IPCA: O que é e como é calculado (Guia Completo)
O que é IPCA? Qual o IPCA acumulado em 2017? Descubra neste guia tudo o que você precisa saber sobre este importantíssimo índice econômico.
Você sabe qual é o impacto do IPCA na sua vida, e principalmente, nos seus investimentos?
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), mais conhecido como inflação, é o índice econômico que mostra a variação dos preços de mercado para a população brasileira.
Este indicador é medido mensalmente, a partir dos preços praticados por segmentos de produtos e serviços, tais como alimentação, moradia e educação. A soma das variações mensais compõem o IPCA anual.
O governo monitora a inflação, pois os indicadores de preço são um importante reflexo do desempenho da atividade econômica brasileira
O IPCA tem o impacto direto sobre os investimentos, principalmente, em renda fixa, como tesouro direto, debêntures, CDBs, LCA, LCI, LC, CRA e todos aqueles que estão atrelados ao IPCA.
Muitas pessoas não conhecem o significado e todos os efeitos causados pelo IPCA na vida financeira. Neste guia, vamos explicar todos os detalhes e tudo o que você precisa saber sobre a famosa inflação, como:
- O IPCA hoje e o seu histórico e projeções em 2017;
- O que é IPCA, como é calculado e outros índices relacionados;
- O que é IGP-M;
- Para o que serve o IPCA, e de que forma você e os seus investimentos são afetados por este índice.
Se você tiver alguma dúvida ou sugestão, deixe o seu comentário no final da página.
Boa leitura!
IPCA Hoje
Na tabela abaixo, há os dados da inflação mensal e acumulada para 2017.
Histórico do IPCA em 2017
Mês | Índice mês (%) | Acumulado (%) | 12 mêses (%) |
---|---|---|---|
Jan | 0,38 | 0,38 | 5,35 |
Fev | 0,33 | 0,71 | 4,76 |
Mar | 0,25 | 0,96 | 4,57 |
Abr | 0,14 | 1,10 | 4,08 |
Mai | 0,31 | 1,42 | 3,60 |
Jun | -0,23 | 1,18 | 3,00 |
Jul | 0,24 | 1,43 | 2,71 |
Ago | 0,19 | 1,62 | 2,46 |
Como você pode ver na tabela, o IPCA 2017 está se mantendo estável, registrando até mesmo um mês de deflação em julho. O último dado divulgado pelo BC, referente a setembro de 2017, mostra a inflação acumulada em 12 meses de 2,54%, e as projeções convergem para fechar 2017 em torno de 3,0%, no piso da meta de 4,5% estabelecida para o índice.
O que é o IPCA?

O IPCA é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.
É o índice econômico que calcula a variação de preços de produtos e serviços para o consumidor final, resumidamente, reflete o custo de vida das famílias brasileiras.
A pesquisa é realizada pelo IBGE do primeiro ao último dia de cada mês, tendo como foco as famílias com rendimentos entre 1 (um) e 40 (quarenta) salários-mínimos que residem em áreas urbanas.
A composição e os pesos relativos de cada item no IPCA são definidos com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que representa os gastos das famílias nas seguintes segmentos:
- Alimentação e bebidas;
- Educação;
- Vestuário;
- Transporte;
- Comunicação;
- Habitação;
- Moradia;
- Despesas pessoais;
- Artigos de residência.
Aproximadamente no oitavo dia útil do mês, o IBGE divulga os resultados do indicador referente ao mês anterior, e o mercado reage conforme estes dados.
“Mas, por que o IPCA é conhecido como inflação?”
Se você observar a tabela anterior com os índices listados mês a mês, notará que, em geral, a variação do índice é positiva, mesmo que pequena. Toda vez que o índice está positivo significa que os preços ao consumidor. O processo de elevação contínua dos preços e, consequentemente, do índice é o que chamamos de inflação.
Do contrário, se o preço dos produtos caem e o índice fica negativo, ocorre a deflação.
Quanto maior a inflação, menor o poder de compra do consumidor.
Ou seja, se em um cenário de inflação controlada com R$ 10 você consegue comprar um suco e um sanduíche. Em um momento de IPCA alto, os mesmo R$ 10 seriam suficientes para comprar apenas o suco.
Por ser uma média de preços de diversos itens e com pesos relativos para cada segmento, conforme citamos anteriormente, o IPCA está sujeito a variações.
E para isso, foram criados outros índices, como o IGP-M, ICB, IPC, entre outros, que serão abordados nos próximos tópicos.
O governo brasileiro usa o indicador para acompanhar a atividade econômica da população e também para monitorar o cumprimentoda meta de inflação definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Meta da inflação para 2017
A meta de inflação central para 2017 está fixada em 4,5%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo. Atualmente, este índice está em 2,46%, ou seja, está abaixo da meta. O CMN estabelece estes valores para que o equilíbrio econômico seja mantido pelo BC (Banco Central). Pois, o IPCA influencia diretamente em outro famoso índice, a SELIC.
E um dos mecanismos mais usados para conter o aumento da inflação é o aumento da SELIC, que por sua vez, diminui o consumo e quantidade de dinheiro em circulação.
No geral, a inflação controlada também reflete na capacidade do país em atrair e manter investidores. Inflação fora da meta induz insegurança aos investidores, que por sua vez, exigem mais juros para preservar riscos.
Outros índices relacionados ao IPCA

