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Guerra entre Rússia e Ucrânia pode escalar, pois ainda não há sinalização de uma zona de acordo consistente, diz Heni Ozi Cukier

Segundo cientista político e professor de Relações Internacionais, não se pode confundir as tratativas de cessar-fogo com um desfecho definitivo do conflito, que está impactando a economia global

Por Daniela Rocha

14 mar 2022, 12:41 - atualizado em 16 maio 2022, 20:14

A Rússia expandiu seus alvos na Ucrânia neste domingo (13/03) com ataques aéreos contra um centro de treinamento militar nos arredores da cidade de Lviv, cerca de 25 quilômetros da fronteira com a Polônia, país membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), um sério de risco de escalada das tensões. No mesmo dia, circularam notícias na imprensa internacional de que Moscou e Kiev estariam caminhando com negociações que poderiam levar a um acordo em breve. 

Este é um cenário que parece ambíguo, então, o que esperar?

Na avaliação de Heni Ozi Cukier, cientista político e professor de Relações Internacionais, o conflito tem potencial para se agravar e as atuais conversas em torno de um cessar-fogo não podem ser confundidas com uma solução definitiva. 

“Não acho que as discussões estão maduras para sair um acordo sólido suficiente. Se houver algum acordo, haverá possibilidade de violações e até retorno do conflito”, avalia Cukier, que também é mestre em Resolução de Conflitos pela American University, com passagem pelo Conselho de Segurança da ONU. Ele participou neste domingo da live semanal do Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, no Instagram (ofelipe_miranda).

Segundo ele, a Ucrânia demanda a retirada das tropas russas de seu país, sem a perda de nenhum pedaço de seu território. “Estão sendo invadidos por uma grande potência com objetivo de controle e dominação de seu país, então, não há nada mais que possam aceitar do que a retirada das tropas russas do país”, diz. 

Por outro lado, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, segue determinado em perseguir seu objetivo e não estaria disposto a assumir uma posição de fraqueza. “Não consigo vê-lo fazendo isso (acordo) sem, no mínimo, pegar o leste da Ucrânia ou algum trecho terrestre no Sul, uma ligação com a Crimeia na costa do Mar Negro”, destaca o especialista. Inclusive, Putin também tem exigido o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia, uma vez que o processo de anexação da península é questionado pela comunidade internacional. 

O cientista político ressalta ainda que a tratativa de um cessar-fogo não significa uma resolução de paz. “Os países costumam cessar-fogo por questões humanitárias, para tentar achar uma zona de acordo real ou, na maioria das vezes, para que os dois lados se reorganizem com mais munições, mais armamentos, para voltar ao combate”. 

Sinal de alerta

Heni ressalta que os ataques da Rússia à parte ocidental da Ucrânia representam sério risco de uma escalada do conflito. Isso porque não se sabe qual seria a reação da Otan diante de um possível ataque à Polônia – seja por eventual erro de cálculo no lançamento de um míssil ou mesmo uma ação proposital da Rússia. 

Conforme ele, o serviço de inteligência americano, que vem sendo muito assertivo no monitoramento e na análise sobre os rumos da guerra, já fez alertas sobre o possível agravamento da situação. 

Heni comentou que, um levantamento estatístico dos conflitos de entre países desde 1946 revelam que 26% dos casos terminaram em até um mês, 25% se encerraram em até um ano e o restante teve uma tendência de durar mais de uma década. 

“O conflito entre Rússia e Ucrânia está entrando na terceira semana e não vejo que irá terminar em um mês. Encontrar uma saída honrosa para Putin é um dos pontos mais difíceis.”

No momento, Putin não tem nada para clamar vitória, enquanto as sanções se intensificam alterando a dinâmica da economia mundial. 

Para saber mais sobre a análise de Heni Ozi Cukier a respeito do conflito, assista ao vídeo completo: clique aqui

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Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI. 

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