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Day One

Se estiver com febre, não use o termômetro

Sexta-feira. Temperatura de 21 graus na Faria Lima. Uma temperatura bastante confortável, dentro da faixa recomendada para ambientes de trabalho. Entretanto, vivendo em São Paulo, já me acostumei a deixar um guarda-chuva de emergência no carro. Nunca se sabe se um dia que amanhece ensolarado terminará com pancadas de chuva. É até uma ironia que […]

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Data de publicação
8 de julho de 2022
Categoria
Day One

Sexta-feira. Temperatura de 21 graus na Faria Lima.

Uma temperatura bastante confortável, dentro da faixa recomendada para ambientes de trabalho.

Entretanto, vivendo em São Paulo, já me acostumei a deixar um guarda-chuva de emergência no carro. Nunca se sabe se um dia que amanhece ensolarado terminará com pancadas de chuva.

É até uma ironia que a sede da B3 esteja por aqui. Afinal, a Bolsa brasileira é bastante conhecida por seus “chacoalhões”.

Isso vale principalmente para os últimos três anos, em que o Ibovespa atingiu patamares de 64 mil e de 130 mil pontos.

Ainda hoje, seguimos com uma expectativa incerta do que esperar desse índice que é tido como o “termômetro” da Bolsa brasileira.

Mas será que esse é o termômetro ideal para avaliar a saúde do mercado?

De acordo com os dados da B3 do fechamento de junho, de 91 empresas presentes no Ibovespa, os setores financeiro e de commodities representavam quase dois terços do índice – dinâmica que, historicamente, se mantém.

Entretanto, esses não foram (nem de longe) os setores que mais caíram nos últimos 12 meses, apesar de serem os mais relevantes.

As empresas do setor de tecnologia dentro do índice, que representam menos de 1% dele, caíram 63% no mesmo período. Enquanto isso, a Petrobras – segunda maior posição do índice – teve uma alta de cerca de 47%.

Isso ajuda a explicar por que o Ibovespa caiu 21% nos últimos 12 meses, enquanto diversos fundos de ações, que normalmente não possuem essa concentração nesses setores, caíram o dobro no período.

Assustados com tais quedas, tanto de forma absoluta quanto em relação ao índice, os investidores tentaram se “automedicar”, o que levou a um movimento acelerado de resgates de fundos de ações desde o fim do ano passado.

O mês de junho marcou o décimo mês seguido desses resgates, completando cerca de R$ 56 bilhões em saídas nessa sequência.

Esses investidores acabam indo em direção contrária à de grandes casas de ações, como a Dynamo e a Atmos, que, como profissionais lendários na indústria, são capazes de distinguir uma febre passageira de uma doença mais grave. Exatamente por isso, essas casas fizeram reaberturas pontuais de seus fundos neste ano – o que sinaliza ao mercado um momento de oportunidades.

Afinal, o nome do jogo aqui é paciência. Como diria nosso querido velhinho: “o mercado financeiro é uma máquina que transfere dinheiro dos impacientes para os pacientes”. E sua saúde vai muito bem, obrigado.

Além de acompanharem esses renomados gestores, nesta semana, os assinantes do Melhores Fundos  receberam um relatório com uma atualização de três grandes gestoras brasileiras e que possuem uma estratégia de ações com foco em uma filosofia “private equity”.

Aqui o foco é ainda mais de longo prazo.

O mercado está doente e somente o tempo pode curá-lo. Um termômetro quebrado e a tentativa de se automedicar somente atrapalharão o processo de recuperação dos investidores.

Portanto, diga adeus ao “termômetro” (do mercado somente!), faça um bom chá e espere essa febre passar. Pois ela passa.

Um abraço,

Alexandre Alvarenga

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Alexandre Alvarenga