Investimentos

S&P 500 bate novo recorde histórico em semana de decisão de juros na Europa; confira a agenda econômica

Na Ásia e no Pacífico, os mercados iniciaram a semana sem uma direção definida, após a China manter suas taxas de juros.

Por Matheus Spiess

22 jan 2024, 08:36 - atualizado em 22 jan 2024, 09:02

Imagem representando os fundos de investimento no exterior, que são uma modalidade de investimento coletivo que direciona seus recursos para ativos financeiros fora do país de origem do investidor.

Bom dia, pessoal. Investidores ao redor do mundo estão se adaptando à realidade de que as taxas de juros não devem diminuir no curto prazo. Apesar disso, os índices do mercado de ações dos Estados Unidos registraram uma performance positiva na última semana.

Essa tendência otimista se estende ao mercado europeu, que atualmente está processando sua própria temporada de divulgação de resultados corporativos. O Banco Central Europeu está programado para anunciar sua decisão sobre política monetária na quinta-feira, antecedendo a reunião do Federal Open Market Committee, que ocorrerá entre 30 e 31 de janeiro. A expectativa geral é que ambas as instituições mantenham as taxas de juros estáveis.

Na Ásia e no Pacífico, os mercados iniciaram a semana sem uma direção definida, após a China manter suas taxas de juros, conforme previsto. Enquanto isso, o índice do mercado de ações japonês alcançou um novo recorde de 34 anos. Em contraste, o mercado de Hong Kong sofreu quedas, impactado principalmente pelo setor imobiliário chinês. Os mercados europeus começaram o dia em alta, seguindo a tendência dos futuros de ações americanos. Nos próximos dias, é provável que haja mais ajustes na curva de juros, alinhando as expectativas do mercado com as ações que o Fed provavelmente adotará nos meses seguintes.

A ver…

· 00:49 — Nada de novo no front

No cenário político brasileiro, o foco continua firmemente nas questões fiscais, particularmente no impasse em torno da Medida Provisória (MP) da reoneração. Esta situação tem afetado negativamente as expectativas dos investidores, prolongando um período de incerteza que já se estende por várias semanas.

Embora o IPCA-15 de janeiro seja um indicador relevante para aferir o nível inflacionário do país, a principal atenção ainda está voltada para as decisões e debates em Brasília.

Neste contexto, é recomendável assistir ao programa Roda Viva de hoje, às 22 horas, onde o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discutirá o assunto.

Nos dias seguintes, espera-se que ocorram mais negociações sobre a questão. Uma estratégia alternativa sendo considerada em Brasília, caso o governo não consiga avançar com a MP da reoneração, é a apresentação de um projeto de lei que ofereça uma solução intermediária entre as posições do governo e dos parlamentares.

Além disso, possíveis vetos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) podem surgir como elementos de negociação. A ausência de um plano para reonerar a folha de pagamento, mesmo que de forma gradual, forçaria o governo a realizar cortes de despesas, um cenário que o presidente Lula deseja evitar.

· 01:36 — O que a temporada de resultados nos reserva?

Nos Estados Unidos, o mercado de ações testemunhou um fechamento histórico na sexta-feira, com o índice S&P 500 subindo 1,2% e alcançando um novo recorde, o primeiro desde janeiro de 2022. O Dow Jones Industrial Average também registrou uma alta de 1,1%, atingindo outro recorde, enquanto o Nasdaq Composite experimentou um salto de 1,7%.

Este encerramento notável da semana passada, que foi mais curta devido ao feriado da última segunda-feira, aconteceu apesar de um início morno para a temporada de divulgação dos lucros do quarto trimestre.

Até o momento, das empresas do S&P 500 que divulgaram seus resultados, 88% ultrapassaram as expectativas de lucro por ação.

A temporada de divulgação de resultados segue a todo vapor e ainda é incerto qual será o cenário dominante. Nesta semana, mais de 70 empresas do S&P 500, incluindo nomes como Tesla, AT&T, Johnson & Johnson, Visa, General Electric e Intel, estão agendadas para apresentar seus relatórios. A próxima semana promete ser ainda mais agitada com aproximadamente um quarto das empresas do índice divulgando seus resultados, incluindo gigantes como Microsoft, Apple, Exxon Mobil, Boeing e Qualcomm. Estamos apenas no início da temporada de resultados, e o desfecho dessa fase será crucial para definir a direção do mercado para o restante de 2024 – e para verificar se haverá continuidade na tendência de alta do mercado.

