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Dolár: saiba como sua cotação é definida e como investir nessa moeda

O dólar americano é a moeda oficial dos EUA e a moeda mais importante do mundo. Saiba mais sobre como a cotação do dólar é definida e como investir em dólar.

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Data de publicação
24 de dezembro de 2022
Imagem representando o dólar, mostrando notas de dólar.

O dólar é considerado a moeda mais forte do mundo, e por isso é visto por muitos investidores como um verdadeiro hedge contra a inflação e outros acontecimentos macroeconômicos.

No entanto, quando se fala em investir em dólar há muitas dúvidas que circundam a mente dos investidores, como as perspectivas futuras acerca da sua cotação, liquidez do investimento, diferenças entre os dólares, entre outros pontos..

O que é o dólar?

O dólar americano (USD) é a moeda oficial dos Estados Unidos e, por extensão, a moeda mais reconhecida, aceita e utilizada em todo o mundo, seja em circulação ou em reservas internacionais. Seu controle e expedição é feito pelo Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos.

Só para ilustrar a sua importância no cenário mundial, atualmente a maior parte das commodities são negociadas em dólar, com destaque para o petróleo. Nesse sentido, para encontrar o preço das commodities em cada país é preciso multiplicar o valor em USD pela cotação da moeda em cada economia.

É válido ressaltar que em tempos de crise, muitos investidores procuram ativos seguros para alocar o capital para evitar riscos e se proteger de problemas macroeconômicos como a inflação, por exemplo.

Como o dólar é considerado a moeda mais forte do mundo, ela é vista como um hedge, ou seja, uma proteção, o que leva muitos agentes do mercado a investir nesse ativo em tempos de recessão econômica.

É de referir que no Brasil desde 1999 o governo adota o câmbio flutuante. Isso quer dizer que quanto mais dólar entra na economia, mais valorizado o real fica, e quanto mais dólar sai da economia mais desvalorizada nossa moeda será.

Em tempos de recessão, os investidores do mundo todo buscam o porto seguro nas moedas mais fortes, e em virtude disso, tiram os seus investimentos das economias emergentes como o Brasil, considerados mais arriscados.

Por consequência, o real se desvaloriza, assim como grande parte das ações e fundos de investimentos no país, levados pela dinâmica da oferta e procura. Isso quer dizer que a valorização do dólar possui uma correlação negativa com os investimentos de renda variável no Brasil que não são amparados na sua cotação.

Por que o dólar é a principal moeda do mundo?

Muitos são os fatores que levam uma moeda a ser forte, dentre eles as expectativas e confiança dos agentes de mercado. Em vista disso, quando analisado a história, dá para ver que os EUA sempre ofereceram um ambiente melhor de negócios para os investidores.

Em outros termos, o país sempre proporcionou mais estabilidade ao longo do tempo e menos incertezas, fazendo com que sua moeda fosse capaz de ganhar a confiança de investidores dos quatro cantos do mundo.

Um dos fatores que tornou o país uma potência mundial, bem como o dólar tão forte, foi a sua política de livre mercado, com baixa interferência estatal. Muitos conceitos como a independência do Banco Central, câmbio flutuante, austeridade fiscal, foram trazidos de lá.

Vale acentuar que quando um país oferece segurança fiscal, responsabilidade sobre gastos, baixa interferência estatal na economia, há menos riscos de se investir em empresas sediadas nele, o que torna a sua moeda mais forte e a economia mais estável.

Foi esse conjunto de fatores que fez dos Estados Unidos uma economia de ponta, prosperando ao longo das décadas, com uma das inflações oficiais mais baixas do planeta.

Lembrando que a inflação também possui uma forte influência para a estabilidade de um país, visto que é ela a responsável por fazer os investidores perderem poder de compra no longo prazo.

Em outras palavras, quando a inflação é baixa, o rendimento dos ativos normalmente é superior ao aumento dos preços e o investidor ganha poder de compra com o tempo, já o mesmo não acontece em economias com inflação elevada.

Influência do preço do dólar na economia

O dólar americano tem uma profunda influência na economia mundial, uma vez que grande parte das exportações tanto de commodities como de produtos acabados é feita com base na moeda norte-americana.

No entanto, nem sempre foi assim. Até a década de 40 a moeda mais importante do planeta era a Libra Esterlina, porém, como a segunda guerra mundial causou grandes estragos na Europa, os EUA saíram fortalecidos e o dólar americano substituiu a libra.

Em paralelo, a maior parte dos países europeus para financiar os gastos com a guerra abandonou o padrão ouro naquela época, ou seja, a emissão monetária deixou de ter lastro no ouro, sendo que isso gerou uma forte inflação em muitas nações.

Passada a turbulência, e perdido o padrão ouro, com o tempo as economias mais sólidas passaram a buscar um novo porto seguro para criar o controle monetário e combater a inflação e foi então que o dólar se consolidou de vez.