Como citado anteriormente, IPCA é o índice mais abrangente para medir a inflação/deflação de preços, mas há outros índices que foram originados a partir dele, como é o caso do IGP-M, IPC e IPCA-E.
O que é IGP-M?
O IGP-M é o Índice Geral de Preços do Mercado, que é calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Por ser similar ao IPCA, e ser medido por uma instituição não governamental é visto como um comparativo mais realista da inflação brasileira.
O FGV faz a pesquisa de preços do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês atual, e no último dia útil são divulgados os resultados. No mês de setembro, o índice registrou alta de 0,47%, com acumulado de -2,17% para 2017.
Por seguir a mesma lógica do IPCA, você pode notar que os preços subiram no mês de setembro, porém no ano de 2017, houve deflação dos preços.
A sua composição, em peso, é:
- 30% do IPC (Índice de Preços ao Consumidor);
- 60% do IPA (Índice de Preços no Atacado);
- 10% do INCC (Índice Nacional de Construção Civil).
Você já deve ter ouvido falar sobre o IGP-M, principalmente em relação ao setor imobiliário, não é?
Isso porque, em geral, os preços dos aluguéis são reajustados conforme o valor IGP-M do ano anterior. Logo, se ele sobe, no ano seguinte, o valor do seu aluguel também irá subir.
Além do valor dos aluguéis, este índice também é utilizado para ajustar os preços das tarifas e energia elétrica, seguros e alguns planos de saúde.
“Há investimentos atrelados ao IGP-M?” Sim, principalmente o FII (Fundo de Investimento Imobiliário).
Porque tanto o valor das cotas, quanto o dos aluguéis (espécie de dividendos) são precificados e ajustados conforme o valor deste índice. Assim, ao investir em FII, você precisa estar atento a isso!
Outros índices relacionados ao IPCA
Para tornar a pesquisa e cálculo do IPCA mais completo e abrangente, há outros índices relacionados com ele, como você verá nos tópicos abaixo:
- IGP: Pesquisado pela FGV, significa Índice Geral de Preços, e é subdividido em IGP-M, IGP-DI e IGP-10. Os três têm a mesma composição, diferindo a data de análise e divulgação de cada resultado.
- INPC: É o Índice Nacional de Preços do Consumidor, tendo o IBGE como responsável. É semelhante ao IPCA, porém, é direcionado às famílias com rendimentos entre 1 (um) até 5 (cinco) salários-mínimos.
- IPCA-15: É uma prévia do IPCA. A cada 15 dias, o IBGE divulga a tendência do IPCA para o mês de referência.
- IPCA-E: Esta é uma classe especial do IPCA, divulgado pelo IBGE trimestralmente e com base nos resultados do IPCA-15 do trimestre de referência.
- IPC-Fipe: Calculado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), é também um outro medidor da inflação feito por uma instituição independente. Sendo composto pelos dados da POF, com foco nas famílias que recebem de 1 (um) a 10 (dez) salários-mínimos residentes na cidade de São Paulo.
- IPC-S: É o Índice de Preços ao Consumidor Semanal feito pela FGV. Possui a composição a mesma que o IPCA, e a população analisada são famílias com renda entre 1 (um) e 33 (trinta e três) salários-mínimos, que moram nas capitais, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Recife, Porto Alegre e Brasília.
- IPC-SP: A FGV mede o Índice de Preços ao Consumidor – São Paulo. A pesquisa tem o mesmo perfil de famílias que o IPC-S, só que é uma medição semanal apenas na cidade de São Paulo. E é utilizado no IGP.
Como você viu acima, há diversos outros índices além do IPCA, para medir a inflação dos preços no Brasil, cada uma com um objetivo específico, mas afinal, por que medir a inflação? No próximo tópico, vamos contar para tudo para você!
Para o que serve o IPCA?

