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Renda fixa: dois CDBs indexados à inflação para investir a partir de R$ 1 mil

Confira dois títulos de crédito bancário disponíveis ao investidor geral para investir agora.

Por Lais Costa

19 de dezembro de 2023, 13:35

Imagem de notas de cem reais e dez reais dispostas em uma mesa ao lado de pilhas de moedas de um real, juntamente com uma calculadora e caneta - CDB Renda Fixa
Imagem: Freepik

As últimas decisões de política monetária do ano foram o guia dos mercados desde a semana passada.

Devido principalmente à forte desaceleração da atividade no Velho Continente, o mercado vinha se questionando sobre a possibilidade do ciclo de corte de juros na Europa antes mesmo do Federal Reserve (Fed) dar a largada do outro lado do Atlântico. A mensagem das autoridades monetárias na semana passada, contudo, vieram na direção oposta.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros em 4% ao ano e revisou para cima a expectativa de núcleo de inflação em 2025 (2,3%). A previsão de inflação para 2026 também veio acima da meta do BCE em 2,1% ao ano, o que adicionou um tom conservador à decisão.

 A presidente Christine Lagarde afirmou que o BCE não está vendo progresso suficiente na inflação doméstica para qualquer alteração na condução de política monetária e que, portanto, é imprescindível não baixar a guarda. Nessa linha, Lagarde ainda garantiu que não houve discussões sobre cortes de juros.

No Reino Unido, a mensagem foi ainda mais conservadora. Além de manter as taxas no seu maior patamar em 15 anos (5,25% ao ano), o Banco Central reforçou a prescrição de que as taxas permanecerão altas por mais tempo (higher for longer).

Seguindo a mesma toada da reunião anterior, não houve consenso entre os diretores, com três votos favoráveis a mais e um aumento de 25 pontos-base (pbs) contra seis votos em prol da manutenção das taxas. A autoridade monetária ainda minimizou o progresso recente observado nos salários e na inflação de serviços, adicionando um tom duro (Hawk) à comunicação.

De fato, a dinâmica de preços (especialmente no Reino Unido) ainda demanda um viés conservador de política monetária. Além de uma maior vulnerabilidade em relação a questões energéticas, a composição da inflação na Europa é mais sensível a preço de bens do que nos EUA. Se por um lado a inflação de bens é menos inercial que a de serviços, há uma maior preocupação em relação a depreciação da moeda. Por isso, o Velho Continente deve seguir de perto os passos do Fed, mas evitar uma antecipação do ciclo de redução de juros.

Nos EUA, o Fed manteve os juros no intervalo de 5,5%-5,25%, conforme amplamente esperado. O mapa de pontos (dot-plots) mostra que as projeções de juros passaram a indicar corte de 75 pontos-base (bps) no ano que vem, 25 bps a mais do que as projeções divulgadas em setembro. Apesar do aumento, o indicativo de três reduções ainda está aquém do que o mercado vem embutindo na curva de juros futura.

De todo modo, as revisões para baixo de inflação e das medidas de núcleo, com leve revisão para baixo do PIB de 2024 e estabilidade no mercado de trabalho apontam para um pouso suave (soft-landing) da economia americana, o que se refletiu em um movimento bastante positivo nos ativos de risco imediatamente após a decisão.

As taxas de juros americanas caíram por toda a curva, levando a uma queda generalizada nos juros globais. De forma similar, o índice acionário S&P 500 subiu fortemente, puxando as bolsas emergentes e desenvolvidas.

Como falamos no último relatório, o presidente Jerome Powell manteve uma postura mais dura durante a sessão de perguntas e respostas com os jornalistas, muito embora o mercado tenha desconsiderado as indicações de que o ciclo de corte de juros não está às portas.

Na coletiva de imprensa, Powell afirmou que as taxas de juros atingiram o pico ou estão muito próximo dele, mas explicou que a sutil alteração do comunicado em relação a possível continuação do ciclo de alta tem o objetivo de não descartar completamente a possibilidade de mais um aumento nas taxas. “Não é o nosso cenário base como era 90 dias atrás, mas não gostaríamos de tirar completamente a possibilidade de aumentar juros”, argumentou.

Powell ainda repetiu que seria prematuro, neste momento, cantar vitória contra a inflação e que ainda é preciso dar continuidade no processo de aperto monetário. Em relação a um possível ciclo de corte, Powell afirmou que o comitê se mantém focado na estabilidade de preços e é necessário ver mais progresso nos indicadores econômicos. Por isso, a discussão de corte de juros estaria apenas no começo.

