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Investimentos

Começando o segundo bimestre de 2024

Ontem, o S&P 500 alcançou novos patamares e renovou mais uma vez a máxima história; veja os destaques do mercado nesta sexta (1)

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Data de publicação
1 de março de 2024
Categoria
Investimentos
Imagem representando um investidor qualificado, mostrando uma pessoa vestida para trabalhar e fazer negócios. ruído sinal investidor mercado

Bom dia, pessoal. Iniciamos o segundo bimestre de 2024 depois de dois meses sobrevivendo a um cenário desafiador para os ativos dos mercados emergentes, uma tendência que parece se estender em março. As atenções continuam voltadas para as políticas de ajuste monetário do Federal Reserve, que dominam as discussões no ambiente financeiro. Enquanto os mercados europeus exibem uma abertura positiva para o mês, os Estados Unidos apresentam uma correção matinal.

No âmbito das notícias econômicas, destaque para a China, que reportou uma contração no Índice de Gerentes de Compras (PMI) industrial oficial de fevereiro, enquanto um indicador similar do setor privado indicou crescimento. Esta ambiguidade gerou um impacto geralmente otimista nos mercados asiáticos e impulsionou o ânimo em relação às commodities. Além disso, vale mencionar que a Bolsa brasileira ajustará seu horário de fechamento para as 17h a partir de 11 de março, coincidindo com o início do horário de verão nos Estados Unidos, e o período de negociações no after market ocorrerá das 17h30 às 18h.

A ver…

· 00:51 — Otimismo com o Brasil

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, elogiou ontem o Brasil por seu desempenho econômico acima das expectativas nos últimos anos. Esta visão reforça a discussão que temos mantido sobre o potencial do Brasil de continuar essa trajetória de crescimento, possivelmente alcançando uma expansão de 2% a 2,5% em 2024, superando as projeções iniciais de 1,5%. O país demonstra uma postura relativamente sólida em termos fiscais, ainda que este aspecto permaneça como uma vulnerabilidade. Importantes reformas foram implementadas, destacando-se a tributária, preparando o terreno para um aproveitamento eficaz das vantagens competitivas no cenário emergente da economia climática, abrindo portas para inovações industriais sustentáveis.

Contudo, permanecem preocupações quanto à política monetária, especialmente no contexto das decisões do Federal Reserve dos EUA. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil pode revisar sua estratégia de comunicação na próxima reunião, potencialmente abstendo-se de sinalizar cortes adicionais de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, refletindo uma cautela aumentada com a inflação e a incerteza sobre a trajetória dos juros americanos. A alteração da linguagem do comunicado do Copom, evitando referências a cortes futuros, parece ser uma medida prudente diante do cenário atual. Embora tal ajuste na comunicação possa gerar certa volatilidade no curto prazo, as ações brasileiras ainda apresentam um valor atraente, negociando a um múltiplo de preço sobre lucro de 10 vezes, abaixo do usual quando comparado à média histórica. Esta análise sugere que, apesar dos desafios, o mercado acionário brasileiro oferece oportunidades significativas para investidores.

· 01:46 — Digerindo um PCE em linha

Nos Estados Unidos, o mercado de ações alcançou novos patamares ontem, com o S&P 500 avançando 0,5% para estabelecer um recorde. A verdadeira sensação veio do Nasdaq Composite, que registrou seu primeiro pico desde novembro de 2021, marcando um aumento de 7,2% no acumulado do ano, após um salto de 0,9% na sessão de quinta-feira. Esta tendência de alta se estende pelos três principais índices, que exibiram ganhos superiores a 18% ao longo dos últimos quatro meses.

Essa escalada nos mercados ocorreu mesmo diante de intensas discussões sobre a inflação, que permanece um tema dominante. O índice de preços ao consumidor, que dá maior ênfase aos custos habitacionais em comparação ao PCE, que por sua vez é mais afetado pelos gastos com saúde, levou a diferentes interpretações dos dados inflacionários. Ainda assim, a leitura geral é de uma inflação caminhando gradualmente em direção à meta de 2% estipulada pelo Federal Reserve.

