitda consolidado), a alta penetração do aço importado segue pressionando o volume de vendas e os preços de mercado, dado que, muitas vezes, ele desembarca no país mais barato do que o seu próprio custo de produção.

Apesar disso, a operação também postou um resultado resiliente, dado o cenário, com uma margem Ebitda de 13,1% (-5,3 p.p vs 3T22), patamar superior ao pré-pandemia. Do lado positivo, o forte backlog de pedidos do setor de construção civil segue beneficiando a demanda por aço no Brasil.

Por fim, as operações de negócios de Aços Especiais (14% do resultado) e América do Sul (15% do resultado) entregaram uma margem Ebitda de 17,2% (-1,0 p.p vs 3T22) e de 32,1% (+3,0 p.p), respectivamente.

Gerdau fez gestão eficiente do capital de giro

Destaque do trimestre, o fluxo de caixa livre (FCL) consolidado do período alcançou R$ 2,2 bilhões (~20% yield), mesmo diante de um lucro operacional pressionado. A gestão eficiente da Gerdau no capital de giro liberou R$ 501 milhões em recursos, permitindo que 67% do Ebitda ajustado fosse convertido em fluxo de caixa livre para a companhia. Assim, a Gerdau permanece bem desalavancada, registrando uma saudável relação dívida líquida/ebitda de 0,34 vezes.

Ainda, a companhia anunciou mais uma distribuição de proventos. Para GOAU4, ações da holding, o dividendo por ação aprovado foi de R$ 0,93, implicando em um dividend yield de 8,5%.

No fim, apesar da contínua tendência de desaceleração em relação ao forte resultado de 2022, a Gerdau entregou mais um sólido trimestre, levando em consideração os desafios exógenos presentes no mercado de aço nacional e global. 

No patamar atual de valuation (5x EV/Ebitda para o ano que vem), com um robusto programa de recompra ativo e um dividend yield projetado para 2024 próximo a 10%, enxergamos Gerdau como boa posição para se manter no portfólio. GGBR4/GOAU4 segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research.

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.