Dovish: entenda o que é e como funciona essa conduta monetária do BC

No noticiário econonômico, existem muitos termos que são adotados e que podem gerar confusão em investidores. No que se refere a política econômica e às decisões do Banco Central, um desses termos o Dovish.

Vale destacar que o Dovish é um jargão econômico usado para designar comportamentos de bancos centrais e de pessoas ligadas à política monetária de um determinado país.

O que é o Dovish?

O Dovish é um termo usado no contexto da política econômica e financeira, especialmente quando se fala sobre as decisões e declarações de bancos centrais e seus responsáveis.

A palavra deriva de “dove” (pomba em inglês), que simboliza paz e, por extensão, uma postura mais suave ou menos agressiva.

Quando se diz que um banco central ou um formulador de políticas é dovish, está-se referindo à sua tendência para políticas monetárias mais estimulantes, que favorecem taxas de juros mais baixas e uma expansão da base monetária.

Isso é feito com o objetivo de estimular a macroeconomia, aumentando o investimento e o consumo através do crédito mais acessível e barato.

Esse tipo de política geralmente prioriza a geração de empregos e a promoção do crescimento econômico, mesmo que isso possa aumentar o risco de inflação. 

Em períodos de desaceleração econômica ou recessão, uma postura dessas pode ser considerada necessária para ajudar a economia a se recuperar.

Diferença entre Dovish e Hawkish

Entender a diferença entre os dois termos é crucial para compreender as estratégias de política monetária adotadas pelos bancos centrais.

O Dovish refere-se a uma postura mais acomodatícia do Comitê de Política Monetária de um país, com foco em estimular o crescimento econômico e reduzir o desemprego, mesmo que isso acarrete em risco de aumentar a inflação.

Em contraste, Hawkish descreve uma abordagem mais rigorosa, priorizando o controle da inflação e a estabilidade de preços, muitas vezes através de taxas de juros mais altas para desencorajar o empréstimo excessivo e o superaquecimento da economia.

O hawk tende a ser mais cauteloso em relação à expansão da base monetária e pode sinalizar ou implementar políticas para restringir a liquidez. Essas duas abordagens têm implicações significativas para os mercados financeiros.

Uma postura expansionista pode levar a um aumento nos preços dos ativos, enquanto uma postura hawkish pode fortalecer a moeda, mas potencialmente desacelerar o mercado de ações.

Investidores e analistas monitoram de perto as comunicações dos bancos centrais para detectar sinais de dovish ou hawkish, que influenciam suas decisões de investimento.

Como o Dovish funciona?

Esse tipo de política funciona através da implementação de medidas monetárias que visam estimular a economia. O Copom com essa postura tende a manter as taxas de juros em níveis baixos, o que reduz o custo do empréstimo para indivíduos e empresas.

Isso incentiva o gasto e o investimento, pois o crédito mais barato pode levar a um aumento na atividade econômica, ajudando a impulsionar o crescimento e a reduzir o desemprego.

Além de taxas de juros baixas, essa política pode envolver a compra de títulos governamentais e outros ativos financeiros, um processo conhecido como quantitative easing.

Esse processo aumenta a quantidade de dinheiro no sistema bancário, incentivando os bancos a emprestar mais e a taxas de juros mais baixas.

O aumento da oferta monetária visa também desencorajar a poupança e estimular o consumo e o investimento, contribuindo para a expansão econômica.

No entanto, se mantida por muito tempo, pode levar a uma inflação mais alta, pois a maior demanda por bens e serviços pode superar a oferta, além de um aumento da dívida do país.

Além disso, pode incentivar a tomada excessiva de risco nos mercados financeiros, pois os investidores buscam retornos mais altos em um ambiente de baixas taxas de juros. 

Como o Dovish é aplicado?

A aplicação do Dovish pode ser vista em várias ações práticas dos bancos centrais. Primeiramente, a redução das taxas de juros é uma das ferramentas mais diretas.

Com taxas mais baixas, os empréstimos tornam-se mais acessíveis para consumidores e empresas, o que pode estimular gastos e investimentos.

Essa medida é particularmente útil em tempos de recessão ou desaceleração econômica, onde a demanda por produtos e serviços é baixa.

Em segundo lugar, os bancos centrais podem recorrer ao quantitative easing (QE), que envolve a compra de títulos do governo e outros ativos financeiros para injetar liquidez na economia.

Este método foi amplamente utilizado durante a crise financeira de 2008 e novamente durante a pandemia de COVID-19 para apoiar as economias.

Quando os bancos centrais sinalizam que estão dispostos a manter taxas de juros baixas por um período prolongado, isso pode ajustar as expectativas do mercado e influenciar o comportamento econômico.

A confiança de que as condições de financiamento permanecerão favoráveis pode encorajar mais investimentos a longo prazo e até mesmo aumentar o apetite por risco.

Por isso, os formuladores de políticas devem ser cautelosos para evitar a criação de bolhas de ativos e manter a credibilidade em suas metas de inflação.

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