RadioCash

“A gente em nenhum momento deixa de ser uma empresa de tecnologia”, diz o CEO da Mobly (MBLY3), Victor Noda ao partir também para cima do mercado físico

O e-commerce continua sendo o core business, mesmo após a abertura de lojas físicas. Em participação no Radio Cash, o CEO da empresa revelou os pilares do modelo de negócio da Mobly e seus planos no IPO

Por Maria Eduarda Nogueira

14 set 2021, 10:28

Depois do IPO, a Mobly agora entra em outro patamar, com um plano ambicioso para os próximos cinco anos: capturar 20% das vendas on-line do setor de móveis e decoração. Apostando em tecnologia e logística próprias, a empresa se reafirma com diferenciais competitivos relevantes, sendo o maior deles o menor tempo de entrega. 

Em episódio do RadioCash, apresentado pela analista da Empiricus, Larissa Quaresma, e pelo CIO da Vitreo, Jojo Wachsmann, o CEO da Mobly, Victor Noda, revela quais são os pilares da empresa, os planos pós IPO e explica mais sobre a relação com sua controladora, a europeia Home24.

Um desejo de empreender e uma inspiração num case de sucesso americano deram origem a Mobly, fundada em 2011. Os três sócios são engenheiros de formação que se encontraram em uma MBA em Chicago, todos com um desejo de mudar de carreira e se aventurar no mundo do empreendedorismo. 

A ideia da Mobly em si veio inspirada na americana Wayfair, que concentra 35% das vendas on-line de móveis nos Estados Unidos. “Quando olhamos pro Brasil, a gente viu um mercado de imóveis e decoração enorme, de 90 bilhões de reais e que não tinha ninguém fazendo nada parecido”, relata Noda. 

Os pilares do negócio da Mobly e a inauguração das lojas físicas

Experiência omnicanal 

A Mobly se estabeleceu como uma empresa nativa digital, um e-commerce de móveis e decoração que oferece muito mais do que apenas uma foto do produto. Usando tecnologias de realidade aumentada e visualização 3D, a varejista conseguiu levar a experiência de compra on-line a um outro patamar e se diferenciar entre os players brasileiros. 

Agora, a empresa está expandindo para lojas físicas, mas sem deixar de lado sua identidade digital. “A gente em nenhum momento deixa de ser uma empresa de tecnologia e um e-commerce. Esse é o nosso core business e sempre vai ser o core business”, diz o CEO da Mobly. 

Para Victor Noda, a abertura das lojas permite endereçar o mercado físico, já que na categoria de móveis, a penetração do on-line ainda é baixa: 90% das vendas ocorrem presencialmente. Além disso, a Mobly pretende também aumentar a conversão para o digital e fortalecer o reconhecimento de marca

Sortimento de produtos

Outro pilar da empresa é oferecer uma grande variedade de produtos; atualmente, o consumidor encontra mais de 250 mil itens para casa na Mobly. O CEO diz aos apresentadores do RadioCash que o objetivo da empresa é não somente ter o maior sortimento de casa e decoração do Brasil, mas também ter o mais relevante. Atualmente, 50% dos produtos vendidos no e-commerce são da marca própria da Mobly. 

Logística

A logística é um das principais barreiras de entrada para os varejistas de móveis: cargas volumosas e delicadas, necessidade de um grande centro de distribuição e fretes custosos são alguns dos desafios. 

A Mobly resolveu investir em um sistema de logística próprio e, segundo relata Victor Noda, 50% de todas as entregas são feitas pela própria empresa de entrega final, a Mobly Log. Uma das estratégias usadas pela empresa é a de cross dock, que permite que o e-commerce tenha o produto disponível para venda em sua plataforma, sem necessidade de armazená-lo no centro de distribuição da própria empresa. 

“A gente entendeu desde o começo que fazer bem a logística seria parte chave do sucesso do nosso negócio.” ‒ Victor Noda, em entrevista ao RadioCash.

Noda conta que, através do uso da tecnologia, consegue identificar quais são os produtos mais vendidos e manter um estoque próprio deles; assim, quando o pedido é feito no site, o cliente não precisa esperar tanto tempo para a entrega. “A gente é o único player do mercado que consegue oferecer para mais de 40% das nossas vendas esse envio imediato”, diz o CEO. 

Tecnologia 

A tecnologia, também desenvolvida “dentro de casa”, é o pilar de sustentação do modelo de negócios de MBLY3. Com a ciência de dados, a empresa consegue criar uma experiência de compra individualizada para cada cliente. 

Ao RadioCash, o CEO da Mobly diz quais são as duas tecnologias que mais fazem diferença quando o assunto é conversão para vendas: uma delas é a de realidade aumentada, que permite ao usuário enxergar o produto integrado ao ambiente, e a outra é a ferramenta de busca por imagens, no qual o consumidor pode buscar por itens semelhantes àqueles tirados do Google ou do Pinterest, por exemplo. 

Depois do IPO, quais são os próximos passos de MBLY3?

Depois de realizar sua oferta pública de ações em fevereiro de 2021, a Mobly agora “deixou de ser um bebê e virou uma empresa de verdade”, como afirma seu sócio-fundador. Noda diz que o IPO criou um novo cenário para a empresa, que agora pode colocar toda a estratégia em prática, com menos preocupações em relação ao capital. 

“O IPO nos permitiu atacar muitas frentes que a gente queria atacar ao mesmo tempo e isso acelera muito o desenvolvimento do negócio” ‒ Victor Noda, CEO da Mobly.

No podcast, o CEO afirma que não quer focar tanto na queda no preço das ações de MBLY3 desde o IPO. “A gente entregando o que a gente prometeu e evoluindo o modelo de negócios, o crescimento, a rentabilidade e a confiança dos investidores no negócio voltam”, diz.

Home24 e a relação com os controladores

O e-commerce europeu Home24 é o controlador da Mobly em termos de participação, com 51% do negócio, como explica Victor Noda. O CEO diz que a relação entre as empresas é de bastante autonomia: “eles nunca tentaram influenciar o negócio, até porque eles entendem que o mercado brasileiro é completamente diferente daquilo que eles têm na Alemanha.”

O CEO explica que existe um board, composto por por dois membros da Home 24, dois dos fundadores da Mobly e dois membros independentes, que visa sempre tomar decisões tendo a operação local como prioridade. “[Isso] deu pros nossos investidores locais essa segurança de que o negócio está sempre visando o melhor daqui”, diz Noda.

Quer conferir o papo na íntegra? Dê play abaixo ou procure por RadioCash na sua plataforma de podcasts preferida:

Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em Comunicação e Marketing Digital na ESPM. Trabalhou com comunicação institucional e jornalismo de viagens antes de entrar no mercado financeiro. Está sempre disponível para falar sobre inovação, livros e cultura pop.