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Mercado inicia segunda (18) de olho na quarta (20): veja o que esperar das reuniões de política monetária do BC e do Fed

Além das reuniões do Banco Central do Brasil e do Fed, Banco da Inglaterra e Banco do Japão também decidirão política monetária na semana; saiba mais

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Data de publicação
18 de setembro de 2023
Categoria
Investimentos
Imagem do globo terrestre, com destaque para porção territorial brasileira que está dourada. Há moedas e notas de dinheiro brasileiro cercando a terra em alusão à política do mundo política monetária fed banco central bc reunião mercados

Bom dia, pessoal. Após uma semana impulsionada pela nova onda de estímulos na China visando atingir um crescimento do PIB de 5% neste ano, os investidores agora estão voltando sua atenção nos próximos dias para as discussões de política monetária em todo o mundo. Haverá reuniões do Banco Central do Brasil, do Federal Reserve (EUA) e do Banco da Inglaterra (Reino Unido). Enquanto a autoridade brasileira provavelmente continuará com o processo de flexibilização da taxa de juros, os outros responsáveis internacionais podem estar se aproximando dos últimos momentos deste ciclo de aperto monetário, seguindo o que foi feito recentemente na Zona do Euro na semana passada.

Os mercados asiáticos não apresentaram uma única direção nesta segunda-feira, encerrando o dia predominantemente em queda. O volume de negociações foi mais fraco devido ao mercado fechado no Japão em razão de um feriado. Na Europa, a semana começa com quedas, enquanto os futuros americanos estão subindo de forma moderada. Nos bastidores, o preço do barril de petróleo continua sendo um foco para os investidores, com o petróleo Brent ainda mantendo-se acima dos 90 dólares por barril. A situação hoje, entretanto, é um pouco diferente do início da guerra na Ucrânia em 2022, refletindo desta vez o impacto dos cortes da Opep+ e, mais recentemente, os estímulos chineses.

A ver…

· 00:48 — Mais um corte de 50 pontos vem aí

No Brasil, depois de uma primeira semana inteiramente positiva após o caótico mês de agosto, os investidores estão atentos à “Super Quarta”, que inclui a decisão de política monetária no Brasil e nos EUA. E não para por aí. A quinta-feira reserva um dia para o Banco da Inglaterra, enquanto na sexta-feira é a vez do Banco do Japão. Estamos centrando nossa discussão na política monetária. Contudo, em contraste com as demais decisões, o Brasil provavelmente seguirá seu ritmo de redução dos juros, planejando baixar a Selic em mais 50 pontos-base, atingindo os 12,75% ao ano.

A decisão começa a ser delineada amanhã, na terça-feira, e será divulgada somente após o fechamento do mercado na quarta-feira. O aspecto crucial não reside apenas na redução das taxas de juros, mas no comunicado da autoridade monetária, que pode sinalizar uma abertura maior ou menor para um corte de 75 pontos ainda em 2023. É claro que o recente IPCA foi um dado favorável para acelerar o ritmo de redução. Até então, a situação era desafiadora, com dados de atividade robustos, questões fiscais e preocupações sobre importantes impulsores da inflação.

· 01:36 — E os EUA?

Nos Estados Unidos, a política monetária será um ponto focal durante a semana. O Comitê Federal de Mercado Aberto deverá concluir sua reunião de dois dias na quarta-feira. Os mercados de futuros estão predominantemente apostando que não haverá alterações na taxa dos fundos federais, que atualmente está entre 5,25% e 5,50%. No entanto, no comunicado que acompanha a decisão e durante a coletiva de imprensa com Jerome Powell, presidente do Fed, poderemos observar um tom mais assertivo, em grande parte devido ao relatório de inflação mais robusto do que o previsto para agosto.

A decisão de não aumentar a taxa nos próximos dias não significa o fim do ciclo de aperto monetário. Na verdade, muitos ainda esperam um aumento de 25 pontos-base, mas apenas na próxima reunião. Além disso, pode-se prestar mais atenção ao Resumo das Projeções Econômicas atualizado pelos responsáveis da Fed. Não apenas isso, a semana também pode testemunhar algum drama adicional no cenário político, à medida que a contagem regressiva continua em direção a uma possível paralisação do governo em 1º de outubro. Os problemas estão se acumulando no cenário fiscal americano.

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· 02:32 — As movimentações chinesas

Os investidores estão começando a ponderar a realização de uma reunião presencial entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping. Esse encontro poderia se concretizar ainda este ano, em meio à crescente preocupação do mercado em relação ao setor imobiliário chinês. Em relação a esse setor, a incorporadora Country Garden enfrenta dois desafios significativos nesta semana: um prazo inicial para pagar os juros dos títulos em dólares e o término da votação dos credores sobre seu pedido de extensão do pagamento de uma nota em yuan.

A situação é extremamente delicada, com os investidores equilibrando-se em uma corda bamba entre a estabilidade e a possibilidade de um colapso generalizado no setor. Na Ásia, com o mercado japonês fechado, a maioria das principais bolsas da região encerrou o dia em queda. Hong Kong, que liderou as perdas, sentiu uma pressão especial nos papéis do setor imobiliário. Isso ocorreu logo após a prisão, em Shenzhen, de funcionários do setor de gestão de patrimônio da gigante Evergrande.

· 03:25 — O Dia D da diplomacia global

A Assembleia Geral anual da ONU em Nova Iorque reúne chefes de estado e diplomatas de alto escalão para enfrentar uma série de crises globais. Desde a guerra em curso na Ucrânia, que já se estende por mais de dois anos e meio, até a persistente crise climática enfatizada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

No entanto, em um momento de crescente fragmentação geopolítica, surge a questão: será que o Secretário-Geral conseguirá garantir que centenas de países membros concordem sobre o que precisa ser feito? É uma incerteza. O presidente brasileiro, Lula, retornará à Assembleia Geral após 14 anos desde seu último discurso. Sua intenção é direcionar o foco para a agenda dos países em desenvolvimento, aproveitando a oportunidade para reafirmar que o Brasil está recuperando sua posição no cenário internacional.

· 04:19 — A grama do vizinho nem sempre é mais verde

A situação econômica da Argentina está se tornando cada vez mais desafiadora, especialmente após o candidato libertário radical, Javier Milei, surgir como o favorito surpreendente nas primárias presidenciais. As pesquisas recentes indicam a possibilidade de um segundo turno, com Milei liderando. Sua proposta radical inclui a dolarização da economia e a abolição do banco central, uma ideia considerada bastante heterodoxa.

O sucesso inicial de Milei causou um impacto significativo nos mercados, levando o ministro da Economia, Sergio Massa, que também é candidato à presidência, a desvalorizar a taxa de câmbio do peso. Isso agravou a já crescente inflação e obrigou um aumento das taxas de juros para 118%.

A Argentina enfrenta uma hiperinflação, com os preços subindo em média 6% ao mês. O êxito de Milei nas primárias aumentou os receios sobre uma possível dolarização iminente, levando os argentinos sem acesso a dólares a buscar desesperadamente adquiri-los nas ruas, resultando em uma desvalorização adicional do peso. A taxa de câmbio oficial peso-dólar agora é de 350 pesos por dólar, enquanto no mercado paralelo é de 665 pesos por dólar, representando uma queda de quase 10% em relação ao valor anterior às primárias.

Sem medidas para conter novas desvalorizações, o governo argentino corre o risco de enfrentar uma crise financeira. No entanto, a proposta radical de Milei dificilmente parece ser a solução para os problemas causados pelos peronistas.