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Microsoft (MSFT34) vai divulgar resultado do 2º tri e Europa avança rumo à desinflação; confira os principais eventos desta terça-feira (30)

Brasil, EUA, Japão, e Reino Unido devem decidir suas políticas monetárias nesta semana, em meio à temporada de balanços do 2T24.

Por Matheus Spiess

30 jul 2024, 09:06 - atualizado em 31 jul 2024, 09:01

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Imagem: Unsplash

Bom dia, pessoal. Seguimos a semana com grande expectativa em relação às decisões de política monetária ao redor do mundo.

A ansiedade é elevada, especialmente considerando que também estamos na temporada de resultados do segundo semestre (2T24) e aguardando os dados de emprego nos EUA.

Há muito em jogo.

Para começar, recebemos hoje os dados de inflação de julho na Alemanha e na Espanha, que vieram em linha com as expectativas, continuando o processo de desinflação gradual observado nos últimos meses. Notavelmente, a extensão dessa desinflação é significativa: a inflação na Alemanha caiu mais de nove pontos percentuais em menos de dois anos, enquanto na Espanha a queda foi de mais de sete pontos percentuais. É um progresso considerável.

O índice de preços de lojas do Reino Unido é especialmente relevante, considerando a iminente decisão do BoE sobre um possível corte de juros. Os dados do PIB do continente europeu não trouxeram surpresas, indicando crescimento em várias regiões avaliadas, com exceção da Alemanha, que apresentou contração.

Os índices europeus iniciaram o dia em alta, reagindo positivamente à série de dados mencionados.

Esse movimento contrasta com o desempenho da maioria das ações asiáticas, que caíram nesta terça-feira (30), com os investidores ansiosos pelas decisões de política monetária no Japão e nos EUA. Os mercados chineses continuaram a ficar atrás de seus pares, com os índices locais atingindo mínimas de seis meses, devido às persistentes preocupações com uma recuperação econômica mais lenta.

A ver…

· 00:51 — “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.”

No Brasil, a semana começou com o Ibovespa em queda, encerrando a segunda-feira (29) abaixo dos 127 mil pontos. Esse recuo foi impulsionado principalmente pela baixa nas ações da Petrobras (PETR4), em reação à queda nos preços do petróleo, e nas varejistas, que são particularmente sensíveis às oscilações na curva de juros, a qual registrou aumento nos prêmios em diferentes maturidades ao longo do pregão.

Nesse contexto, a temporada de resultados segue intensa, destacando-se a análise do recente relatório de produção e vendas da Petrobras, que resultou em um leve aumento nas ADRs da empresa em Nova York.

No âmbito dos dados econômicos, a agenda desta semana inclui o IGP-M de julho, os dados de emprego do Caged e os detalhes adicionais sobre os cortes de R$ 15 bilhões em gastos públicos para 2024, que devem ser oficializados via decreto no final do dia.

Este decreto especificará quais órgãos sofrerão os bloqueios, totalizando R$ 11,2 bilhões para adequação ao teto de despesas, além de um contingenciamento adicional de R$ 3,8 bilhões para alcançar a meta de déficit de 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões). Segundo o que foi divulgado, todas as pastas serão afetadas pela contenção.

Não há expectativa de que importantes reformas, como a administrativa ou a previdenciária, ocorram neste governo, embora ambas sejam essenciais. Por exemplo, a política de Lula para o salário mínimo já compromete mais da metade dos benefícios projetados pela reforma da Previdência de Paulo Guedes. Ainda assim, diante da delicada situação fiscal do país, novas contenções orçamentárias serão inevitáveis.

Na última segunda-feira, o setor público consolidado registrou um déficit primário de quase R$ 41 bilhões em junho, o maior para o mês desde 2023. Além disso, a dívida bruta do governo federal, como proporção do PIB, aumentou para 77,8%, contra 76,7% em maio e 74,4% em dezembro do ano passado. Se essa tendência não for revertida, as expectativas econômicas continuarão desancoradas, resultando em juros mais altos e um câmbio mais depreciado.

· 01:45 — Ansiedade

Nos EUA, os principais índices de ações tiveram uma segunda-feira (29) volátil, refletindo a ansiedade dos investidores que pode perdurar devido ao intenso fluxo de notícias desta semana. A partir desta terça-feira, os próximos dias trarão resultados de quatro das seis maiores empresas: Microsoft (hoje), Meta Platforms (quarta-feira), e tanto Apple quanto Amazon (quinta-feira).

Embora esses resultados sejam importantes, a atenção dos investidores estará voltada principalmente para as declarações das empresas sobre o futuro da inteligência artificial (IA) e os gastos relacionados a essa indústria. Na semana passada, a Alphabet, controladora do Google, apresentou resultados sólidos, mas os investidores ficaram preocupados com os altos gastos de capital relacionados ao desenvolvimento de IA.

Além da temporada de resultados, hoje também será divulgada a Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra (JOLTS), que inaugura a série de dados sobre o mercado de trabalho americano. A estimativa de consenso é de 8 milhões de vagas de emprego no último dia útil de junho, 140 mil a menos que em maio.

