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Vale a pena investir em ações do Facebook (FB)?

Líder absoluto no segmento de redes sociais, Facebook enfrenta pressões públicas por supostas “práticas anticompetitivas”; descubra como isso afeta suas ações

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Data de publicação
23 de abril de 2021
Categoria
Investimentos

O Facebook (Nasdaq: FB) possui hoje mais de 2,7 bilhões de usuários ativos. Há anos o processo é o mesmo: descemos e descemos o feed; as ações da companhia sobem e sobem na bolsa. Se por um lado a empresa apresenta bons resultados na última década, por outro vem enfrentando pressões públicas por supostas “práticas anticompetitivas”. Esses fatores geram uma dúvida: vale a pena investir no Facebook?

Nesse texto você confere um resumo da história do Facebook e conhece seu modelo de negócio. Por fim, entende a avaliação dos analistas da Empiricus sobre as ações da empresa. Com o objetivo de facilitar sua leitura, o artigo está dividido em tópicos, pelos quais é possível navegar através dos links:

De um quarto de Harvard para todos os quartos do mundo: a história do Facebook

Quando ainda no segundo ano de faculdade em Harvard, Mark Zuckerberg, junto de três amigos, desenvolvia o “Face”. Facebook? Não, ainda não! Em 2003 os estudantes criavam o precursor da maior rede social do mundo: o Facemash.

Esse primeiro site carregava a seguinte proposta: apresentava a foto de dois estudantes da Universidade, lado a lado, e perguntava qual deles era mais atraente. O jogo, que ficou conhecido como “hot or not”, fez tanto sucesso que Harvard teve de intervir e tirá-lo do ar. Acusado de utilizar bases de dados da instituição sem autorização, Zuckerberg por pouco não foi expulso da faculdade.

Apesar do insucesso da empreitada, Mark insistiria. Em 2004 ele desenvolve a primeira versão da rede que conhecemos, o TheFacebook. O layout original do site trazia o nome da rede entre colchetes e uma grande foto do ator Al Pacino. A princípio, o serviço só atendia o campus de Harvard.

Primeiro layout do Facebook (Imagem: Reprodução)

A partir desse momento, passos largos. Em 2005, o Facebook se expande para outras instituições dos EUA, além de universidades de Canadá, México, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Irlanda. No mesmo ano estende a abrangência do site para ensino colegial e grandes companhias — o que, na época, incluiu trabalhadores da Apple e Microsoft, por exemplo. 

Chegado o ano de 2006, o Facebook já estava disponível para qualquer pessoa com mais de 13 anos e um e-mail válido. Em fevereiro de 2011, o site de Mark se tornava o maior servidor de fotos on-line do planeta. O mundo mudava e Mark atendia a essas mudanças. Em outubro desse mesmo ano, 350 milhões de usuários únicos acessaram o site por meio de telefones celulares.

O sucesso do negócio, é claro, saltava os olhos do mercado. Zuckerberg negou inúmeras propostas de compra antes de realizar o IPO (Oferta Pública Inicial) da companhia, em 2012. Na época o Facebook já contava com 845 milhões de usuários mensais. Suas ações foram precificadas a US$ 38 cada, o que transformava “a ideia nascida em um dormitório de Harvard” em uma companhia de US$ 105 bilhões.

Como o Facebook ganha dinheiro?

“Eu não acho que as redes sociais podem ser monetizadas da mesma forma que a pesquisa fez… A partir de agora, temos três anos para descobrir qual é o modelo ideal. Mas isso não é nosso principal foco hoje”, dizia Zuckerberg em 2008, quando o Facebook encontrava enormes dificuldades para fazer dinheiro com seu modelo de negócio.

Mark Zuckerberg, o criador do Facebook (Foto: Frederic Legrand – COMEO / Shutterstock.com)

No início do mesmo ano, Sheryl Sandberg havia sido admitida como Chief Operating Officer da empresa, com a “simples” missão de descobrir como lucrar. A estratégia formulada por ela concluía que a principal fonte de renda da companhia deveria ser a venda de espaços para publicidade. Acertou na mosca!

