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Resultados ‘de aço’? Gerdau (GOAU4/GGBR4) surpreende no 1T24 em meio a cenário competitivo desafiador

A operação norte-americana da Gerdau seguiu se destacando, com demanda resiliente e rentabilidade robusta, e a brasileira mostrou sinais de recuperação.

Por Henrique Cavalcante

3 de maio de 2024, 14:58

Gerdau (GGBR4)
Imagem: Divulgação/Facebook Gerdau

Após um resultado no 4T23 abaixo das expectativas e que pressionou as ações da Gerdau (GOAU4/GGBR4), os três primeiros meses do ano surpreenderam.

Operação brasileira superou cenário desafiador

A operação norte-americana seguiu se destacando no 1T24, com uma demanda resiliente e rentabilidade robusta, e a brasileira mostrou sinais de recuperação em meio a um cenário competitivo bastante desafiador.

As vendas de aço cresceram 2,6% em relação ao 4T23, para 2,7 milhões de toneladas. A receita líquida, ajudada pelos melhores volumes e, principalmente, por uma melhor dinâmica de preços e menor impacto da desvalorização cambial na Argentina, atingiu R$ 16 bilhões (+10% vs 4T23).

Lucro operacional de Gerdau é impulsionado por controle de despesas

O destaque positivo do trimestre foi o controle de despesas. Elas caíram tanto na comparação anual (-7%) como na trimestral (-12%), o que contribuiu para impulsionar o lucro operacional da siderúrgica. O Ebitda ajustado no período alcançou R$ 3 bilhões, alta de 38% em relação ao trimestre anterior, com avanço de 3,5 pontos percentuais na margem, para 17,4%.

Margem Ebitda da América do Norte e do Brasil cresceu

Olhando para as principais linhas de negócio, a operação na América do Norte (53% do Ebitda consolidado) segue reportando números sólidos, sustentados pela atividade econômica aquecida nos EUA. A margem Ebitda cresceu para 24,5% no 1T24, ganho trimestral de 4 p.p.

Já na ON Brasil (21% do Ebitda consolidado), a margem Ebitda avançou 0,7 p.p em relação ao trimestre anterior, para 9,4%. Além dos desafios relacionados aos juros ainda em patamares elevados, a alta penetração do aço importado chinês segue pressionando o volume de vendas e os preços de mercado, reduzindo o volume de vendas e a rentabilidade da Gerdau e de outros players locais.

Contudo, a evolução da rentabilidade e das vendas superaram as expectativas, dando um prognóstico mais favorável para os próximos trimestres.

Investimento em capital de giro teve aumento expressivo

Um ponto de atenção no resultado, diferente dos últimos, foi a geração de caixa livre, que ficou negativa em R$ 660 milhões (ou marginalmente positiva em R$ 85 milhões, desconsiderando a mudança uma mudança de metodologia realizada). A maior parte dessa queima de caixa é derivada de um aumento expressivo do investimento em capital de giro, o que pode ser um sinal de vendas mais fortes nos próximos trimestres. Vamos acompanhar.

Por fim, apesar de ainda enxergarmos desafios para a companhia nos próximos trimestres no âmbito doméstico, há sinais de recuperação e os resultados seguem fortes nos EUA, que é mais de 50% do resultado operacional.

Negociando a atrativas 4 vezes EV/Ebitda para esse ano (enquanto pares norte-americanos negociam a 8x), com uma carteira de pedidos saudável, gestão qualificada e diversificação geográfica, enxergamos uma boa assimetria nos preços atuais. A Gerdau (GOAU4) segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research.

Além desse resultado trimestral, na Empiricus Research, temos avaliado os balanços do 1T24 divulgados pelas principais empresas da B3. Se quiser receber todas as análises, clique aqui.

Sobre o autor

Henrique Cavalcante

Formado em Economia com ênfase em Finanças Corporativas, Henrique Cavalcante atua como Analista de Ações na Empiricus, cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Integra a equipe que comanda a Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.