Hoje, as negociações de gás, petróleo, soja, milho e diversas outras commodities são todas feitas em dólar, sendo esse, inclusive, um dos motivos pelos quais o combustível no Brasil sofre fortes oscilações.

Efeitos da variação do dólar na economia brasileira

Desde 1999 o Brasil adotou o câmbio flutuante, fazendo com que a cotação do dólar oscile de acordo com a lei da oferta e procura. Nesse ínterim, quando há um aumento na demanda por dólar o real se desvaloriza e quando há diminuição, ele se valoriza.

Em outros termos, quando muitos dólares entram no Brasil, a tendência é que haja uma maior oferta do que procura, o que faz o real se valorizar diante do dólar, e quando os dólares deixam o Brasil, o real se desvaloriza.

Tanto a entrada quanto a saída de dólares possuem um forte efeito na economia brasileira, isso em termos de exportação, importação, gastos no exterior e até mesmo sobre a inflação de custos no Brasil.

Efeitos do dólar na exportação

Na exportação, quando o dólar está muito valorizado em relação ao Real, os produtos brasileiros ganham mais competitividade no exterior. Por exemplo, imagine que um determinado produto seja vendido a R$ 10.

Vamos considerar agora que cada US$ 1 valha R$ 1. Nesse caso, o produto brasileiro será negociado no mercado externo a US$ 10. Imaginemos agora que houve uma grande depreciação do câmbio e cada US$ 1 passou a valer R$ 2.

Nesse caso, R$ 10 não será mais US$ 10, mas sim US$ 5. Basicamente, dá para ver que o produto brasileiro ficou mais barato no exterior. O resultado disso é que em tempos de desvalorização cambial a exportação se beneficia.

Efeitos do dólar na importação

Se por um lado a exportação se beneficia com a desvalorização do real, o mesmo já não ocorre com a importação. Afinal, o preço do produto importado se torna mais caro.

Considere que uma empresa importe um componente usado na sua linha de produção. Vamos imaginar que esse componente custe US$ 10, e que US$ 1 vale R$ 1. Nesse caso, o valor do componente é R$ 10.

Agora vamos supor que houve uma desvalorização da moeda e US$ 1 passou a valer R$ 2. Portanto, o produto que tem o custo de US$ 10 passou a custar R$ 20 para o fabricante que faz a sua importação.

Efeitos do dólar na inflação

Ao considerar que a desvalorização do Real frente ao Dólar beneficia a exportação e deixa mais caro a importação, é fácil presumir que isso leva a uma inflação dentro do país.

Pois, com mais estímulos para exportar, haverá menos oferta de produtos no mercado interno, o que irá colaborar para o desajuste entre oferta e demanda, elevando o preço dos produtos.

Não obstante, os insumos usados para a produção de muitos bens que são importados se tornam mais caros, e esse encarecimento é repassado ao valor do produto no mercado interno.

Note que quando há uma grande desvalorização do câmbio, embora a exportação seja beneficiada, o mercado interno sofre com escassez e aumento de preços.

Como o câmbio do país é flutuante, cabe ao governo criar um ambiente de negócios favorável internamente para que o Real se fortaleça frente ao Dólar sem o uso de mecanismos que mascarem a situação.

Efeitos do dólar nos investimentos

Quando o Real se desvaloriza frente ao dólar, o capital dos investidores estrangeiros na Bolsa Brasileira perde valor. Por isso, o que ocorre é uma fuga de dinheiro, criando um efeito dominó que pode levar a moeda a uma grande perda de valor.

Entretanto, quando há uma grande valorização do Real, o capital dos investidores se torna mais valorizado, e o país acaba atraindo ainda mais investimentos nas empresas internas, o que gera uma bolha positiva de crescimento sustentável.

Para quem é brasileiro e investe fora do país, o efeito é inverso. Quanto mais desvalorizado for o Real, mais o seu dinheiro em dólar valerá. Por isso, esse é um tipo de investimento indicado para quando há perspectivas de desvalorização da nossa moeda.

Quais são os tipos de dólar?

Agora que falamos um pouco sobre os efeitos do dólar na economia brasileira, vamos nos ater aos tipos de dólar existentes no mercado. São eles:

Dólar Comercial

O dólar comercial é considerado um dos mais importantes. Até porque, ele é usado pelas empresas no momento de importar e exportar. Em vista disso, o maior volume das operações lastreadas em dólar são realizadas com base na cotação comercial.

Destaca-se que essa cotação é determinada na lei da oferta e procura, uma vez que o câmbio do Brasil é flutuante. Logo, quando o país começa a exportar bastante, a tendência posterior é que entre mais dólar no país e o real se valorize.

