Investimentos

Selic é mantida em 10,5% ao ano e mercado deve reagir à notícia nesta quinta (20)

Taxa básica de juros se mantém inalterada após decisão unânime do Copom na reunião e ontem (19).

Por Matheus Spiess

20 jun 2024, 08:51 - atualizado em 20 jun 2024, 08:51

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. O mercado local deverá digerir ao longo do pregão a decisão do Banco Central de manter inalterada a taxa básica de juros, anunciada na noite de ontem. Esse movimento deverá ser bem recebido pelos investidores locais, embora a reação do governo ainda gere certa preocupação.

No cenário internacional, o dia deverá ser mais líquido com o retorno dos EUA após o feriado, embora a agenda por lá não seja muito movimentada, incluindo apenas falas de autoridades monetárias, pedidos de auxílio-desemprego e estoques de petróleo.

Na Europa, a atenção se volta para duas importantes decisões de política monetária.

Já na Ásia, os mercados apresentaram direções mistas no pregão desta quinta-feira, após a autoridade monetária chinesa manter os juros em 3,45%. O minério de ferro registra queda, enquanto o petróleo apresenta alta, pelo menos por enquanto.

A ver…

· 00:58 — Firme e unânime, como era preciso que fosse

Por aqui, o mercado reagiu positivamente ontem à expectativa de uma decisão unânime e conservadora do Banco Central.

Como resultado, o Ibovespa recuperou os 120 mil pontos em um dia de menor liquidez devido ao feriado nos EUA. Conforme esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 10,50% ao ano.

O mais significativo, porém, foi a unanimidade na decisão e o tom pragmático e austero do comunicado, que deve ser interpretado como bastante “hawkish“. Isso é essencial para ajudar a reconquistar a confiança perdida desde maio.

A decisão de ontem vai além da simples inflação corrente. Está ligada à crise fiscal local, ao desalinhamento das expectativas de inflação futura e ao cenário internacional incerto. Embora fundamental, esta decisão é apenas um pequeno passo na direção correta.

Muitos outros passos ainda precisam ser dados. O que preocupa é a reação do governo.

Haverá muitas críticas, como o PT já começou a fazer desde a desastrosa entrevista de Lula na terça-feira.

Aliás, a própria equipe econômica do governo considera que a crítica de Lula a Campos Neto foi inoportuna e causou turbulência.

A questão agora é se Lula continuará a confiar nos diretores que indicou até agora ou se optará por nomear pessoas que se submeteriam a ele nas próximas reuniões. Esta é uma dúvida válida e preocupante, em especial para a cadeira de presidente do BC.

O ideal seria que ele mantivesse a confiança nos atuais diretores, mas, considerando o sentimento revanchista do presidente, não há como ter certeza. A decisão de ontem provavelmente será bem recebida pelo mercado hoje.

No entanto, nas próximas semanas, outros passos precisam ser dados, especialmente na questão fiscal, que continua sendo crucial para restaurar a estabilidade das expectativas locais.

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· 01:52 — Outras preocupações

Como venho destacando há algum tempo, a recente decisão do Banco Central de manter a taxa de juros inalterada, embora essencial, não resolve os complexos problemas fiscais do país.

Atualmente, o governo está revisitando um instrumento financeiro antigo, a Desvinculação das Receitas da União (DRU). Introduzida em 1994 como “Fundo Social de Emergência”, a DRU permitia ao governo realocar até 20% das receitas destinadas a setores como saúde, educação e previdência para outras áreas necessitadas.

Essa estratégia surgiu no contexto do Plano Real, quando o orçamento federal era altamente restrito e desequilibrado por alocações fixas.

Agora, o governo considera reativar a DRU ou criar uma ferramenta similar como parte de um conjunto mais amplo de propostas em desenvolvimento pelos técnicos. O objetivo dessas propostas é alcançar o déficit zero até 2025 e realizar um ajuste estrutural nas despesas do orçamento.

Essas medidas precisarão da aprovação dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, antes de avançarem. Retomar a DRU ou adotar uma medida análoga seria um passo positivo. No entanto, está claro que outras ações também serão necessárias.

Esses pontos adicionais devem ser definidos nas próximas semanas, paralelamente à elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, que deve ser enviado ao Congresso Nacional até 31 de agosto.

