Investimentos

Grupo SBF (SBFG3) mostra plano consistente para crescimento de lucro, geração de caixa e desalavancagem em 2024 e 2025

A visão interna da varejista é que o lucro e o Ebitda reportados em 2023 estão muito longe do patamar alcançável; queda na ação é infundada

Por Henrique Cavalcante

17 abr 2024, 12:21 - atualizado em 17 abr 2024, 12:21

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Imagem: Divulgação/Centauro/Marcelo Pereira

Na última sexta-feira (12), conversamos com o time de Relações com Investidores do Grupo SBF para atualizar nossas perspectivas para a companhia, assim como entender o seu momento atual. Saímos com uma visão positiva em relação ao plano para alcançar as metas de 2024 e 2025: crescimento de lucros, geração de caixa consistente e desalavancagem. 

Após um período de crescimento expressivo de receita e de ajustes necessários para comportar o novo patamar de faturamento da companhia, que multiplicou por três depois do início da operação da Fisia, o Grupo entra agora em uma nova fase, com foco na rentabilidade. A visão interna é que o lucro e o Ebitda reportados em 2023 estão muito longe do patamar alcançável. 

É hora de recompor preços na Fisia (dona da Nike Brasil)

Esse caminho deverá ser trilhado principalmente através da recomposição de preços na Fisia, que visa elevar a margem bruta do negócio. No segundo semestre do ano passado, para ajustar o nível elevado dos estoques, a companhia aumentou de forma expressiva os descontos aplicados nos produtos da Nike.

Agora, com o estoque em um nível saudável e as compras realizadas para esse ano ajustadas — reduzindo a probabilidade de novos problemas relacionados à superestocagem — o momento será de recompor preços. 

Esperamos que isso ocorra de forma gradual, pois, embora uma queda nos volumes devido ao aumento de preços seja esperada, é prudente fazer o movimento de forma suave para avaliar a sensibilidade da demanda ao preço e ajustar a estratégia conforme necessário. Assim, nossa expectativa é visualizar melhorias sequenciais trimestre a trimestre na margem bruta ao longo do ano. 

Menos despesas, mais margem Ebitda no Grupo SBF

Há também outras alavancas que podem impulsionar o lucro em relação aos últimos anos. Conforme comentamos em nossa leitura sobre os números do 3T23, a SBF reduziu significativamente as despesas operacionais como percentual da receita líquida no segundo semestre de 2023.

Esses ajustes, que passam por um quadro de pessoal mais enxuto e conclusão da migração do CD (Centro de Distribuição) da Fisia para operação própria, devem permear ao longo deste ano, contribuindo para expansão da margem Ebitda do negócio e, consequentemente, da margem líquida. 

Além disso, existem oportunidades também dentro do capital de giro, principalmente nos estoques. Apesar de retornarem ao patamar almejado no 4T, a conclusão do CD da Nike e outras iniciativas internas para elevar a eficiência da operação podem aumentar o giro dos estoques e, consequentemente, a geração de caixa. 

Queda de juros e menos despesas devem reduzir a alavancagem de SBF

Por último, com um endividamento estável e a Selic Média menor este ano após os cortes de juros do BC, as despesas financeiras devem pressionar menos o resultado operacional.

Colocando todas essas alavancas juntas, a expectativa da companhia é, além do crescimento de lucros, reduzir a alavancagem financeira para zero vezes Dívida Líquida/Ebitda até o final de 2025. 

Nossa leitura é positiva para o plano de ação da companhia. Buscar eficiência parece ser o caminho mais adequado após o forte crescimento desde 2021, ainda mais em um momento em que o varejo ainda está em processo de recuperação. 

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Capex controlado e foco em geração de caixa

Dito tudo isso, o Grupo deve apresentar um crescimento de receita menor nos próximos 2 anos. Além do aumento de preços, a ideia é abrir poucas lojas, tanto em Centauro como na Fisia, implicando em um Capex controlado e priorização da geração de caixa. 

O risco do plano, claro, é o efeito preço no volume ser muito maior do que o planejado pela companhia. Acompanharemos a história trimestre a trimestre. Mas, o poder de marca da Nike, que é Top of Mind Global, e a qualidade que enxergamos na capacidade dos executivos à frente do negócio, nos traz maior tranquilidade.

Referente à queda acentuada nos últimos dias, não encontramos razões ligadas ao negócio que a justifiquem. Acreditamos que o movimento esteja relacionado com a aversão a risco generalizada e, que, a queda mais acentuada em SBF, seja devido a performance bem superior da ação em relação aos pares no ano, até aquele momento. Nossa tese segue a mesma. 

O Grupo SBF (SBFG3), negociando a atrativas 8 vezes os seus lucros para este ano em nossas projeções, continua sendo recomendado.

Sobre o autor

Henrique Cavalcante

Economista e pós-graduando em Finanças Corporativas pelo Insper, é Analista de Ações na Empiricus desde 2021 e possui a certificação CNPI. Integra as equipes das séries As Melhores Ações da Bolsa e Carteira Empiricus, cobrindo empresas de diferentes setores da economia. Possui experiências anteriores em áreas financeiras na PepsiCo e Santander.

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