Dólar Futuro

O dólar futuro nada mais é que a expectativa do seu preço no futuro. Nesse caso, os agentes do mercado negociam valores para o dólar no futuro baseados em suas perspectivas.

Desse modo, quando há uma tendência de alta no dólar futuro, os contratos são negociados a um preço maior do que o dólar comercial. Quando as perspectivas são de baixa, o preço é negociado abaixo do dólar comercial.

O dólar futuro é usado tanto como meio de especulação como também como proteção de possíveis oscilações desfavoráveis pelas empresas importadoras e exportadoras.

Dólar Turismo

O dólar turismo, por outro lado, é usado pelas casas de câmbio que vendem a moeda para quem vai viajar para outros países e precisa comprar dólar. Também é o tipo de dólar usado na conversão das compras internacionais, como passagens aéreas.

Um ponto que vale acentuar é que sua cotação é sempre superior em relação ao dólar comercial, uma vez que dentre os custos do dólar turismo está o IOF (Imposto sobre Operação Financeira).

Assim sendo, em caso de compra do dólar em espécie, o imposto é de 1,1% ao passo que nas compras feitas com cartões de crédito ou pré-pago, o IOF sobe para 6,38%.

Dólar Paralelo

Como o próprio nome sugere, o dólar paralelo é considerado um tipo de dólar ilícito, negociado em uma espécie de mercado-negro, uma vez que sua negociação não é autorizada pelo Banco Central.

Em vista disso, tanto quem compra quanto quem vende o dólar paralelo está fazendo isso de forma extra-oficial, sem que a operação seja autorizada e regulamentada pelo Bacen.

Desse modo, não é possível consultar a cotação do dólar paralelo, pois, ela depende da lei da oferta e procura em um mercado desregulamentado.

Como o valor do dólar é calculado?

O preço do dólar é dado em vista da quantidade de dólares que existem para cada real na economia brasileira. Por isso, se houver uma grande expansão monetária o real se desvalorizará ainda mais.

Além disso, o Banco Central também mantém uma reserva para compra e venda de dólares com o objetivo de controlar o câmbio mesmo ele sendo flutuante.

Isso quer dizer que a cotação do dólar varia de acordo com a lei da oferta e procura, mas o governo pode entrar nesse mercado e quando ele aumenta a quantidade de dólares na economia, consequentemente faz o Real se valorizar.

Esse tipo de interferência é chamada de swaps cambiais, sendo usado quando há chances de se perder o controle do câmbio. Desse modo, pode-se dizer que basicamente o aumento do dólar bem como sua quedaé dada pela lei da oferta e procura.

Uso da taxa Selic para equilibrar o mercado

Outro instrumento usado para equilibrar a variação do dólar é a taxa básica de juros da economia, conhecida como taxa Selic.

Afinal, quando o governo eleva demais essa taxa, fica atrativo para os investidores investirem no país, inclusive por meio da alavancagem. Ou seja, eles tomam dinheiro emprestado com juros mais baratos nos EUA e investem a juros maiores no Brasil.

Portanto, quando a taxa Selic está alta há uma maior atração de investidores estrangeiros, sendo que esse mecanismo foi muito usado no início da estabilização da economia brasileira.

Por outro lado, quanto menor for a taxa de juros, menos dólares entrará no país e consequentemente mais desvalorizada ficará a moeda.

Entretanto, é preciso esclarecer que a Taxa Selic também influencia outros pontos da economia como por exemplo:

  • circulação do dinheiro – uma taxa de juros alta estimula a poupança e desestimula o consumo gerando desemprego e queda na atividade econômica;
  • dívida pública – quanto maior a taxa de juros, maior será o percentual da relação Dívida / PIB, piorando a situação fiscal do governo.

Portanto, uma decisão acerca de elevar a Selic para controlar o câmbio pode ser completamente equivocada, uma vez que por outro lado trará prejuízos ainda maiores para o país.

Como investir em dólar?

Conforme visto neste artigo, o investimento em dólar é considerado uma proteção contra as oscilações macroeconômicas para o investidor.

Em vista disso, muitos investidores, profissionais e iniciantes, buscam encontrar no mercado opções de investimento em dólar para ter essa proteção, e basicamente as alternativas são:

  • Compra de papel-moeda;
  • Ativos em dólar;
  • Contratos futuros.

Compra de papel-moeda

A compra de papel-moeda é a forma mais simples de investir em dólar hoje. Nesse caso, o dólar adquirido é o dólar turismo, uma vez que o investidor precisa se dirigir até uma casa de câmbio para efetuar a compra.

Entretanto, apesar de ser simples, quando desconsiderado a conversão do dólar para real, esse tipo de investimento pode ser pouco atraente, uma vez que embora baixa, a inflação nos EUA fará com que o dinheiro perca valor ao longo do tempo.

