O que faz uma pessoa ter sucesso em sua carreira? A headhunter especializada em executivos de alto escalão, Fátima Zorzato, passou anos entrevistando mais de 60 profissionais, de diversas áreas, para tentar responder a esta pergunta.
A resposta encontrada por ela rendeu um livro, lançado recentemente pela Editora Penguin: “O que faz a diferença: as características e oportunidades que criam o grande líder”, leitura essencial para quem quer dar uma guinada na carreira.
“As pessoas mais realizadas que eu conheci não são as que guardam energia para viver de maneira comedida mas aquelas que tomam iniciativas, saltam no escuro e assumem o compromisso de encontrar o seu lugar no mundo”, escreve Fátima Zorzato, no livro “O que faz a diferença”.
Jornada do Herói e carreira: como essas duas coisas se relacionam
Mesclando estudos na área de psicologia, desenvolvimento humano e até mesmo narrativa, as descobertas de Zorzato guardam certa semelhança com a Jornada de Herói. A jornada, proposta por Joseph Campbell e usada até hoje na contação de histórias, se baseia em 12 etapas que os “heróis” percorrem. Filmes como Star Wars e Harry Potter têm elementos dessa estrutura, que se provou uma verdadeira mão na roda para quem quer construir storytellings interessantes.
“Enxerguei nas idéias de Campbell um paralelo entre os heróis dos mitos, com seu chamado para a aventura, e os heróis da vida real, que constroem trajetórias profissionais de sucesso ao serem despertados por diferentes motivos”, escreve a headhunter.
Assim como ocorre em narrativas mitológicas e cinematográficas, há momentos e decisões pontuais que podem mudar completamente o rumo da história, ou no caso, da carreira de um indivíduo.
Zorzato percebeu que existem três principais estímulos que podem ser definidores na trajetória profissional, como ela relata no livro:
- Atenção: observar motivações (internas) e oportunidades (externas), com foco naquilo que vai ao encontro de seus desejos, valores e habilidades.
- Conexão: olhar para o mundo e se relacionar com ele, selecionando as próprias preferências (seja por afinidade ou por negação) e se abrindo para aquilo que o novo pode lhe trazer.
- Ruptura: deixar a zona de conforto voluntária ou involuntariamente, em função de um trauma, como a doença ou a morte de alguém próximo. Nesses momentos, se a pessoa conseguir utilizar o trauma para se reinventar, pode haver um salto evolutivo.
Em entrevista ao podcast Resenha Empiricus, a autora também cita que a entrada de um mentor pode também influenciar na carreira, quando tal mentor enxerga um potencial que a própria pessoa ainda não tinha percebido. Novamente, há um paralelo com a jornada de Campbell, que cita como uma das etapas o “Encontro com o Mentor”.
O episódio completo do Resenha Empiricus com Fátima Zorzato, comentando seu novo livro “O que faz a diferença”, pode ser ouvido no player abaixo ou na sua plataforma de podcasts de preferência:
Em “O que faz a diferença”, você pode ler histórias de pessoas reais que mudaram suas trajetórias profissionais
No livro, que tem uma narrativa muito mais intuitiva do que propriamente acadêmica, Zorzato traz a história de pessoas reais, o que torna a leitura mais próxima do nosso universo. Uma das histórias é a de Rodrigo Pimentel, ex-integrante do BOPE que se tornou coprodutor do filme “Tropa de Elite”.
A partir de um desconforto que estava sentindo com a gestão do batalhão, Pimentel tomou a coragem de denunciar uma ação ruim de seus superiores. Ele deixou o BOPE e seguiu novos rumos profissionais: escreveu um livro, foi coprodutor do filme de José Padilha, tornou-se palestrante motivacional e uma figura nacionalmente conhecida.
“A trajetória de Rodrigo Pimentel foi marcada por decisões tomadas após algum estímulo e mudanças de rota quando ela não fazia mais sentido, assim como constatei acontecer com a maioria das pessoas realizadas que conheci ao longo dos mais de 25 anos como headhunter de executivos. Ele fez escolhas prestando atenção ao que sentia, olhou ao redor, estabeleceu parcerias e, apesar dos riscos, aceitou sair de sua zona de conforto”, escreve a autora.
Em sua próxima decisão profissional, recorra ao autoconhecimento, não ao Google
O Google não tem respostas para qual deve ser o próximo passo da sua carreira. Por isso, o autoconhecimento se faz tão necessário quando chega o momento em que você precisa avaliar seus objetivos profissionais.
No podcast Resenha Empiricus, a headhunter cita três perguntas essenciais que devem ser respondidas por todos aqueles que buscam um novo rumo profissional (dentro ou fora da área de atuação):
- Como eu sou?
- Que impacto eu causo no outro?
- Como o outro me percebe?
“O meu desejo com este livro é ajudar os leitores a reconhecer os estímulos que aparecem ao longo de sua trajetória e as qualidades que devem cultivar no longo prazo, e a se colocarem ativos diante da vida, e não alheios às oportunidades de cada momento.” ‒ Trecho do livro “O que faz a diferença”.