A sequência de dados será concluída na sexta-feira (2) com o relatório de payroll de julho, considerado o mais importante da semana. Outros dados relevantes incluem o Índice Nacional de Preços de Imóveis Case-Shiller para maio e o Índice de Confiança do Consumidor para julho. Com base nessas informações, a expectativa é que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, possa sinalizar na quarta-feira a possibilidade de um corte de juros em setembro.

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· 02:36 — E as demais reuniões de política monetária?

Além do Brasil e dos EUA, outros dois países também se reúnem para definir política monetária nesta semana: Japão e Reino Unido. Especificamente sobre os britânicos, o Bank of England (BoE) deve alertar os investidores para não esperarem uma série de cortes consecutivos nas taxas, mas sim iniciar o ciclo de flexibilização com um corte de 25 pontos-base.

A reunião ocorrerá na quinta-feira (1º de agosto), marcando a primeira redução de juros desde a pandemia. É provável que o BoE adote uma abordagem semelhante ao Banco Central Europeu (BCE), conduzindo um ciclo de queda de juros de forma gradual, intercalando cortes marginais e pausas temporárias.

Paralelamente ao corte de taxa, a decisão do Banco da Inglaterra de reforçar as ferramentas de gestão de liquidez para as principais instituições financeiras fez alguns participantes do mercado especularem que o banco central poderia manter ou até acelerar seu plano de vendas de ativos (aperto quantitativo).

Recentemente, havia a expectativa de que o BoE diminuísse o ritmo das vendas de títulos para evitar desestabilizar os mercados, especialmente após um aumento no uso de suas operações de liquidez nas últimas semanas. No entanto, o mercado agora espera que o BoE continue com os planos existentes ou até aumente o ritmo das vendas de títulos, atualmente em 100 bilhões de libras esterlinas por ano.

· 03:22 — Os movimentos do petróleo

O preço do petróleo voltou a cair na manhã de hoje, após fechar ontem com uma correção de 1,52% no contrato Brent para outubro, atualmente sendo negociado abaixo de US$ 79 por barril. Esse movimento de queda ocorreu apesar dos alertas de risco de escalada de tensões com o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã no Líbano.

O governo de Israel está avaliando uma resposta a um ataque de foguetes do Líbano ocorrido no fim de semana, que resultou na morte de 12 jovens nas Colinas de Golã. Esse ataque aumentou as preocupações sobre um conflito regional mais amplo, o que poderia elevar os preços do petróleo.

A queda contínua do petróleo para o menor nível em sete semanas, mesmo com as tensões geopolíticas, reflete a volta das preocupações sobre uma demanda mais fraca no futuro, especialmente na China. Nem mesmo a notícia de que a Casa Branca comprará quase 5 milhões de barris de petróleo para reabastecer suas reservas conseguiu alterar essa tendência.

Além disso, há uma ansiedade pela reunião da Opep+ na quinta-feira (1º de agosto), que provavelmente manterá os níveis de produção já acordados. Um enfraquecimento da atividade econômica sem novos cortes de produção é compatível com preços mais baixos do petróleo, o que é desfavorável para alguns mercados emergentes, como o brasileiro.

· 04:18 — Nova estratégia para o Ártico

O derretimento do gelo do Ártico está incentivando uma maior presença militar na região, envolvendo não apenas os EUA e o Canadá, mas também a Rússia e a China. Em resposta, o Pentágono adotou uma nova estratégia para o Ártico que inclui a cooperação com aliados e o fortalecimento da capacidade de defesa. Essa estratégia abrange novas iniciativas de vigilância, reconhecimento e comunicações, além de treinamento específico.

Com o derretimento do gelo e a abertura de novas rotas de navegação, bem como o surgimento de potenciais vulnerabilidades de defesa, os países estão monitorando a região de perto e buscando assegurar sua influência e controle. Vale destacar que as potências do Ártico têm disputado essa área há anos.

Recentemente, os EUA assinaram um plano de cooperação para o Ártico com o Canadá e a Finlândia, que enfatiza a importância da construção de quebra-gelos. Este pacto acompanha um esforço de segurança canadense que prevê um aumento significativo nos gastos com defesa, com o objetivo de atingir a meta de 2% do PIB em gastos militares, conforme estipulado para cada membro da OTAN, na próxima década. A enxurrada de notícias sobre a defesa do Ártico provavelmente continuará.

· 05:09 — E a rotação setorial deve continuar

Depois da recente rotação setorial das últimas semanas,  em que o Nasdaq 100 se aproximou do território técnico de correção (queda de 10%), as grandes empresas de tecnologia voltaram a subir no início desta semana, enquanto as small caps enfrentaram dificuldades.

Nesse contexto, os resultados financeiros iminentes de gigantes como Microsoft (MSFT34), Meta (M1TA34), Apple (AAPL34) e Amazon (AMZO34) se tornam extremamente importantes, especialmente após um começo fraco na temporada de balanços das megacaps.

Surge então a pergunta: será este o fim do tão falado “rotation trade”?

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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