Por exemplo, 10 mil dólares em 2010 compra uma quantidade de bens de consumo nos EUA, ao passo que no ano de 2020, essa mesma quantia de dólares não comprará os mesmos bens de consumo.

E como os seus dólares, ficaram digamos debaixo do colchão, eles não rendem juros, o que fez a moeda se desvalorizar com o tempo.

Ativos em dólar

Uma outra maneira, e talvez a melhor de se investir em dólar é através de ativos indexados à moeda americana. São diversas opções existentes no mercado, como:

  • BDR´s (Brazilian Depositary Receipts);
  • Ações na Bolsa Americana;
  • Ações de empresas com receita em dólar;
  • ETF´s (Exchange Traded Funds).

Os BDR´s são títulos que possuem lastro em ações de empresas americanas. Ou seja, você faz a compra deles através das corretoras brasileiras que negociam na B3.

A valorização e desvalorização desses títulos segue essas ações em dólar, sendo essa uma das formas mais fáceis e prática de se expor a ativos de outros países. Dentre as empresas que possuem BDR´s no Brasil estão:

  • Apple;
  • Berkshire Hathaway;
  • Microsoft;
  • Coca-cola;
  • Meta;
  • The Walt Disney Company.

Também há a possibilidade de investir diretamente nas ações na Bolsa Americana, mas nesse caso é preciso abrir uma conta em uma corretora de valores lá e se sujeitar a todos os critérios que são exigidos pelo país.

Outra maneira de investir nos EUA é em ETF´s de índices americanos. Por exemplo, um ETF que replica o índice S&P 500, representa o desempenho médio das 500 maiores empresas listadas na Bolsa de Nova York.

Nesse sentido, é uma forma de você diversificar o capital aplicando uma única vez, e ao mesmo tempo ter essa exposição ao dólar americano.

Contratos Futuros

Outra forma de adquirir dólar é através do mercado futuro. Nesse caso, o investidor compra contratos de dólar futuro, sendo que ele é cotado com base na expectativa do mercado.

Geralmente esses contratos são negociados por empresas importadoras e exportadoras que desejam se proteger das possíveis oscilações do dólar.

Dessa maneira, esse é um tipo de investimento um pouco mais arriscado e menos indicado para quem quer ter uma exposição de longo prazo na moeda.

Vale a pena investir em dólar?

Investir em dólar é uma decisão que merece uma análise mais apurada por parte do investidor. Afinal, é preciso considerar as perspectivas acerca da desvalorização ou valorização do real frente a moeda americana.

Até porque, uma forte valorização do real frente ao dólar pode colocar tudo a perder. Em vista disso, um bom indicador para a tomada de decisão é o Relatório Focus emitido pelo Banco Central todas as segundas-feiras.

Lá é possível analisar as perspectivas sobre o câmbio para os próximos três anos na visão dos maiores especialistas do mercado. Se a tendência é de desvalorização do real, ou até mesmo estabilização, vale a pena investir em ativos expostos ao dólar.

Pois nesse caso você não perderá com o câmbio, pelo contrário, poderá até ganhar, e ainda por cima usufruirá da valorização das ações das maiores empresas do mundo. De forma resumida, investir em dólar garante:

  • Proteção cambial;
  • Diversificação geográfica;
  • Mais possibilidades de investimentos;
  • Menos volatilidade.

Portanto, ao diversificar o seu investimento em ativos ligados ao dólar, em um cenário de normalidade ou até mesmo de recessão econômica, você estará não só protegido como verá o seu capital crescer.

O que faz o dólar subir?

O que faz o dólar subir ou cair frente ao real é a quantidade de moedas que entram e saem do Brasil. Ou seja, o que determina o preço do dólar é a quantidade circulante de moeda norte-americana para cada R$ 1 na economia.

Por que o aumento do dólar é ruim?

A alta do dólar é ruim porque quando o real se desvaloriza, os produtos importados se tornam mais caros, o que eleva o custo da matéria-prima, refletindo também no aumento de preços no país. Além disso, há mais incentivo para a exportação, diminuindo a oferta de produtos no mercado interno, o que também faz os preços subirem.

É bom investir em dólar?

Investir em dólar é uma boa alternativa, desde que o investimento seja feito em ativos ligados à moeda americana e não diretamente no papel-moeda, uma vez que esse também perde o seu valor ao longo do tempo.

Como investir em dólar?

O investimento em dólar pode ser feito através da compra de ações de empresas americanas diretamente nos EUA, ou através de instrumentos como o BDR e ETF que são negociados na Bolsa de Valores do Brasil.

Por que o dólar está caro?

Um dos fatores que faz o dólar encarecer é a fuga da moeda americana do país, que geralmente ocorre em tempos onde os investidores estão mais avessos ao risco e em busca de ativos mais seguros.