Mercado em 5 minutos

Alta do petróleo, bull market do S&P 500 e mais: veja os destaques do mercado nesta sexta (9)

Na volta do feriado, Ibovespa pode ter mais um dia positivo diante da alta das commodities

Por Matheus Spiess

09 jun 2023, 08:46 - atualizado em 09 jun 2023, 08:46

Petróleo - Mercado em 5 minutos
Imagem: Pixabay

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados de ações asiáticos estão em alta nesta sexta-feira, seguindo as indicações amplamente positivas de Wall Street durante o pregão de ontem, em que houve uma diminuição das preocupações sobre as perspectivas para as taxas de juros. Isso se deu após um relatório ter mostrado que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA aumentaram muito mais do que o esperado na semana passada (o que reduz a chance de mais uma alta de juros em junho). 

Ao mesmo tempo, os investidores digeriram o índice de preços ao consumidor da China, que registrou alta de 0,2% em maio, enquanto os preços ao produtor caíram 4,6% na comparação anual, marcando a queda mais acentuada desde maio de 2016. Vemos que os bancos estatais da China têm reduzido as taxas de depósito, de modo a encorajar os consumidores a colocar suas economias para girar a economia. Mostra que o governo está disposto a estimular a economia. 

Nesta manhã, porém, as ações europeias e os futuros dos EUA, mesmo depois da alta na Ásia, não demonstraram grande desempenho. O dólar caminha para sua maior perda semanal em mais de dois meses pelo Dollar Index (DXY), devido às apostas de que o Federal Reserve está chegando ao fim de seu ciclo de alta. Pelo menos vimos o S&P 500 entrar em um bull market novamente ontem (20% de alta da mínima), em um dia que se mostrou positivo para os mercados, com os investidores fortalecendo a aposta na pausa do Fed na próxima semana. 

A ver… 

· 00:58 — A Selic já caiu na Austrália 

No Brasil, os ativos locais devem fazer um catch-up com o desempenho de ontem, em que as ADRs brasileiras tiveram mais um dia de desempenho positivo, mesmo depois do Ibovespa já ter voltado ao patamar de 115 mil pontos. Hoje, diante da alta das commodities, podemos ter mais uma janela para ganhos com ativos locais, mesmo com um humor negativo imperando sobre as economias ocidentais, pelo menos nesta manhã. O petróleo volta a subir hoje, com a negativa da Casa Branca sobre um possível novo acordo nuclear temporário entre Estados Unidos e Irã, que retiraria as sanções sobre o óleo iraniano e aumentaria a oferta global. Bom pra Petrobras. 

Enquanto isso, os investidores ainda repercutem positivamente o IPCA de maio, que veio no piso das estimativas em 0,23% na comparação, alcançando um patamar abaixo de 4% na comparação anual. Em 12 meses, a média dos cinco núcleos acompanhados pelo BC desacelerou a 6,72%, ante 7,31% em abril. Neste contexto, é provável que haja uma melhoria na comunicação do Banco Central na reunião de junho, já com sinalizações de cortes em reuniões futuras. Os cortes na taxa Selic devem ocorrer somente em agosto, sendo que ainda são necessários outros estímulos positivos para impulsionar a confiança. O ciclo de flexibilização tende a ser positivo para as ações. 

· 01:49 — Além das Fronteiras em Fogo: O Leste dos EUA Sob a Névoa Tóxica 

A fumaça de incêndios florestais que atingem o agora o Canadá está cobrindo o leste dos Estados Unidos com ar prejudicial, à medida que ventos fortes levam a fumaça para além da fronteira. No ritmo atual, funcionários do governo disseram que o Canadá está a caminho de experimentar a pior temporada de incêndios florestais de sua história, com 9,4 milhões de acres já queimados (ou cerca de 15 vezes a média de 10 anos). Infraestrutura crítica como telecomunicações e linhas de alta tensão estão sob vigilância, enquanto as autoridades alertaram que todos, especialmente pessoas vulneráveis, devem ficar dentro de casa o máximo possível. 