· 02:37 — A questão da imigração

A preocupação com a imigração nos Estados Unidos tem ultrapassado a economia como principal inquietude entre os cidadãos americanos. Este fenômeno é parcialmente atribuído a uma perspectiva econômica que se mostra cada vez mais otimista, sendo a imigração um componente significativo desse cenário. Conforme indicado por um relatório do Congressional Budget Office (CBO), o incremento na imigração irregular durante a administração de Joe Biden poderá resultar na adição de cerca de 1,7 milhões de trabalhadores até 2024, contribuindo para um crescimento econômico adicional de aproximadamente US$ 7 bilhões ao longo da próxima década.

No entanto, existem também aspectos negativos. A imigração ilegal tem pressionado os serviços sociais, incluindo aqueles em cidades governadas pelos democratas, conhecidas como “cidades-santuário”. A longo prazo, há preocupações de que os níveis geralmente mais baixos de qualificação desses migrantes possam impactar negativamente a produtividade e reduzir os salários em setores que demandam menos qualificações. Esse contexto tem levado a uma postura mais restritiva dos americanos em relação à imigração.

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· 03:23 — Pouso suave?

Os ministros das finanças dos países do G-20 estão cada vez mais convencidos da possibilidade de um pouso suave para a economia global, um cenário que sustenta o otimismo quanto à continuidade do bom desempenho dos mercados internacionais, com destaque para o mercado norte-americano. O índice S&P 500 registrou avanços em 15 das últimas 17 semanas, um feito raramente observado, tendo ocorrido apenas uma outra vez nos últimos cinquenta anos, em 1989, conforme apontado por especialistas do Deutsche Bank.

Se esta semana os mercados mantiverem a tendência positiva, estaremos diante de um marco histórico de sequências de ganhos não visto desde 1971. Esse ímpeto é em grande parte impulsionado pelo entusiasmo em torno da Inteligência Artificial, com a Nvidia já apresentando um aumento impressionante de cerca de 60% somente este ano. As ações das empresas líderes – Microsoft, Apple, Nvidia, Amazon, Google, Meta e Tesla, conhecidas como as “Sete Magníficas” – acumulam uma valorização superior a 13%.

Para efeito de comparação, o S&P 500 teve um aumento de 6,4% no acumulado do ano. Notícias ainda mais positivas, como a redução das taxas de juros ou a confirmação de um pouso suave para a economia, podem impulsionar ainda mais o mercado.

· 04:15 — A corrida pela África

Na Zâmbia, um palco de competição intensa se desenha com dois significativos projetos ferroviários emergindo, cada um representando o apoio de uma superpotência global: os Estados Unidos e a China, no epicentro da indústria de mineração de cobre desta nação da África Austral.

Por um lado, os EUA estão por trás do desenvolvimento do Corredor de Lobito, um ambicioso investimento de 2,3 bilhões de dólares destinado a revitalizar e expandir uma linha ferroviária preexistente que se estende até o porto do Lobito no Atlântico, iniciando na República Democrática do Congo e se estendendo por aproximadamente 800 quilômetros até alcançar a Zâmbia.

Por outro lado, a proposta chinesa recai sobre a renovação da emblemática linha ferroviária de Tazara, com um orçamento que ultrapassa a marca de bilhões de dólares, visando conectar-se ao porto de Dar es Salaam na Tanzânia. Ambos os projetos visam oferecer um canal de escoamento mais eficiente para os mercados globais do cobre e cobalto, recursos essenciais para a transição energética do planeta, encontrados abundantemente no Congo e na Zâmbia.

Este cenário evidencia uma nova dimensão da rivalidade geopolítica entre EUA e China, que agora se estende por outras regiões, marcando um capítulo de crescente competição estratégica. A esperança é que essa dinâmica também venha a beneficiar a América Latina, na medida em que a disputa por influência e acesso a recursos críticos se intensifica.

· 05:08 — E o rali continua

Bitcoin ultrapassou novamente a marca dos US$ 60.000 pela primeira vez desde novembro de 2021, impulsionado por um princípio fundamental da economia: a relação entre oferta e demanda. Este ano, a valorização do Bitcoin já superou 40%, aproximando-se do seu pico histórico de cerca de US$ 69.000. Este avanço se deve, em grande parte, ao sucesso do lançamento de uma série de ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos no último mês, levantando questionamentos sobre até onde esta tendência pode ir.