O objetivo de medir o IPCA é quantificar a inflação do país, isto é, quanto o custo das famílias está variando, de acordo com os preços dos produtos considerados na POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares). Hoje, são cerca de 400 produtos e serviços analisados.
Com os resultados das pesquisas do IPCA, você saberá o “valor” do seu dinheiro. IPCA positivo, os preços subiram, e o dinheiro “vale” menos. E negativo, os preços diminuíram, o dinheiro “vale” mais!
Para o país, este índice serve para equilibrar a atividade econômica, atrair novos investidores e ajustar a SELIC. Por isso, as metas são estabelecidas como termômetro para evitar aumento descontrolado da inflação, como ocorreu na década de 90.
Ao manter a inflação sob controle, o governo consegue passar credibilidade aos investidores, sinalizando que é um bom país para investir. E para a população, o poder de compra está assegurado, incentivando o consumo.
Como você e seus investimentos são afetados pelo IPCA?

Depois de entender o objetivo do IPCA, agora você vai ver com mais detalhes os efeitos do IPCA na sua vida e nos seus investimentos.
A partir do resultado deste índice, se positivo, os preços subiram, ocorreu a inflação. E para você, como os preços aumentaram, o seu poder de compra diminuiu, será necessário mais dinheiro para financiar o mesmo padrão de vida.
Produzimos esse vídeo para que você entenda melhor o impacto do IPCA em sua vida:
https://www.youtube.com/watch?v=G6Chsgm4yhA
Já quando o resultado do IPCA é negativo, a média de preços caiu, e há a deflação. E o seu dinheiro se valorizou, você pode comprar mais! Assim, você percebe o quanto este índice mexe com o seu bolso.
Não se engane com a frase “a inflação caiu”, isso não significa que está ocorrendo deflação, mas sim, que a média dos preços é menor que a do mês anterior. A menos que você veja que o valor seja negativo. Neste caso, de fato, é a deflação!
Nos investimentos, a lógica é parecida.
1 – Na escolha do investimento:
Ao escolher um investimento atrelado ao IPCA, como o Tesouro IPCA+ e IPCA + Juros Semestrais, FII (Fundos Imobiliários) e debêntures. Você deve ficar atento à inflação anual e mensal, porque a taxa da inflação será o seu rendimento total ou parcial.
Você deve estar pensando “Então inflação alta é boa para os meus investimentos?” Nem tanto, pois o seu rendimento é consumido pelo baixo valor do seu dinheiro.
Em momentos assim, o melhor é garantir uma rentabilidade real acima da inflação.
2 – Acompanhar o seu investimento:
Se você já investe em alguma modalidade atrelada ao IPCA, é essencial acompanhar os resultados divulgados pelo IBGE. Pois você saberá gerir os seus investimentos, poderá alinhar as estratégias e prazos para o seu dinheiro se valorizar ainda mais!
Principalmente para a modalidade do Tesouro Direto IPCA + e IPCA + Juros Semestrais, a taxa da inflação mensal determina o quanto o seu título renderá, bem como, o quanto o seu dinheiro está protegido da desvalorização!
Quanto aos FIIs, o preço de negociação das cotas e os seus dividendos estão em jogo! O IGP-M incide sobre os aluguéis dos seus imóveis, e pode gerar vacâncias, inadimplências e desvalorização momentânea do investimento, diminuindo do seu retorno.
Sobre as LCA, LCI e LC, o efeito é indireto, pois geralmente serem atreladas ao CDI/SELIC, e com inflação em alta, a Selic acompanha, e este investimento oferece uma taxa melhor.
Por a poupança ter rendimento menor, uma inflação alta é capaz de corroer todo o retorno do investidor.
Como é calculado o IPCA

O cálculo do índice é realizado com base na POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) que é uma cesta de produtos e serviços atualizada a cada 5 (cinco) anos.
Para o IPCA, o foco do POF são as famílias com rendimentos 1 (um) e 40 (quarenta) salários-mínimos que residem em áreas urbanas. Na tabela abaixo, há a composição do índice:

Tabela 2: Composição do IPCA/ Fonte: FIPE
No total, há cerca de 400 produtos e serviços analisados mensalmente. O IBGE acompanha as variações dos preços destes itens correspondentes a todas as marcas, e a partir dos pesos, é calculada a média final do IPCA.
Histórico do IPCA em 2017
No gráfico abaixo, há o histórico da inflação em 2017, em comparação com 2016.

Em 2017, a inflação tem atingido valores muito abaixo dos obtidos em 2016, com período de deflação, e variações menores do índice.
Com a equipe econômica atual, os ajustes necessários estão sendo feitos, o quepermitiu queda da inflação, e também os cortes na Selic.
Em junho, a CMN estabeleceu uma nova meta de inflação central de 4,25% para 2019 e 4,0% para 2020, sinalizando recuperação na economia brasileira.
Conclusão – Projeções para o IPCA

A expectativa é que o IPCA feche o ano de 2017 próximo a 3%.
Para 2018, as projeções dos economistas e instituições convergem para cerca de 4,0%, que também é um índice positivo para o Brasil, mostrando que a inflação está sob controle, e que ainda há espaço para cortes mais sutis na Selic.
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