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Correlação de criptomoedas com o mercado de risco global está cada vez maior, segundo analista

Ações de tecnologia têm tido cada vez mais impacto no preço dos criptoativos; cenário macro e regulamentação seguem no radar dos investidores desse segmento

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Data de publicação
13 de abril de 2022
Categoria
Investimentos

Pressão inflacionária, juros ascendentes e desaceleração do crescimento econômico: fatores que até pouco tempo atrás pouco afetavam o segmento de criptomoedas. No entanto, com os criptoativos ganhando cada vez mais espaço entre os investidores, sua correlação com o mercado global vem aumentando.

A avaliação é de Vinícius Bazan, analista de criptomoedas da Empiricus, em live recente promovida pela Vitreo (futura Empiricus Investimentos) e em um de seus relatórios da série Crypto Legacy

“Principalmente desde o ano passado, o mercado de cripto está ficando cada vez mais correlacionado ao mercado de risco global, mais especificamente ao mercado de tecnologia“.

A ponderação do analista surge em paralelo com o recente aumento histórico de correlação do Bitcoin (BTC) com o índice Nasdaq 100 para 0,6945.

Quanto mais próximo de 1, maior a correlação positiva em que a cotação do BTC e Nasdaq seguem na mesma direção. Diferente da correlação negativa, em que quanto mais próxima de -1, menor a possibilidade das variáveis desses mesmos ativos irem em direções opostas.

“Isso tem muito da influência dos próprios investidores institucionais, entrando nesse mercado”, diz Bazan. “Quando o mercado tinha menor presença dos [investidores] institucionais, ele era muito mais puxado pela própria demanda do varejo que foi o primeiro a entrar nesse segmento”.

Uma visão positiva sobre o mercado cripto para os próximos 12 meses

Segundo Bazan, ainda que diante de um cenário macro volátil, sobretudo por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, o mercado de cripto continua com elementos positivos, “tanto nas métricas intrínsecas do segmento, quanto na demonstração de força no preço dos ativos”, acrescenta.

Segue no rol de atenção dos investidores desse nicho a regulamentação das operações que tem ganhado fôlego nos últimos meses. 

Os agentes de mercado seguem divididos quanto ao tema. Os entusiastas acreditam que a intervenção seria mínima, apenas agregando maior segurança nas negociações dos ativos, enquanto os mais conservadores acreditam que tal intervenção poderia afetar a dinâmica descentralizada do segmento.

Para o analista da casa research, engana-se quem acredita que o mercado de tokens não conte com qualquer regulamentação. “Existem corretoras, exchanges, e empresas por trás das negociações de cripto. Ou seja, assim como em qualquer entidade financeira, ambas seguem diretrizes e normas”.

Ele complementa que com um mercado cada vez mais robusto, com inúmeras negociações diárias, fica difícil não pensar em uma futura intermediação das operações por entidades governamentais.

“Independente de tudo isso, observamos que há um jogo bem jogado preparando o mercado de cripto com muita maturidade nos últimos anos”, analisa. “Por isso, mantenho uma visão positiva para esse setor nos próximos doze meses, em um ciclo pouco misto, já que não dá para descolar imediatamente da Bolsa”.

Cenário macro terá maior peso na cotação das criptomoedas

Entre tantas variáveis que impactam o mercado de cripto, como volume de negociadores e oferta dos tokens, o analista acredita que o cenário macroeconômico terá maior peso nos preços das criptomoedas. 

“Estamos vendo o atrito entre Rússia e Ucrânia se arrastar há quase dois meses”, diz. “Com isso, teremos o aumento da inflação que obrigará os EUA a aumentar sua taxa de juros”.

Nesse cenário, há a grande probabilidade das ações tech sofrerem quedas na Bolsa, puxando o BTC. Para se ter uma ideia, na semana passada, enquanto o índice Nasdaq 100 caiu 3,6%, o BTC caiu para patamar inferior a US$ 42 mil, por conta das projeções de aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) pelo mercado.

“Isso só sustenta a tese que o Bitcoin está cada vez mais correlacionado ao mercado risco, ligado às ações techs”, aponta Bazan.