Investimentos

Mercado deve repercutir balanço do Santander (SANB11) e relatório de produção da Petrobras (PETR4) nesta terça-feira (29) – confira os destaques do dia

O dia está movimentado com a temporada de resultados, tanto no cenário doméstico quanto no internacional.

Por Matheus Spiess

29 out 2024, 09:05 - atualizado em 29 out 2024, 09:05

resultado trimestral Santander (SANB11)

Imagem: Divulgação

O dia está movimentado com a temporada de resultados, tanto no cenário doméstico quanto no internacional. O destaque fica por conta de uma das Big Techs, que divulgará seus números do terceiro trimestre, atraindo grande atenção dos investidores.

Além disso, começam a sair os dados da série de emprego nos EUA, com o relatório JOLTS de setembro, que detalha a abertura de vagas e a rotatividade da mão de obra. Embora o principal indicador do setor seja o payroll, previsto para sexta-feira, a publicação de hoje já deve ajudar a formar expectativas sobre o ciclo de cortes de juros nos EUA, que poderá ser menos profundo do que o inicialmente previsto.

Neste contexto, os futuros americanos operam sem direção definida nesta manhã, enquanto os mercados europeus exibem um tom majoritariamente positivo.

Na Ásia, o desempenho foi misto. O mercado japonês segue em alta, impulsionado pela fraqueza do iene, após o partido do primeiro-ministro Shigeru Ishiba perder a maioria parlamentar nas eleições de domingo. Na China, observamos uma leve recuperação nos dados do setor imobiliário, com os investidores aguardando uma nova rodada de estímulos, o que alimenta expectativas positivas para as commodities.

O petróleo, por exemplo, tenta uma recuperação nesta manhã após a queda de ontem. As criptomoedas também sobem, com o Bitcoin novamente superando os US$ 71 mil.

· 00:52 — Choque de credibilidade

No Brasil, a temporada de resultados traz hoje (29) os números do Santander (SANB11), abrindo a sequência de divulgações dos grandes bancos nesta semana. Os resultados vêm após o sólido relatório de produção e vendas da Petrobras (PETR4), que impulsiona as ADRs da petroleira no pre-market em Nova York.

Ainda assim, o foco principal dos investidores parece permanecer nos indicadores macroeconômicos, especialmente após mais uma piora nas expectativas do Boletim Focus divulgado ontem, que elevou as previsões de inflação do IPCA para 2024 e 2025 de 4,50% para 4,55% e de 3,99% para 4,00%, respectivamente. Em resumo, a projeção mediana para 2025 já indica uma inflação acima do teto da meta, reforçando a justificativa para o aperto monetário. 

Apesar disso, o mercado local começou a semana em alta, com o Ibovespa recuperando o patamar dos 131 mil pontos, impulsionado pela expectativa em torno das medidas de revisão de gastos, especialmente agora que o ciclo eleitoral municipal se encerrou.

Sem um choque de credibilidade nas contas públicas, investidores devem continuar precificando juros nominais acima de 13% em diversos pontos da curva e câmbio acima de R$ 5,70. Ainda que a performance fiscal deste ano, embora distante do ideal, deva ser mais positiva que o previsto no início de 2024 — com um déficit ajustado por fatores extraordinários, como créditos para o Rio Grande do Sul e combate a incêndios florestais, próximo a 0,3% do PIB, ligeiramente dentro da margem aceitável de 0,25% do PIB — prevalece o ceticismo quanto ao controle da dívida e ao cumprimento das metas entre 2025 e 2027 (e olha que tem uma eleição aí no meio).

Além disso, vale destacar que parte do ajuste fiscal verificado decorreu por conta da arrecadação, que subiu de 17,5% do PIB em 2023 para uma projeção de 18,4% para o final de 2024 — ainda abaixo da média entre 2005 e 2013, de 18,9%, e inferior ao percentual das despesas sobre o PIB, que supera 19%. Sem uma retórica mais forte em defesa da responsabilidade fiscal, combinada com medidas materiais de corte de gastos e sem novas desonerações, o tão necessário choque de credibilidade para reancorar as expectativas econômicas ainda parece apenas uma promessa no Brasil.

· 01:45 — Sob pressão

Nos EUA, o Dow Jones Industrial Average quebrou ontem uma sequência de cinco dias de perdas, enquanto o Nasdaq Composite subiu próximo de sua máxima histórica. Foi o terceiro maior fechamento da história para o índice de tecnologia, que agora se encontra apenas 0,4% abaixo do recorde alcançado em julho. O ânimo dos investidores foi impulsionado pela queda global nos preços de energia, já que o contra-ataque de Israel ao Irã no fim de semana evitou impactos nas instalações de produção e exportação, como era temido. Ainda assim, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano subiram novamente, com o rendimento das notas de 10 anos avançando 0,05 ponto percentual para 4,23%.

Essa pressão sobre os rendimentos reflete dois fatores principais: i) o “excepcionalismo americano”, com o crescimento da economia dos EUA superando as expectativas; e ii) o chamado “Trump Trade”, que precifica uma chance maior de vitória do republicano nas próximas eleições.

