Investimentos

Renda fixa: três títulos pós-fixados para investir nesta semana

Confira CDBs para investir em meio a possíveis revisões para cima das expectativas de inflação.

Por Lais Costa

02 jul 2024, 14:45 - atualizado em 16 jul 2024, 16:41

Lâmpada ao lado de moedas empilhadas
Imagem: Shutterstock

Nesta terça-feira (2), o índice de ações brasileira (Ibovespa) opera em leve alta. O mercado continua pressionando as taxas de juros futuras que abrem até 10 pontos-base nos vértices mais longos. O real chegou a apreciar no início do pregão, mas reverteu os ganhos após novas falas do Presidente Lula em relação ao Banco Central e a moeda brasileira.

PIB americano dentro do esperado

Nos EUA, a última revisão do PIB anualizado do primeiro trimestre divulgado na quinta-feira (27) ficou em linha com as expectativas do mercado (1,4% t/t, saar) e 10 pontos-base acima da leitura anterior. A revisão para cima foi impulsionada principalmente pelo crescimento na linha de investimento em capital fixo (4,4% versus 3,3% na leitura anterior) e pela revisão para cima dos gastos do governo. (1,8% versus 1,3%). Do lado mais fraco, houve uma revisão maior do que o esperado nos gastos dos consumidores, que apontaram um crescimento de 1,5% t/t, 50 pontos-base abaixo das expectativas.

Mudança para meta contínua de inflação no Brasil

No Brasil, a semana passada foi marcada principalmente por notícias sobre inflação.

Na seara política, o Comitê Monetário Nacional (CMN) confirmou a alteração da meta de inflação de ano-calendário para meta contínua de 3% a partir de 2025. Caso o IPCA acumulado de 12 meses permanecer seis meses consecutivos fora do intervalo de tolerância, a meta será descumprida.

O Comitê ainda determinou que possíveis revisões do intervalo de tolerância só podem acontecer com no mínimo 36 meses de antecedência, o que garante maior previsibilidade em relação à condução de política monetária. A decisão era amplamente esperada e, portanto, não teve impacto nas expectativas de inflação do mercado no curto prazo. De todo modo, vemos como positiva a mudança.

IPCA-15 de junho veio abaixo do esperado

No calendário econômico, o IPCA-15 de junho, divulgado na quarta-feira (26), veio em 0,39% m/m, ligeiramente abaixo de 0,44% m/m estimado. No acumulado de 12 meses, o indicador de preços subiu de 3,7% para 4,06%.

As surpresas positivas vieram principalmente da contribuição do grupo de serviços com deflação de passagens aéreas. Considerando o ajuste sazonal, a média de três meses do núcleo de serviços permaneceu abaixo de 4% pelo segundo mês consecutivo, trazendo a medida para o menor patamar desde o terceiro trimestre de 2023. A média dos núcleos registrou ligeira queda na comparação anual.

Em relação aos preços de alimentos, o grupo atingiu o maior patamar de contribuição para o índice desde a leitura de fevereiro devido, principalmente, ao aumento dos preços de arroz, tomate, batata inglesa e leite. É importante lembrar que a tragédia no sul do país é responsável por uma parte importante desse número e, portanto, esse efeito altista deve se reverter nas próximas leituras.  Além disso, os preços administrados registraram desaceleração devido à queda dos preços da gasolina.

Do lado menos positivo, o grupo de bens duráveis voltou a adicionar pressão ao indicador de preços com a alta de preços de automóveis novos.

De maneira geral, o resultado foi neutro, dado que grande parte da surpresa positiva veio de itens voláteis. Em relação à política monetária, o resultado é condizente com uma política cautelosa e o fim do ciclo de queda de juros.

Expectativas de inflação ainda pode ser revisada para cima

Ainda vemos espaço para a continuação das revisões para cima das projeções de inflação no relatório Focus. Contudo, vemos que a maior discrepância dos números da pesquisa divulgado pelo Banco Central seja na expectativa de Selic para o final de 2025. Enquanto o mercado já indica patamares de juros em torno de 12,5%, o Focus ainda aponta para a retomada do ciclo de queda dos juros com Selic terminal de 9,5% a.a. ao final de 2025.

Embora 12,5% ao ano nos pareça um patamar bastante alto, a direção dos juros nesse período não nos parece ser para baixo.

De maneira geral, os dados macroeconômicos indicam estabilidade de crescimento da atividade, expansão do mercado de crédito e um mercado de trabalho apertado, com crescimento de quase dois dígitos de salários em termos nominais. Além disso, é importante lembrar que a recente depreciação do Real em relação ao dólar americano é mais um fator de “importação de inflação”.

Por isso, continuamos trazendo oportunidades em títulos pós-fixados.

Cardápio da semana: confira os títulos de renda fixa recomendados

Características da CDB pós-fixado do Banco BTG Pactual com liquidez diária
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 50
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)02/07/2025 (365 dias corridos)
Rentabilidade anual100,50% do CDI
Tributação17,50%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateLiquidez diária
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45
Características da CDB pós-fixado do Banco Sofisa
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA-(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Sofisa
Aplicação mínimaR$ 1
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)02/07/2025 (365 dias corridos)
Rentabilidade anual110% do CDI
Tributação17,50%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h
Características da CDB pós-fixado do Paraná Banco
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA-(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarParaná Banco
Aplicação mínimaR$ 100
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)23/06/2026 (721 dias corridos)
Rentabilidade anual113% do CDI
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h

As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 2 de julho de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (2).

Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.