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“Títulos indexados à inflação de longo prazo ainda fornecem taxas atrativas; para prazos mais curtos, gostamos dos prefixados”, recomenda analista

Dentre as indicações estão três CDBs e uma LCI, todos prefixados e cobertos pelo FGC.

Por Lais Costa

13 jun 2023, 14:43 - atualizado em 13 jun 2023, 15:13

títulos de renda fixa
Imagem: Freepik

O dia iniciou com um tom positivo nos mercados globais, impulsionado pelo anúncio de que o governo chinês estaria preparando um pacote amplo de  incentivos com foco no estímulo da demanda doméstica e do setor imobiliário. O desenho do programa ainda será discutido nesta sexta-feira (16) e indica a insatisfação do governo em relação a queda dos índices domésticos de confiança da população e dos negócios em um cenário de alto nível de alavancagem das empresas e provável redução de demanda global.

O dado mais importante desta manhã, contudo, foi o índice de preços ao consumidor dos EUA. A variação anual do indicador ficou levemente abaixo das expectativas (4% versus 4,1% a/a), enquanto o núcleo (medida que exclui o preço de alimentos e energia) veio um pouco acima do esperado (5,3% versus 5,2% a/a). O núcleo de serviços, que exclui os preços de aluguel (uma medida acompanhada de perto pelo banco central), ficou em linha com a sua média histórica.

De maneira geral, o dado não trouxe grandes surpresas e não deve mudar a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros marcada para amanhã (14) a tarde. Já para a decisão de julho, em que há uma probabilidade não desprezível de aumento de 25 pontos-base (bps), o mercado reduziu levemente as apostas de alta. Nesse ponto, o tom do presidente Powell na entrevista após a decisão será crucial. Em igual medida, a atualização das projeções do Fed de inflação, atividade e emprego, que serão publicadas no comunicado, também devem balizar os próximos passos do banco central (BC).

No Brasil, o IPCA de maio divulgado na última quarta-feira (7) confirmou a tendência de queda dos preços e ficou abaixo do esperado pelos economistas (0,23% em relação ao mês anterior versus 0,33% das estimativas).

Na composição do índice, a queda da gasolina e do diesel puxou para baixo o grupo de administrados e o grupo de bens duráveis apresentou deflação no mês. Os bens não duráveis também tiveram uma queda de contribuição para a alta do indicador, apesar da alta no item (bastante volátil) perfume, que carrega um peso relevante no índice. 

O grande destaque, contudo, foi a desaceleração das medidas de núcleo, com a desaceleração de alimentação fora do domicílio.

Fonte: IBGE | Elaboração: Empiricus Research

Em evento ontem (12), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que espera uma inflação de junho negativa, o que deve levar o IPCA para próximo de 4,5% no final deste ano. Campos Neto também destacou a queda acentuada da inflação implícita em diversos prazos (como é possível ver no gráfico abaixo), o que “abre espaço para uma queda dos juros à frente”.

Fonte: Bloomberg | Elaboração: Empiricus Research

Em contraste, o diretor Renato Dias Gomes, em entrevista publicada ontem a noite, disse que há indícios preliminares de melhora no IPCA e que a desinflação tem sido lenta. Gomes, que representa a ala mais dura (hawkish) do BC, também destacou que, apesar da queda da inflação esperada para 2024 e 2025, as expectativas seguem desancoradas, isto é, acima da meta da instituição. Por isso, o diretor defende uma postura cautelosa, uma vez que a leitura imediata do IPCA não seria suficiente para justificar uma queda de juros em agosto.

O mercado, contudo, já precifica um corte de 25 pontos-base (pbs) na Selic na reunião do dia 3 de agosto e consecutivos cortes de 50bps nas reuniões seguintes.

O comunicado da próxima reunião, que ocorrerá no dia 21 de junho, deve evidenciar qual tom predomina na diretoria da autarquia.  Pelo caminhar dos dados econômicos, é cada vez mais provável que a ala mais dura represente, novamente, apenas poucos votos dissidentes.

Continuamos com uma visão mais otimista para os ativos de risco domésticos. Nesse sentido, o alongamento dos prazos dos títulos de renda fixa deve oferecer uma melhor relação risco-retorno para o investidor. Os títulos indexados à inflação de longo prazo ainda fornecem taxas atrativas. Para os prazos mais curtos, gostamos dos prefixados.

Veja o cardápio de títulos recomendados da semana

Todas as recomendações abaixo são títulos que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos, contudo, o investidor precisa se certificar de que não ultrapassou o limite de R$ 250 mil por instituição, incluindo os juros a receber do investimento.

Características do CDB prefixado do Banco Daycoval
Classificação de risco da instituiçãoStandard and Poor’s: brAA+
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarEmpiricus Investimentos
Aplicação mínimaR$ 20 mil
Aplicação máximaAté o final do estoque (R$ 2 milhões)
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)13/06/2028 (1827 dias corridos)
Rentabilidade bruta anual11,35% ao ano
Tributação15%
Pagamento de jurosNão
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação15h

Características do CDB prefixado do Paraná Banco 
Classificação de risco da instituiçãoStandard and Poor’s: brAA+
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarEmpiricus Investimentos
Aplicação mínimaR$ 5 mil
Aplicação máximaAté o final do estoque (R$ 1 milhão)
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)01/06/2026 (1082 dias corridos)
Rentabilidade bruta anual10,69% ao ano
Tributação15%
Pagamento de jurosNão
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação15h

Características do CDB prefixado do Banco Sofisa
Classificação de risco da instituiçãoStandard and Poor’s: brAA+
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarSofisa 
Aplicação mínimaR$ 1
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)15/06/2026 (1098 dias corridos)
Rentabilidade líquida anual11,5% ao ano
Tributação15%
Pagamento de jurosNão
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h

Características da LCI prefixada do Banco ABC Brasil 
Classificação de risco da instituiçãoStandard and Poor’s: brAAA
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco ABC Brasil
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)02/06/2025 (720 dias corridos)
Rentabilidade líquida anual10,56% ao ano
TributaçãoIsento de IR
Pagamento de jurosNão
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h

O investimento na taxa líquida indicada da LCI prefixada do Banco ABC Brasil equivale a uma aplicação com taxa bruta aproximada de 12,67% ao ano.

 Por fim, é importante lembrar que, para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo e que precisa estar disponível imediatamente, recomendamos o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero.

Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.