· 02:35 — Novos membros do BRICS+

No final de semana, a Tailândia enviou uma carta oficial à Rússia, expressando a intenção de Bangkok de aderir à aliança BRICS+, que nos últimos anos tem sido vista como um fórum antiocidental.

Embora a Tailândia tenha o estatuto de grande aliado não pertencente à OTAN dos Estados Unidos, o país espera que a adesão ao grupo, liderado pela China e pela Rússia, ajude a desempenhar um papel mais ativo na cooperação com o Sul Global.

A questão pode não ser resolvida até a próxima cúpula dos BRICS, em outubro, mas a candidatura tailandesa deverá ser bem-sucedida.

Washington, por sua vez, não parece muito preocupada. Afinal, apesar das ambições de tirar o dólar da posição dominante no comércio internacional e alinhar o Sul Global com objetivos políticos mútuos, os BRICS enfrentam dificuldades em transformar suas palavras em ações.

O grupo nem sequer possui um secretariado permanente para coordenar suas atividades, e seus membros frequentemente discordam. Mesmo assim, o BRICS+ tem se expandido.

Em janeiro, novos membros como Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos se juntaram ao grupo.

Atualmente, a fragilidade dos BRICS+ torna a adesão uma estratégia de baixo risco com algumas vantagens potenciais.

O presidente Lula, por sua vez, declarou que apoiará a candidatura da Turquia ao grupo.

Este compromisso foi feito durante um encontro bilateral à margem da mais recente cúpula do G7, na Itália. Essa candidatura pode incomodar um pouco mais os americanos…

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· 03:21 — Manteve, cortou e manteve

Na Europa, todas as atenções estão voltadas para a reunião de hoje do Banco da Inglaterra. A decisão acaba de ser anunciada, e conforme esperado, a autoridade monetária manteve a taxa de juros inalterada em 5,25%, o nível mais alto dos últimos 16 anos.

A convocação de eleições pelo primeiro-ministro Rishi Sunak há três semanas praticamente eliminou a possibilidade de um corte nas taxas de juros.

Os dados de inflação divulgados na quarta-feira reforçaram a ideia de esperar mais algumas semanas para observar a direção das pressões inflacionárias.

Sete dirigentes votaram pela manutenção da taxa em 5,25%, enquanto dois votaram por um corte.

Enquanto isso, na Suíça, a autoridade monetária do país reduziu a taxa de juros básica pela segunda vez consecutiva, de 1,5% para 1,25% ao ano.

Segundo o Banco Central, a pressão inflacionária subjacente diminuiu novamente em relação ao trimestre anterior, justificando a redução.

Por fim, na Noruega, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 4,5% e reiterou que esse patamar deve ser mantido até pelo menos o final de 2024, devido à expectativa de que o forte aumento dos salários mantenha a inflação elevada.

É interessante observar como o movimento de corte de juros não é uniforme entre os países desenvolvidos.

· 04:17 — Novidades militares

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, comprometeu-se a apoiar incondicionalmente a Rússia em sua invasão da Ucrânia durante conversas com o presidente Vladimir Putin em Pyongyang.

Na quarta-feira, os dois líderes assinaram um acordo de assistência mútua em caso de ataque. O eixo de oposição aos EUA se fortalece cada vez mais.

Simultaneamente, o presidente chinês, Xi Jinping, convocou uma reunião especial com as forças armadas do país, apelando para uma reflexão profunda e um compromisso com a lealdade, além de combater a corrupção nas maiores forças armadas do mundo.

Nos últimos anos, incluindo 2024, o investimento no exército chinês tem aumentado continuamente. Mantido esse ritmo, eles terão um aparato militar altamente avançado na próxima década.

· 05:09 — Em cima das redes sociais

A principal autoridade de saúde dos EUA está solicitando ao Congresso a aprovação de uma legislação que exija a inclusão de advertências nos aplicativos de mídia social, afirmando que seu uso está associado a danos significativos à saúde mental dos adolescentes, similar aos avisos presentes nas embalagens de cigarro.

Essa pressão por um rótulo de advertência segue anos de preocupações crescentes e representa seu apelo mais forte aos legisladores até agora.

A iniciativa é baseada em um estudo de 2019 que…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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