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Alpargatas (ALPA4): Havaianas perde vendas em 4T22 aquém das baixas expectativas; veja a recomendação para a ação

Alpargatas apresenta prejuízo líquido de R$ 21 milhões no 4T22; resultado de 2022 é 84% pior na comparação com o ano anterior

Por Larissa Quaresma, CFA

10 fev 2023, 14:46 - atualizado em 10 fev 2023, 14:46

Alpargatas (ALPA4) Havaianas
Imagem: Reprodução/ Site Conjunto Nacional

A Alpargatas (ALPA4) divulgou na noite de ontem (10) seus resultados referentes ao 4T22. Já tínhamos em nossas projeções um resultado fraco para o trimestre em função dos gargalos de crescimento enfrentados pela companhia. Contudo, os números ainda vieram aquém das nossas expectativas

A Rothy’s, empresa americana de calçados sustentáveis adquirida no último ano pela Alpargatas, alcançou uma receita líquida de US$ 54 milhões no trimestre, alta de 10% na comparação anual.

Sinalização positiva e crescimento sequencial, apesar de ainda incipiente. Por outro lado, a companhia ainda segue entregando Ebitda negativo — mas melhorando US$ 2 milhões em relação ao 3T22 —, fechando o trimestre em US$ -3 milhões e -US$ 30 milhões em 2022. 

Havaianas apresenta redução nas vendas – de novo

Do lado da Havaianas, por mais um trimestre, a marca de chinelos perdeu volume de vendas no trimestre, com uma queda de -11% na comparação anual.

A performance negativa foi puxada pela operação do Brasil (-12% vs 4T21), impactada pela queda sequencial da demanda no canal alimentar — um dos principais da companhia.

A Havaianas Internacional apresentou um tímido crescimento em relação ao 4T21, atingindo 7 milhões de pares vendidos (+7%), freado pela queda expressiva na operação dos EUA (-27%) que ainda se encontra em reestruturação.

No ano, a operação consolidada da Havaianas vendeu 247 milhões de pares, número -5% inferior ao registrado em 2021.

Estratégia de mix e precificação até tentou salvar o dia, mas rentabilidade escancara problemas

Novamente um destaque positivo, a estratégia de mix e precificação da Havaianas no Brasil contribuiu para compensar a queda de volume e entregar um crescimento marginal de 2% de receita líquida na comparação anual, totalizando R$ 897 milhões no trimestre.

A operação internacional também cresceu (+7%), puxada pela operação na Europa, que evoluiu sua receita por par (+10%) com a mesma estratégia aplicada no Brasil. No consolidado, a receita líquida da Havaianas totalizou R$ 1,0 bilhão no quarto trimestre (+5% vs 4T21). 

Apesar da receita consolidada com leve crescimento, quando descemos para a rentabilidade encontramos os principais problemas da operação.

Na comparação anual, a margem bruta da Alpargatas foi pressionada em -2 p.p devido aos problemas enfrentados na Havaianas Brasil de baixas de matéria-prima, produtos acabados fora de linha e maiores custos nos centros de distribuição. 

O impacto no Ebitda foi ainda maior. Além da queda no volume, margem bruta pressionada e reestruturação da operação dos EUA, as despesas com marketing e distribuição cresceram no trimestre. Com isso, o Ebitda consolidado da Alpargatas atingiu R$ 47 milhões no 4T22 (-72% vs 4T21), implicando em uma margem de 4,3% (-13,5 p.p vs 4T21).

Por fim, a empresa teve um prejuízo líquido de -R$ 21 milhões no trimestre. No ano, o resultado ainda ficou no positivo em R$ 108 milhões, mas -84% inferior ao registrado em 2021. 

ALPA4: melhor deixar o papel de lado

Em suma, acreditamos que esse resultado é um reflexo claro da persistência do desafio de crescimento de Alpargatas que destacamos ao longo do último ano.

Apesar da companhia ter apresentado iniciativas para mitigá-los nos últimos 2 trimestres, acreditamos que este é um problema que não será resolvido no curto prazo, exigindo um ciclo de investimentos e reestruturação mais longo.

Assim, mantemos nossa visão mais cética em relação à melhora operacional do papel e uma recomendação neutra em ALPA4, dado o patamar atual de preço.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.

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