Nos dias seguintes à decisão do Fed tivemos falas de alguns diretores da autoridade monetária no sentido de ponderar a euforia no mercado de juros que chegou a precificar 80% de chance do início do ciclo de corte no primeiro trimestre de 2024.

Ecoando a fala de Jerome Powell na semana passada, os presidentes do Fed de Nova York e de Atlanta, John Williams e Raphael Bostic, afirmaram que o comitê monetário não está discutindo cortes de juros neste momento e que o ciclo de queda das taxas não é algo iminente. Ainda segundo Bostic, a primeira redução dos juros pode vir “em algum momento no terceiro trimestre” de 2024. Segundo Presidente Williams, é prematuro se quer pensar em corte de juros em março.

O Presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou na segunda-feira (18) que a reação dos mercados após a decisão foi irracional e que a precificação de corte na curva de juros hoje revela o que os agentes do mercado gostariam de ouvir e não o que o Fed de fato está comunicando.

Na próxima reunião do Fed, no dia 31 de janeiro, a autoridade monetária terá em mãos mais uma rodada de dados econômicos referentes ao mês de dezembro. A menos que estejamos tendo um mês significantemente pior em termos de mercado de trabalho e atividade com redução significativa na demanda das famílias (o que não parece ser o caso), não vemos uma mudança drástica de comunicação do banco central americano nos próximos 40 dias. Nesse sentido, o mercado terá que reajustar suas expectativas, reduzindo praticamente pela metade a precificação de queda de juros em 2024.

No Brasil, o Banco Central reduziu a Selic em 50 pbs, sem alterar a indicação de que este ritmo deve ser mantido nas próximas reuniões. A revisão para baixo das projeções de inflação de 2024 e 2025 ainda indicam patamares acima da meta de 3% ao ano, o que indica a necessidade de uma política monetária ainda restritiva.

Na ata do Copom divulgada nesta manhã (19), o comitê reconheceu a melhora no ambiente externo com o aumento da probabilidade de um “pouso suave” da economia americana, o que gera um ambiente propício para a sinalização de uma flexibilização da política monetária nas economias desenvolvidas.

Do lado doméstico, o comitê reconheceu a melhora na inflação subjacente por diversos fatores como efeitos de segunda ordem da queda do índice de inflação cheio, comportamento benigno de salários, além de queda nos preços de commodities e impactos defasados da própria política monetária contracionista do BC.

Por outro lado, o comitê ponderou que a resiliência do consumo das famílias somada à continuação da queda de investimentos pode gerar um descasamento entre demanda e oferta no médio prazo, o que implicaria em uma reaceleração da inflação.

Por fim e mais importante, não houve sinalização de aceleração do ritmo de queda da Selic. Ao contrário, o BC optou por reforçar a mensagem de cautela na condução de política monetária uma vez que a inflação, no horizonte relevante, se mantém acima da meta da autoridade monetária.

De maneira geral, a postura mais cautelosa do Banco Central deve gerar um ambiente de menor volatilidade no mercado de juros e, quiçá, patamares menores de Selic terminal. Apesar do forte movimento de queda da curva de juros observado nas últimas semanas, entendemos que aqui, diferentemente dos EUA e da Europa, temos uma precificação de juros mais próxima do que deve ser a trajetória do Banco Central. Reconhecemos que existem fatores domésticos (mudança de taxações, por exemplo) que podem adicionar um viés de baixa da inflação em 2024, contudo, continuamos migrando nossa preferência pelos prefixados para os títulos indexados à inflação com vencimento no meio da curva.

Confira o cardápio de títulos de renda fixa recomendados nesta semana

Características da CDB IPCA+ do Banco Pan
Classificação de risco da instituiçãoStandard and Poor’s: A
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)21/06/2027 (1280 dias corridos)
Rentabilidade anualIPCA+ 5,55%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação15h
Características do CDB IPCA+ do Banco Daycoval
Classificação de risco da instituiçãoFitch: brAA
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Daycoval
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máximaR$ 2 milhões
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)21/12/2027 (1463 dias corridos)
Rentabilidade anual5,64%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação18h

Para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo, recomendamos apenas o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero.

Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira elétrica com certificação CNPI. Analista de renda fixa na Empiricus Research.