Vomite os investimentos mornos
Confesso que nunca peguei uma bíblia para ler, assim, página por página, mas me contaram recentemente sobre uma tal carta de Jesus à Igreja em Laodiceia, que recomenda: seja quente ou seja frio, não seja morno.
Confesso que nunca peguei uma bíblia para ler, assim, página por página, mas me contaram recentemente sobre uma tal carta de Jesus à Igreja em Laodiceia, que recomenda: seja quente ou seja frio, não seja morno.
Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio, ou quente!
Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
Não há coincidência no fato de que o mercado regurgita o investidor morno.
Lucram de verdade, ao longo do tempo, apenas aqueles investidores sábios, que sabem ser frios ou quentes.
Mais precisamente, devemos ser frios e quentes, ao mesmo tempo.
É a versão bíblica daquilo que chamamos de “barbell strategy” – a estratégia da barra de pesos.
Seja você fã ou não da malhação, pense por um momento em como funciona o equilíbrio de uma barra de pesos.
Tipicamente, o halterofilista precisa segurar a barra no meio para fazer o exercício. Então, a alternativa mais óbvia, de colocar os pesos no centro (morno) de gravidade da barra, deixa de fazer sentido prático.
Com isso, resta a possibilidade de pendurar os pesos na ponta da barra. Mas esse é um esquema que só funciona se pendurarmos pesos nas duas pontas, sendo quentes e frios de maneira simultânea.
Do lado esquerdo da barra, alocamos o peso das nossas aplicações de baixíssimo risco, representadas usualmente por renda fixa, moedas fortes, ouro e instrumentos de proteção financeira.
Do lado direito da barra, escolhemos as aplicações de altíssimo retorno potencial, normalmente encontradas dentro da renda variável e das moedas digitais.
Como as aplicações de baixíssimo risco são extremamente leves, devemos alocá-las em maior quantidade.
Já para os investimentos de alto retorno, bem pesados, pequenas quantidades bastam.
Assim montamos um equilíbrio evolucionário para os nossos portfólios, minimizando a chance de morrer e maximizando a chance de reproduzir de maneira sustentável.
Nessa formatação, o alelo do baixo risco é dominante, predominando por infindáveis gerações de retornos.
Ainda assim, vez ou outra, o alelo recessivo do altíssimo retorno dá as caras, bombando o resultado consolidado das nossas apostas.
Mesmo sabendo desse valioso “segredo”, investidores mornos atribuem sua inércia à preguiça.
Mas preguiça não é mais desculpa quando temos ao nosso dispor o pacote pronto da Carteira Empiricus