
O modelo de Gordon, também conhecido como modelo de crescimento constante, é uma das ferramentas mais tradicionais da precificação de ativos. Ele parte de uma premissa simples: o valor de uma ação corresponde ao valor presente dos dividendos futuros que ela pagará, considerando um crescimento constante ao longo do tempo.
Apesar de sua simplicidade, o modelo de Gordon é amplamente utilizado por investidores, analistas e gestores para avaliar empresas que distribuem dividendos de forma previsível e consistente.
O que é o modelo de Gordon?
Criado pelo economista Myron Gordon, o modelo de Gordon é uma fórmula matemática que busca estimar o valor justo de uma ação com base nos dividendos esperados e em uma taxa de crescimento constante.
A teoria parte do princípio de que os investidores compram ações visando o recebimento de dividendos, e que esses dividendos crescerão a uma taxa estável indefinidamente.
A lógica é simples: se uma empresa paga dividendos de forma regular e tem uma perspectiva clara de crescimento, é possível estimar o valor atual dessa ação com base nesses pagamentos futuros.
É por isso que o modelo é especialmente útil para empresas maduras, com um dividendo pago por ação (DY) consistente — como utilities, bancos tradicionais ou grandes companhias do setor de consumo.
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Para que serve o modelo de Gordon?
O principal objetivo do modelo de Gordon é avaliar o valor intrínseco de uma ação com base nos dividendos esperados. Ele é especialmente útil para:
- Investidores focados em dividendos: o modelo ajuda a identificar ações potencialmente subvalorizadas ou supervalorizadas com base no fluxo de renda futura.
- Comparações entre empresas: facilita a análise entre companhias de setores semelhantes, com padrões de distribuição previsíveis.
- Fundamentos de avaliação: serve como base teórica para outras metodologias mais complexas e é amplamente utilizado em cursos, certificações e literatura sobre investimentos.
No entanto, é importante destacar que o modelo não se aplica bem a empresas em crescimento acelerado, startups, companhias que não distribuem dividendos ou negócios com fluxo de caixa instável.
Como funciona o modelo de Gordon?
Também conhecido como modelo de crescimento constante, a fórmula de Gordon funciona a partir da projeção de todos os dividendos futuros que uma empresa deverá pagar, trazidos a valor presente com base em uma taxa de desconto.
Como projetar dividendos infinitos seria inviável, o modelo usa uma fórmula que considera a perpetuidade desses pagamentos com um crescimento constante. O método é particularmente útil para empresas estáveis, nas quais os lucros e dividendos não sofrem grandes oscilações.
Como calcular o modelo de Gordon?
A fórmula do modelo de Gordon consiste na aplicação de três variáveis a partir do preço justo por ação (P). Ela é aplicada da seguinte maneira:
P = D₁ / (k – g)
Onde:
- P = preço justo da ação (valuation);
- D₁ = dividendo esperado no próximo período;
- k = taxa de desconto (custo de capital ou retorno exigido);
- g = taxa de crescimento dos dividendos.
Exemplo prático
Suponha que uma empresa pague R$ 2,00 de dividendo por ação no próximo ano (D₁) e que os dividendos cresçam 4% ao ano (g). Se o investidor exige um retorno de 10% ao ano (k), o valor justo da ação, segundo o modelo de Gordon, será:
P = 2,00 / (0,10 – 0,04)
P = 2,00 / 0,06
P = 33,33
Portanto, o valor justo da ação, segundo o modelo de Gordon, seria de R$ 33,33.
Segundo a avaliação de Gordon, se a ação estiver sendo negociada abaixo de R$ 33,33, pode estar subvalorizada; se estiver acima, pode estar cara em relação ao fluxo futuro de dividendos.
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O modelo é um recurso clássico para a avaliação de ações com base na distribuição de dividendos. Simples e eficaz, ele oferece um ponto de partida para estimar o valor justo de ativos com fluxo de caixa previsível.
Embora tenha limitações — especialmente em contextos de alta volatilidade ou crescimento irregular —, o modelo de Gordon ainda é amplamente usado por analistas e investidores que priorizam o longo prazo e a geração de renda.
O modelo de Gordon é uma fórmula utilizada para calcular o valor justo de uma ação com base nos dividendos futuros, assumindo que esses dividendos crescerão a uma taxa constante. Ele é útil para avaliar empresas maduras e estáveis que pagam dividendos de forma regular.
Funciona melhor em empresas consolidadas, com histórico consistente de pagamento de dividendos e crescimento estável, como bancos tradicionais, companhias elétricas e grandes empresas do setor de consumo.
O modelo não é adequado para empresas que não pagam dividendos, têm lucros instáveis ou estão em fase de crescimento acelerado. Além disso, ele exige que a taxa de crescimento dos dividendos seja menor que a taxa de desconto.
Sim, apesar de sua simplicidade, ele ainda é amplamente usado por analistas e investidores como ponto de partida em análises de valuation focadas em dividendos, especialmente no longo prazo.
Se o preço justo calculado for maior que o preço de mercado da ação, ela pode estar subvalorizada e representar uma oportunidade de compra. Se for menor, a ação pode estar sobrevalorizada em relação ao fluxo esperado de dividendos.