Em setembro de 2009 o Facebook anunciava que, pela primeira vez em 5 anos de vida, seu fluxo de caixa havia sido fechado com valores positivos. Três anos depois, em 2011, a companhia já divulgava lucros na casa de US$ 1 bilhão — o que era possibilitado pela sua principal fonte de receita: a publicidade, com a qual arrecadou US$ 3,71 bilhões naquele ano. 

Tais números dizem muito sobre o modelo de negócio da companhia. Pode-se dividir os clientes da empresa em três: usuários, anunciantes e desenvolvedores. 

O primeiro grupo é composto por pessoas que têm perfis nas redes e as utilizam para interagir com seus familiares, amigos, etc. Esses 2,7 milhões de usuários não pagam absolutamente nada ao Facebook. No entanto, compõem a base de clientes que anunciantes e desenvolvedores visam quando procuram a companhia de Zuckerberg.

O segundo grupo, como já citado, é responsável por 90% das receitas do Facebook. Eles pagam a empresa para poder inserir anúncios em suas plataformas. Devido à ampla base de dados oferecida pelo Facebook, as publicidades podem ser promovidas de maneira direcionada. Um grande atrativo, visto que permite ao anunciante atacar diretamente seu público-alvo.

Finalmente, o terceiro grupo é composto por aqueles que desenvolvem e distribuem aplicativos e games na rede social. Os desenvolvedores pagam ao Facebook por um espaço onde possam disponibilizar seus produtos. Assim como no caso anterior, o grande número de usuários e a possibilidade de direcionar o serviço ao público-alvo são grandes atrativos.

Dono do Instagram e Whatsapp

Outro traço marcante da atuação do Facebook é sua agressividade em relação a aquisições. Desde 2009, quando adquiriu o agregador de mídias sociais FriendFeed, a companhia não parou. Em 2010, por exemplo, comprou a startup Octazen Solutions e a prestadora de serviços de compartilhamento de fotos DivvyShot. 

Em 2012, realizou a aquisição que melhor demonstra o sucesso acarretado por essa postura: neste ano, o Mark comprava o Instagram.

“O Facebook adquiriu o Instagram por US$ 1 bilhão, estima-se que hoje a rede social de compartilhamento de fotos e vídeos valha mais de US$ 50 bilhões. Provavelmente uma das aquisições mais bem sucedidas de todos os tempos”, comenta Rodolfo Amstalden em sua série Empiricus FIRE.

Em 2014, mais uma grande compra. O Facebook adquiria a prestadora de serviços de mensagens instantâneas Whatsapp, por cerca de US$ 22 bilhões. Vistas as aquisições — ainda segundo Amstalden —, “faz cada vez menos sentido que outras redes sociais existam”. O que confere à companhia de Zuckerberg domínio do mercado. 

A aquisição do Instagram por parte do Facebook é uma das melhores da história em termos de lucratividade (Foto: Antonio Salaverry / Shutterstock.com)

Atualmente, o Facebook é avaliado em cerca de US$ 755 bilhões. No quarto trimestre de 2020, a companhia registrou lucro líquido de US$ 11,22 bilhões, valor 52% maior que o do mesmo período de 2019. Nesse mesmo intervalo de tempo, as receitas da empresa passaram de US$ 21,08 bilhões para US$ 28,07 bilhões.

Tais altas podem ser explicadas pelo incremento no número de usuários ativos — que cresceu 10% no período. Esse outro aumento, por sua vez, reflete o crescimento na demanda por redes sociais em um momento de pandemia, quando encontros presenciais não podem ocorrer.

As ações do Facebook são recomendadas?

Os bons resultados apresentados recentemente pelo Facebook não foram capazes de alterar as convicções do analista da Empiricus João Piccioni, que não vê com bons olhos as ações da empresa. Ele aponta que, na análise de Big Techs, “o insight é conseguir ver em seus projetos, a capacidade de disrupção no seus mercados”. E, baseado nesse fator, não recomenda os papéis da companhia de Zuckerberg.