A semana também se intensifica no calendário econômico, começando com a divulgação da última Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra (JOLTS). A previsão é de uma leve queda nas vagas de emprego não preenchidas no último dia útil de setembro em relação a agosto, com uma estimativa de consenso de 7,9 milhões de vagas — cerca de 100 mil a menos que no mês anterior. Esse dado antecede outros importantes números sobre o mercado de trabalho americano, culminando no relatório de payroll de sexta-feira e na estimativa do PIB do terceiro trimestre. Com poucos sinais de desaceleração na economia, o modelo GDPNow do Federal Reserve Bank de Atlanta projeta uma taxa de crescimento anualizada de 3,3% para o trimestre, acima dos 3% registrados no segundo trimestre.

· 02:33 — Big Techs

Nos EUA, além dos indicadores econômicos, as atenções se voltam para os resultados das Big Techs, com os investidores acompanhando de perto o impacto da IA. Cinco das “Sete Magníficas” estarão entre as 181 empresas que apresentam seus lucros esta semana. A Alphabet (GOGL34) inaugura a sequência nesta terça-feira (29), seguida por Microsoft (MSFT34) e Meta (M1TA34) na quarta (30), e, finalmente, Apple (AAPL34) e Amazon (AMZO34) na quinta (31), fechando esta série de peso.

Juntas, essas gigantes representam quase 25% do S&P 500, que já subiu 40% no último ano e se encontra próximo do recorde de fechamento registrado no início do mês. No último ano, essas grandes empresas de tecnologia destinaram mais de US$ 150 bilhões em investimentos, com foco especial em IA, e os investidores estão ansiosos pelos resultados desses aportes.

Espera-se que o Magnificent 7 — grupo que inclui Nvidia (NVDC34) e Tesla (TSLA34)— apresente um crescimento médio de lucros de 18%, contrastando com menos de 1% de crescimento para o restante do S&P 500. Em julho, o desempenho das Big Techs foi misto, à medida que os investidores buscavam sinais de aceleração impulsionada pela IA.

Para atender a essa expectativa, as empresas estão incorporando IA em várias frentes, como pesquisa, nuvem e publicidade. No segundo trimestre, a Microsoft relatou que seu serviço Azure, em parceria com a OpenAI, adiciona cerca de 100 clientes por dia, e a empresa já investiu bilhões para possuir quase metade da OpenAI (apesar de um prejuízo projetado de US$ 5 bilhões para este ano).

Por sua vez, o Google revelou ganhos de bilhões alavancando IA em seu setor de nuvem, enquanto a AWS da Amazon — a maior provedora de serviços de nuvem — registrou um aumento de 19% na receita do segundo trimestre, chegando a US$ 26 bilhões, impulsionado pelo crescente entusiasmo em torno das integrações de IA. As expectativas estão altas.

· 03:28 — Menor chance de escalada

Os preços do petróleo tentam uma recuperação nesta manhã após a forte queda de ontem (28). No fim de semana, as tensões no Oriente Médio aumentaram com os ataques aéreos de Israel ao Irã, embora o impacto inicial no mercado tenha sido moderado. A calma relativa veio pelo fato de que o ataque israelense visou exclusivamente instalações militares, e não a infraestrutura de produção de petróleo, como inicialmente temido. Esse ataque era aguardado como resposta aos recentes ataques iranianos e elevou os receios de uma possível escalada no conflito. 

Desde os atentados do Hamas contra Israel em outubro do ano passado, há um temor crescente de que as tensões regionais evoluam para um confronto mais amplo entre potências diretamente ou indiretamente envolvidas. Autoridades americanas comentaram que os ataques israelenses foram calibrados para evitar áreas civis, enquanto Israel reforçou que não busca expandir o conflito. 

Embora o mercado tenha reagido com alívio ontem, ainda é cedo para descartar uma potencial escalada que poderia ameaçar o fornecimento global de petróleo, uma vez que o Irã é um dos grandes produtores e eventuais interrupções em seu abastecimento ou bloqueios no Estreito de Ormuz trariam impactos significativos ao mercado.

· 04:19 — Mais estímulos

A China está avaliando a aprovação de um pacote de estímulo de mais de 10 trilhões de yuans (aproximadamente US$ 1,4 trilhão) em novos empréstimos para os próximos anos, visando impulsionar sua economia e enfrentar os riscos de endividamento dos governos locais, conforme relatado por fontes da Reuters. Esse plano de estímulo pode ser formalizado durante a reunião do principal órgão legislativo da China, marcada para ocorrer entre 4 e 8 de novembro.

Do total, 60% seriam direcionados para emissão de dívidas nos próximos três anos, a partir de 2024, a fim de auxiliar governos locais na reestruturação de passivos fora do balanço. Os outros 40% financiariam a compra de terrenos e propriedades ociosas por governos regionais ao longo dos próximos cinco anos. Esse pacote não só busca revitalizar a economia fragilizada, mas também poderá ser reforçado em caso de uma vitória de Donald Trump nas próximas eleições nos EUA, o que poderia intensificar as pressões comerciais e geopolíticas sobre a China.

· 05:04 — Uma janela interessante para um segmento de FIIs…

Nos últimos anos, os fundos de crédito, especialmente os que possuem Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) como lastro, se consolidaram como uma escolha preferencial para investidores em Fundos Imobiliários (FIIs). Esse movimento foi impulsionado por um cenário favorável para o financiamento imobiliário e pela atratividade dos CRIs, que oferecem retornos competitivos e isenção de Imposto de Renda.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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