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Mesa Pra Quatro

Ciclo de alta de juros nos Estados Unidos pode ser maior e o Brasil está em posição privilegiada com commodities: confira o bate-papo com o gestor Pedro Cerize

No mais novo episódio do Mesa Pra Quatro, Dan Stulbach, Caio Mesquita e Teco Medina convidam Pedro Cerize, sócio-fundador da Skopos, para compartilhar suas opiniões sobre o atual panorama econômico e falar sobre investimentos para o momento

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Data de publicação
22 de março de 2022
Categoria
Mesa Pra Quatro

Pedro Cerize é sócio-fundador da Skopos Investimentos, gestora de recursos focada em ações. Ele é conhecido por suas práticas não convencionais ao investir e é, também, sócio fundador de uma produtora de conteúdo voltado para quem investe na Bolsa de Valores. No episódio #31 do Mesa Pra Quatro, ele fala sobre investimentos, com foco no contexto de guerra, e compartilha suas opiniões sobre o panorama econômico atual.

“O Fed tem hoje um problema parecido com o que o Brasil tinha lá atrás”, comenta Cerize. Ele explica que as expectativas do banco central americano são que os juros subam até 2%, que seria o final desse ciclo de aperto monetário, estacionando nesse número. Já a inflação, segundo a instituição, passará de 7% para 4,3%, e o desemprego irá cair de 3,9% para 3,5%. “A probabilidade disso acontecer é muito baixa”, avalia o especialista.

Cerize explica que nesse cenário, não estaria sendo feito um aperto, mas sim uma economia expansionista. “A surpresa vai ser que não vai funcionar os 2%”, especula. 

Justificando a tese, ele analisa: “Eu acho que a guerra foi muito conveniente. Todos acham que foi uma surpresa, mas eu acho que ela deu álibi para todos os bancos centrais que estão atrasados”. 

O especialista em renda variável ainda afirma que, em sua concepção, os Estados Unidos poderiam chegar a uma taxa de juros de até 7% ao ano

E o Brasil?

“O Brasil hoje está em uma posição extremamente privilegiada”, afirma Cerize. Ele justifica fazendo um balanço do cenário atual, apontando que os ativos estratégicos são energia e alimentação. “O Brasil é o fazendeiro do mundo e vende minério”, explica. 

Sobre as oportunidades, Cerize compartilha algumas. “Nós temos empresas que são as melhores produtoras de commodities do mundo. Essas empresas estão negociando a três vezes o lucro porque achavam que essa alta era transitória, então os preços das commodities vão cair”, explica. 

Ele afirma, ainda, que esses preços têm que cair para equivaler ao valor na Bolsa, caso contrário essas empresas vão distribuir 20% ou até 30% de dividendos ao ano: “Ou as commodities caem, ou as ações sobem”, comenta Cerize.

Outra oportunidade que ele destaca são os títulos indexados à inflação ou à Selic. “A grosso modo, um terço em ações de exportadoras, um terço em títulos NTN-B para um prazo de 5 a 10 anos – nem muito longo nem muito curto – e um terço em CDI”, avalia como a carteira ideal do momento.

O gestor finaliza dando algumas dicas culturais, sendo elas o filme The Big Shot; a biografia Keeping At It, de Paul Volcker, e a biografia Rei do Petróleo, de Marc Rich.