Investimentos

Sell in May and go away (venda em maio e vá embora) – Você não deve cair nesse ditado, segundo Felipe Miranda

Para o estrategista-chefe da Empiricus, decisões de investimentos nunca devem se apoiar em critérios como esse – ainda mais no atual cenário; confira o que ele diz

Por Daniela Rocha

07 maio 2021, 12:53

Todo mês de maio é a mesma coisa, vem à tona a máxima “Sell in May and go away” (Venda em maio e vá embora – em tradução livre). Desde o início dessa semana, são notícias, posts e conversas nas redes sociais falando sobre isso – seja em tom de brincadeira ou sério, expressando receio do que está por vir…

O ditado surgiu por conta das férias no Hemisfério Norte, quando supostamente as Bolsas globais entrariam em um período sazonal ruim, de baixa atividade entre maio e outubro. 

Aqui no Brasil, essa frase ganhou contornos maiores com dois fatídicos meses de maio – em 2017, quando houve o Joesley Day e muitas incertezas políticas, e em 2018, com a greve dos caminhoneiros. 

Diante disso tudo, Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, ressalta que não se pode ter uma visão simplista das coisas e que as decisões de vendas e compras de ações não devem se apoiar em critérios como esse. “Não se trata de uma abordagem inócua. Sua adoção não seria somente neutra, ela pode ser destruidora de valor.”

Ele desmente essa máxima. Sob a ótica da eficiência de mercado, ela não faz sentido. Isso porque se existisse algum padrão sazonal nas séries financeiras facilmente identificado, ele seria arbitrado. Em outras palavras, considerando que maio é sazonalmente ruim, a pressão vendedora começaria antes porque não faria o menor sentido esperar a queda. E se os participantes de mercado notassem sinais de um movimento vendedor no final de abril, iniciariam suas vendas antes, no meio de abril…e assim por diante. 

 

Olhando adiante

Como ele sempre diz, existe o imponderável, a possibilidade de eventos complexos raros e aleatórios – isso vale para o mercado financeiro…e para a vida. 

Além disso, especificamente no país, conforme o Felipe, há algumas questões que precisam ser acompanhadas de perto, como a CPI da Covid e pautas importantes como reformas tributária e administrativa, que precisam andar.

No entanto, diversos fatores refutam o desânimo do famigerado “Sell in May…”

 

A economia mundial voltou a crescer. Inclusive, diversos indicadores dessa recuperação tem se mostrado acima das projeções iniciais dos analistas. 

O Fed, banco central americano, está mais preocupado com a expansão da atividade e com a geração de empregos do que com a inflação – o que significa juros baixos na maior economia do mundo. Outros BCs têm seguido essa linha expansionista e existe muita liquidez. “De modo geral, isso é bom para ativos nominais – ações, commodities e imóveis”, comenta o Felipe.

Por aqui, à medida que a vacinação avança, as atividades devem ganhar fôlego. “E os valuations para ciclos domésticos estão bastante atrativos”, ressalta. 

Além disso, a Bolsa segue descontada em dólar. Assim, ele acredita no aumento do fluxo de capital dos gringos no médio e longo prazo – o que contribuirá para a valorização do Ibovespa. 

Segundo ele, diversas companhias que são líderes setoriais continuarão sendo boas alternativas. 

Entretanto, despontam muitos cases interessantes. Ações que tinham ficado para trás começaram a andar após reestruturações nos seus negócios como o Grupo SBF (SBFG3) – dono da Centauro, varejista de artigos esportivos, e da Fisia, a distribuidora da Nike no Brasil. Inclusive, essa ação faz parte da Carteira Empiricus.

Outro exemplo do Felipe é o banco Pan (BPAN4), que tem investido fortemente na sua operação digital e conquistado cada vez mais clientes.

Já no segmento de commodities, a Vale (VALE3) é uma das suas preferidas. A mineradora tem enorme potencial de ampliar seus resultados diante do crescimento das economias chinesa e americana. Essas duas últimas estão na carteira Oportunidades de Uma Vida

 

Então, é melhor esquecer essa história de “Sell in May…” e manter uma carteira diversificada, sempre de olho nas melhores opções do mercado. 

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Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI. 

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