· 02:29 — Divididos ou não divididos: eis a questão…

Recentemente, nos Estados Unidos, Ron DeSantis retirou sua candidatura à presidência para 2024 no domingo passado e declarou apoio ao favorito Donald Trump, reduzindo o número de principais candidatos republicanos antes das aguardadas primárias de New Hampshire na próxima terça-feira. Essa decisão do governador da Flórida potencializa as possibilidades de Trump reconquistar a presidência. Conforme as últimas pesquisas, o ex-presidente lidera com 50% das intenções de voto dos prováveis eleitores republicanos em New Hampshire, enquanto Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, possui 39%. Se Haley não ganhar impulso agora, suas chances de competir efetivamente contra Trump se reduzem significativamente. A perspectiva é de uma eleição ainda mais polarizada do que a de 2020: o mercado deverá precificar melhor a eleição a partir de março.

Enquanto isso, embora os Estados Unidos sejam frequentemente vistos como um país dividido, a natureza descentralizada de sua política permitiu a formação de um mercado livre de estratégias políticas, contribuindo para algumas das mais notáveis histórias de crescimento e atração de capital humano no mundo desenvolvido. A Califórnia está na vanguarda do desenvolvimento global de inteligência artificial, enquanto Nova Iorque se mantém como um dos centros financeiros globais mais influentes, reunindo abundante capital e atraindo talentos de alto nível de diversas áreas. O Texas se destaca não só na produção de combustíveis fósseis, mas também em energia sustentável e cadeias de abastecimento, enquanto a Flórida é reconhecida pelo seu rápido crescimento econômico. Apesar das divisões, os EUA continuam a ser a principal superpotência mundial.

· 03:28 — A cadeia de suprimentos global

Conflitos armados, alterações climáticas e outros fatores estão causando perturbações significativas nas rotas marítimas de comércio, com implicações diretas para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Esses “gargalos” marítimos, frequentemente mencionados, são geralmente canais e passagens estreitas que suportam um volume substancial de tráfego diário. Áreas como o Estreito de Malaca, conectando os oceanos Pacífico e Índico, o Canal de Suez, o Canal do Panamá e o Mar da China Meridional são exemplos de vias navegáveis essenciais, cujo bloqueio poderia causar um transtorno considerável no comércio global. Recentemente, o Mar Vermelho surgiu como um ponto crítico vulnerável, especialmente por sua ligação com o Canal de Suez, uma rota que representa um valor significativo no comércio mundial.

Desde novembro, houve ataques de mísseis dos Houthis contra embarcações no Mar Vermelho, levando os navios a desviar pela rota mais longa do Cabo da Boa Esperança, acrescentando até duas semanas às viagens. Além dos fatores geopolíticos, questões ambientais como a seca na América Central também representam um risco, pois resultaram em níveis de água perigosamente baixos no Canal do Panamá, forçando uma redução de 36% nas passagens de navios. Tais distúrbios nos pontos-chave do comércio global têm implicações diretas nas perspectivas de inflação, essenciais para calibrar expectativas em relação às taxas de juros e, por extensão, aos ativos de risco.

· 04:20 — Pelo menos uma eleição estável e previsível no mundo

A economia mexicana, caracterizada pela sua dinamicidade, está profundamente enraizada no cenário econômico mundial, beneficiando-se substancialmente do crescente movimento de “nearshoring”. Sua posição como o principal parceiro comercial dos Estados Unidos é vantajosa, mas é a estabilidade política do México que amplifica os frutos dessa relação.

Claudia Sheinbaum, a provável futura presidente do país depois das eleições de junho, conta com o apoio do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador. Ela é reconhecida como uma tecnocrata com laços sólidos tanto com o setor empresarial doméstico quanto com o internacional. Além disso, Sheinbaum possui uma credibilidade única, sendo capaz de atrair a base de esquerda de López Obrador, especialmente por ter a chance de ser a primeira mulher presidente do México.

Assim como a Índia e o Brasil têm potencial para atuar como intermediários entre o Sul Global e o G7, Sheinbaum tem a oportunidade de fortalecer as conexões entre as Américas do Norte, Central e do Sul. Este movimento em direção a uma integração mais robusta na região, que é comparativamente a mais estável geopoliticamente, apesar dos desafios como a crise migratória na fronteira dos EUA e a luta contra o narcotráfico, será um vetor chave no panorama global nos anos vindouros.

· 05:09 — Um nome descontado

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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