Investimentos

Intelbras (INTB3) reporta lucro estável e ‘despesas controladas’ no 2T24, com receita 22% maior

Com “sentimentos mistos”, o resultado do 2T24 da Intelbras (INTB3) reportou uma receita maior e lucro estável, impactado pela alta do dólar.

Por Larissa Quaresma, CFA

30 jul 2024, 10:05 - atualizado em 30 jul 2024, 10:09

intelbras intb3

Nesta segunda-feira (29) após o fechamento do mercado, a Intelbras (INTB3) reportou seus números do segundo trimestre, que trouxeram sentimentos mistos.

Na ponta positiva, a receita da Intelbras voltou a mostrar um belo crescimento (+22% anualmente), o que não víamos há vários trimestres.

Por outro lado, o dólar mais alto e desafios logísticos pressionaram a rentabilidade, fazendo com que o lucro líquido ficasse estável na comparação anual.

Acreditamos que os fatores de pressão são temporários, ao mesmo tempo em que as maiores taxas de crescimento devem continuar, o que nos leva a manter a visão positiva para INTB3.

Resultados da Intelbras (INTB3) no 2T24

A forte expansão de receita (+22%), para R$ 1,2 bilhão, ficou acima do que esperávamos, com bom desempenho em todas as verticais.

Segurança (+19%) foi impulsionada pela maior disponibilidade de estoque, uma estratégia ativa para contornar o baixo nível dos rios amazônicos após a disrupção na virada do ano.

Por sua vez, a introdução de novos produtos em Comunicação, principalmente Redes de Fibra Ótica, contribuiu para uma expansão de 16%.

Finalmente, a frente de Energia (+40%), embora beneficiada pela fraca base de comparação, está de volta ao patamar de venda normalizado.

A rentabilidade, por outro lado, ficou sob pressão: a margem bruta caiu 2,9 pontos percentuais na visão anual, para 31,5%, em função de Segurança e Comunicação.

No primeiro caso, pesou o custo dos insumos, em sua maioria dolarizados, assim como o maior custo logístico causado pela seca nas hidrovias amazônicas. No segundo caso, os novos produtos do portfólio ainda são importados, com custos em dólar, ao mesmo tempo em a companhia trabalha um preço de entrada em linha com o mercado.

Uma vez que a Intelbras passe a fabricar esses novos produtos, deveríamos observar melhora na rentabilidade de Comunicação.

Despesas da INTB3 são controladas, mas lucro líquido cai 2,3% na margem

As despesas comerciais e administrativas ficaram bem controladas, o que compensou parcialmente a pressão em margem bruta.

Com isso, o EBITDA somou R$ 159 milhões, +16% na visão anual e com uma margem 0,9 p.p. mais baixa.

Por sua vez, o lucro líquido da Intelbras, que contou com um impacto adicional de variação cambial na despesa financeira, foi de R$ 118 milhões, estável na visão anual e com margem 2,3 p.p. menor. 

A companhia tem alocado bastante caixa nos estoques, para garantir o abastecimento da fábrica de Segurança em Manaus (AM), o que viabiliza o forte crescimento observado, mas pesa sobre a geração de caixa, por outro lado.

O fluxo de caixa operacional foi positivo em R$ 9 milhões, um patamar baixo para o histórico da Intelbras, mas que entendemos como necessário dados os desafios logísticos. Na ponta positiva, o investimento no novo centro de distribuição em São José (SC) já terminou, o que deve contribuir para a geração de caixa livre nos próximos trimestres. 

Apesar do segundo trimestre misto, temos uma boa expectativa para a segunda metade do ano. Acreditamos que a elevada taxa de crescimento da receita feio para ficar, enquanto vemos as pressões logísticas e cambiais como fatores temporários na rentabilidade.

Negociando a 11,5x seu lucro estimado para 2024, mantemos a recomendação de compra para Intelbras (INTB3).

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Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.

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