Os incêndios florestais nas províncias ocidentais do Canadá geralmente afetam a produção de petróleo e gás, também forçando empresas de mineração como Wallbridge, Osisko e Patriot Battery Metals a suspender as operações. Também está prejudicando a atividade na costa leste dos EUA, em áreas como Nova York, que registrou a pior qualidade do ar de qualquer cidade do mundo na quarta-feira. A situação pode colocar em destaque os investimentos climáticos. Em 2022, o investimento global em produtos e serviços de transição energética atingiu um recorde de US$ 1,1 trilhão, um aumento de 31% em relação ao ano anterior. 

· 02:38 — Falências em todos os lugares 

Ainda nos EUA, os registros de falências americanas (Chapter 11) atingiram seus níveis mais altos desde o fim da Grande Recessão, de acordo com novos dados da S&P Global Market Intelligence. Houve 54 pedidos de falência corporativa em maio, um ligeiro aumento em relação aos 52 registrados em abril. Nos primeiros cinco meses de 2023, houve mais registros do que em qualquer período comparável desde 2010 

Da Vice Media à Bed Bath & Beyond, houve uma série de falências de alto perfil este ano. No final de maio, as empresas americanas tiveram seu pior período de 48 horas de falências desde pelo menos 2008. Até agora, mais de 286 empresas pediram concordata em 2023. As empresas de varejo foram algumas das mais atingidas no ambiente econômico atual, à medida que os consumidores reduzem os gastos. 

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· 03:20 — O rompimento da barragem 

Até 18 milhões de metros cúbicos (4,8 bilhões de galões) de água vazaram por uma enorme ruptura na barragem de Kakhovka na terça-feira, inundando comunidades ao longo das margens do rio Dnipro no que parecia ser uma terrível escalada da guerra. A Ucrânia acusou a Rússia, que ocupa a barragem, de explodi-la, enquanto Moscou disse que o bombardeio das tropas de Kiev foi a causa. As agências de inteligência dos aliados da Ucrânia, incluindo os EUA, ainda estão avaliando quem é o responsável, mas estão se inclinando para a Rússia, como já apontou a Alemanha. 

As águas da enchente da destruição da gigantesca barragem de Kakhovka, na Ucrânia, podem começar a diminuir em breve, mas as consequências políticas estão se espalhando. A destruição causada pela torrente que inundou cidades e vilarejos e ameaçou o abastecimento de água para resfriamento da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, só aumenta os desafios enfrentados pelos militares ucranianos no campo de batalha. A guerra na Ucrânia promete ser uma espécie de Guerra da Coreia desta “Segunda Guerra Fria”, durando alguns anos. 

· 04:10 — A nova competição tecnológica 

Ainda sobre a suposta “Segunda Guerra Fria” (não acredite em mim, acredite em Henry Kissinger e Niall Ferguson), um dos núcleos do conflito reside no setor de tecnologia, onde a competição entre as duas maiores economias do mundo é acirrada. O governo Biden tem deixado cada vez mais claro que pretende desacelerar a ascensão tecnológica da China e tem concentrado seus esforços na dissociação. 

A rivalidade está borbulhando há anos, pois as autoridades de segurança nacional dos EUA temem que as empresas de tecnologia chinesas estejam roubando propriedade intelectual de empresas americanas e dados de cidadãos americanos. Abrange desde setores cruciais como software e semicondutores, onde os EUA estão lutando para manter sua vantagem competitiva, até setores como veículos elétricos, smartphones e drones, onde a China tem vantagem — talvez IA também. 

Alarmado com a crescente concorrência, a estratégia de dissociação do governo Biden assumiu a forma de tarifas, controles de exportação, bloqueios de investimentos e limites de vistos. No entanto, os custos da dissociação podem superar os ganhos. Isso não prejudicará o setor de tecnologia da China, mas apenas desacelera o país ao custo de prejudicar as empresas americanas ao mesmo tempo. Caminhamos para a possível criação de um mundo bipolar onde a tecnologia chinesa reina suprema nas nações asiáticas e africanas, mas é bloqueada do Ocidente. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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