Antes de sermos pequenos ou grandes, somos investidores
No largo período entre 1965 e 2017, Warren Buffett conquistou retornos médios de +20,9% ao ano com sua empresa de participações, enquanto os retornos do […]
No largo período entre 1965 e 2017, Warren Buffett conquistou retornos médios de +20,9% ao ano com sua empresa de participações, enquanto os retornos do mercado americano ficaram em +9,9%.
Isso é raríssimo.
Buffett simplesmente atropelou o S&P 500.
Não significa que possamos imitá-lo, mas sempre dá para aprender alguma coisa com o bom velhinho.
No entanto, alguns financistas invejosos preferem amaldiçoá-lo com desconfianças, pregando que, em vários dos últimos anos, Buffett simplesmente entregou o retorno do S&P 500.
Em 2012, Buffett fez +16,8% contra +16,0% da Bolsa americana.
Em 2013, o placar ficou em +32,7% versus +32,4%.
Em 2017, a diferença entre +21,9% e +21,8% se deu pela margem mínima.
Será que o encanto acabou?
A nossa música nunca mais tocou?
Não contentes em malfadar o maior investidor do mundo, os invejosos vieram também com uma justificativa apocalíptica.
Quando o patrimônio ainda era pequeno, Buffett tinha a vantagem da agilidade, e conseguia passar uma rasteira no mercado.
Agora que ficou grande, porém, confunde-se com o próprio mercado; não consegue se mexer despercebido.
Sem ignorar certo ônus ligado ao tamanho, quero levantar aqui a hipótese doutro motivo que mais interessa a nós que somos investidores, muito antes de sermos pequenos ou grandes.
Por que se dar ao trabalho – praticamente impossível em bases disciplinadas – de bater um mercado que sobe +16,0%, +32,4% ou +21,8%?
Devidamente calçado com as sandálias da humildade (essa é sua principal virtude), Buffett percebeu que, às vezes, o melhor que você tem a fazer é abraçar o mercado.
Quando a Bolsa sobe forte, fique satisfeito em “meramente” pegar carona.
Quando a Bolsa anda de lado ou naufraga, mostre seu valor próprio ao evitar o pior.
Os gênios das finanças seguem o mercado durante a parte boa do tempo e destoam durante a parte ruim.
E, acredite: isso é o máximo que eles podem fazer.
Se eles acertarem muito e errarem pouco ao longo da vida, terão alcançado exatamente esse tipo de payoff.
Não existem investidores capazes de bater o índice quando ele vai bem e também bater quando ele vai mal… aliás, até existem, por períodos breves, mas nunca através de décadas.
Se você trocar passes laterais durante a maior parte do jogo, com segurança, valorizando a posse de bola, bastarão uns poucos lances de sorte ou brilhantismo para colocá-lo em vantagem ao longo dos anos.
Isso é Tite e, sobretudo, Guardiola.
A ambição medida vale muito e a ambição desmedida vale zero.