“Deixei de lado as ações do Facebook porque não acredito tanto na sua capacidade transformacional. A execução perfeita até aqui foi bastante calcada em boas aquisições e, agora, por conta das pressões públicas, a empresa será sempre questionada pelas autoridades governamentais quando as oportunidades surgirem. Ou seja, pressão não vai faltar”, afirmou em sua série Carteira Empiricus.

Uma das movimentações que explicam o receio de Piccioni se deu em dezembro de 2020. A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e 48 autoridades estaduais iniciaram ações judiciais contra o Facebook por monopólio ilegal.                                   

O processo menciona as compras do Instagram e Whatsapp para alegar que a companhia de Zuckerberg alcançou o domínio do mercado “por meio de uma conduta anticompetitiva”. Para reforçar a tese, a acusação relembra ainda que o Facebook só libera acesso a APIs (conjunto de funções para interagir com a rede social) para empresas que se comprometam em não rivalizar com suas funcionalidades.

O exemplo utilizado para corroborar esse último argumento é de 2013. Nesse ano, quando o Twitter lançou o aplicativo de vídeos curtos Vine, o Facebook negou acesso à API que permitiria aos usuários do novo app acessarem seus contatos na rede social.

Para que “a competitividade seja restaurada”, o FTC sugere que o Facebook venda parte de seus ativos  — o que inclui Instagram e Whatsapp. Além disso, exige que a empresa submeta todas as suas futuras aquisições à análise do Estado, e que só possa as concretizar quando aprovadas.

Big Techs e “o paradoxo de liderança de mercado”

Considerados os resultados das Big Techs nos últimos anos, a “não recomendação” de FB pode surpreender. “Se o retorno com as ações da Apple, Google e Facebook tem sido excepcional na última década, intacto através de subprimes e pandemias, onde está o risco?” questiona Rodolfo Amstalden.

O analista brinca que “as Big Techs contrariam a lei da gravidade das finanças”. A regra seria de que “todo retorno elevado embute em si mesmo um risco de magnitude comparável”. O que, em teoria, não ocorre com as gigantes da tecnologia. 

Uma das principais explicações para a intocabilidade das Big Techs são suas posições de liderança dentro de seus respectivos segmentos. Portanto, seus resultados só passariam a correr risco caso a sua autoridade passasse a correr risco, responde o analista à seu próprio questionamento.

É impossível não considerar as acusações e exigências do FTC um grande risco.

Um dia grandes líderes, hoje não mais

“Todo líder de mercado é inquestionavelmente líder até que não seja mais”, explica Amstalden sobre a imagem acima. Segundo essa tese, os mercados estariam permanentemente em estado de “winner takes all” (no português, vencedor leva tudo). Ou seja, a situação é extremamente favorável àquele que está na liderança; e isso não irá mudar, nem mesmo se o líder for substituído.

Da mesma forma que o Google arruinou o Yahoo, que o iPhone golpeou a Nokia e que o próprio Facebook demoliu o MySpace, todos os líderes estão vulneráveis a deixar de ser “o vencedor”. Automaticamente, a deixar de “levar tudo”. 

“O mais provável é que Apple, Amazon, Microsoft, Google, Facebook continuem dominando seus respectivos mercados por muitos anos. Contudo, se por acaso pararem de dominar, estarão mortas”, conclui Rodolfo Amstalden

Qual Big Tech comprar?

O texto poderia acabar aqui. Porém, nós da Empiricus nunca jogaríamos esse balde de água fria sobre as ações de uma companhia e deixaríamos por isso mesmo. Já que nossos analistas não indicam Facebook, está na hora de você saber o que eles recomendam.

Algumas das principais apostas de João Piccioni, que lidera a série As Melhores Ações do Mundo, são Big Techs. O analista recomenda, por exemplo, as ações da Microsoft. Ele destaca a diversificação de produtos da companhia e o crescimento rápido do segmento de computação em nuvem como os principais atrativos da empresa.

Ao analisar o balanço financeiro mais recente divulgado pela empresa e o anúncio de novas parcerias com empresas automobilísticas, Piccioni afirmava: “Certamente as suas ações [Nasdaq: MSFT] são um excelente veículo para se expor ao setor de tecnologia global. Seguimos confiantes na tese de investimento na companhia”. 

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