Investimentos

Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, consegue controlar despesas e supera as (baixas) expectativas no 3T22

Com bom trabalho de gestão, companhia preserva margens operacionais; vendas decepcionam

Por Larissa Quaresma, CFA

10 nov 2022, 14:00 - atualizado em 10 nov 2022, 14:00

Guararapes (GUAR3)
Imagem: Divulgação

A Guararapes (GUAR3) divulgou ontem (10), após o fechamento do mercado, seu resultado do 3T22. Os números superaram as expectativas, que eram baixas. A companhia preservou suas margens operacionais mesmo com uma receita mais fraca que o esperado.

O crescimento de vendas nas mesmas lojas (abertas há mais de 12 meses) de -3,9%, foi o destaque negativo do resultado. O desempenho decorre de uma antecipação das compras de inverno para o 2T, ao mesmo tempo em que a venda da coleção de primavera começou fraca, já que esse setembro, mês de lançamento da coleção, fez mais frio que o normal em todo o Brasil.

A abertura de 43 lojas no período fez com que a receita consolidada de varejo ficasse estável na comparação anual, atingindo R$ 1,4 bilhão. 

Em linha com a receita, o lucro bruto do varejo também ficou estável na comparação anual, encerrando o trimestre em R$ 702 milhões e margem bruta de 51%, também em linha com o 3T21. Partindo dessa estabilidade, a redução de despesas operacionais apresentada no trimestre resultou em um Ebitda ajustado de R$ 167 milhões (+40% vs 3T21) com margem de 12,2%, expansão anual de 3,5 p.p. 

Controle das despesas foi o ponto positivo do balanço

Em resumo, apesar das vendas fracas, a Guararapes fez o dever de casa bem feito no controle de despesas e entregou um resultado operacional de varejo acima das expectativas. 

Já Midway Financeira, vertical de serviços financeiros da companhia, apresentou receita líquida de R$ 583 milhões no 3T22, crescimento de 39,2% em relação ao 3T21 e margem financeira de R$ 523 milhões (+46% vs 2T21). A evolução está relacionada principalmente ao crescimento da receita financeira com juros (+45%) e a performance da operação de empréstimo pessoal e saque fácil (+60%).

Conforme antecipado nos últimos resultados, o lucro operacional da financeira segue sendo pressionado pelo movimento de recomposição da provisão para devedores duvidosos (PDD), que chegou a R$ 357 milhões (+98% vs 3T21). Assim, o Ebitda ajustado da financeira foi de R$ 48 milhões, queda de -36% na comparação anual. Com dados indicando um endividamento das famílias brasileiras cada vez maior e as rendas ainda deterioradas pela inflação, acreditamos que o estoque de PDD não deve entrar em uma tendência de queda tão cedo. 

A inadimplência, em nossa visão, segue em nível controlado dado o cenário. O nível de perda das operações de Empréstimo pessoal em setembro foi de 10,8%, queda de 2,3 p.p em relação a junho. No cartão Riachuelo, houve um aumento de 0,6 p.p na comparação trimestral e saltou para 5,1% —  mas continua abaixo da média histórica.

No consolidado, a receita líquida da Guararapes foi de R$ 1,9 bilhões,  crescimento de 9% em relação ao 3T21. O lucro bruto atingiu R$ 1,2 bilhão (+17% vs 2T21) com margem de 59%, expansão de 4,3 pontos percentuais em relação ao mesmo período em 2021.

Com uma importante diluição de 5 pontos percentuais nas despesas operacionais, o Ebitda alcançou R$ 235 milhões (+11% vs 3T21) com margem de 12%, em linha na comparação anual. Na última linha do resultado, pressionado pelo crescimento das despesas financeiras, o lucro líquido ajustado foi de R$ 3,5 milhões, redução anual de -56%.

Relação risco-retorno de GUAR3 é atrativa

Negociando a 5 vezes seu Ebitda estimado para 2023, enxergamos uma relação risco-retorno ainda atrativa para o papel, que apesar dos desafios de vendas, realizou um bom trabalho de gestão para entregar um resultado operacional acima do esperado.

A Guararapes (GUAR3) é uma sugestão das séries Carteira Empiricus e Palavra do Estrategista. 

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.

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