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Para Felipe Guerra, gestor da Legacy Capital, assimetrias na bolsa acabaram e é hora de focar em qualidade das empresas

Especialista afirma que sequência de altas da bolsa e sinalizações de modificação nas taxas de juros encerram período de bull market

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Data de publicação
6 de julho de 2021
Categoria
RadioCash

Após as bolsas avançarem por um período que durou quase um ano, com o Ibovespa mantendo uma tendência de alta, sem grandes surpresas, gestores agora começam agora a repensar o cenário para a renda variável no Brasil e no mundo por conta de uma série de motivos.

É o caso de Felipe Guerra, sócio fundador e CIO (Chief Information Officer) da Legacy Capital, renomada gestora de recursos independente brasileira, que participou do RadioCash, podcast produzido pela Empiricus em parceria com a Vitreo.

 “A construção do nosso portfólio começou há cerca de nove meses, um ano, com uma visão positiva do mercado em geral. Em um cenário calcado em estímulos e na mensuração da pandemia. Dê uma semana para cá, passamos a ver esse portfólio sofrendo modificações”, contou.

Aos olhos do gestor da Legacy, há indícios de alterações macro no horizonte. O fato de o Federal Reserve, o Banco Central americano, ter sinalizado na última semana que está com a “mão no freio” dos estímulos monetários, no caso de a inflação permanecer alta, por exemplo, é um deles. Desta vez, o discurso passou de “a inflação é transitória” para “caso continue avançando, estamos preparados para agir”.

 “Quando o Fed começar a puxar, todo mundo sairá puxando. As autoridades monetárias perdem a vergonha. Inclusive, os bancos centrais da Europa já sinalizaram que irão pelo mesmo caminho. Aí temos uma perspectiva de comércio mais travado e de um aperto global”, comentou. 

Saiba mais sobre tendências do mercado e as estratégias da Legacy Capital. Acompanhe a entrevista completa com Felipe Guerra, CIO da gestora, convidado desta semana do RadioCash

https://open.spotify.com/episode/2BgKFv2zrPUlmSUhwiua0z?si=47xAdT6ASvKBfcG0EhYHIg&dl_branch=1

Seleção criteriosa:  qualidade em primeiro lugar

 Se o fim desse ciclo se consolidar, será, para Felipe Guerra, a hora de se ater ao stock picking. Os investidores terão de escolher melhor as ações que irão aportar. “O ambiente ainda é favorável, mas comprar qualidade passa a ser cada vez mais importante do que comprar setor”. 

Com os estímulos minguando, a assimetria geral de tendência de alta, para Guerra, acabará. “Diferente do cenário cíclico que a gente acompanhou, em que quase tudo subiu, teremos agora uma janela em que o stock picking será muito mais relevante. Comprar qualidade, não comprar qualquer setor cíclico.”  

Líderes de mercado, empresas geradoras de caixa, companhias desalavancadas. Essas ações, para o gestor, ainda possuirão espaço para se valorizarem. “Você terá de construir um portfólio com mais qualidade. Acho que isso se pagará”. 

Guerra acredita que companhias que irão se beneficiar da reabertura, como turismo, distribuição de combustíveis e shoppings, também devem surfar. 

No Brasil, país que depende muito, historicamente, dos ciclos, não será diferente. “Não estamos pessimistas, mas um pouco mais preocupados”, disse. 

Na visão dele, porém, apesar da sinalização da alta de juros mundo afora interromper o avanço generalizado, as companhias brasileiras de commodities, muito impactadas comumente pelos fins dos ciclos, ainda possuem potencial para mais. 

 “As empresas de commodities brasileiras estão baratas e todas desalavancaram. A Petrobras está com um dividend yield em dólar de 20%, 22%. Vemos o petróleo se beneficiando da reabertura e há ainda a reunião da OPEP. A Vale, nem se fala. Minério tem sustentado seu preço a despeito da desaceleração da China e do esforço desta para derrubar o seu preço”, contou.  

 Confira agora as análises de Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital, sobre a Bolsa e economia brasileira neste RadioCash

https://open.spotify.com/episode/2BgKFv2zrPUlmSUhwiua0z?si=47xAdT6ASvKBfcG0EhYHIg&dl_branch=1

 O sempre desafiador cenário brasileiro: incertezas adiante

 Na avaliação do CIO da Legacy Capital, incertezas surgem no horizonte no país. A reforma tributária seria a mais nova delas. “É um tema complexo que temos à frente. Há uma chance alta de aumento da carga. Uma redução menor do imposto de renda e aumento significativo das taxações de dividendos e JCP”, destacou. 

 Além disso, o processo de aumento de juros e da inflação conjuntural são outros pontos de atenção. “Se tiver muita surpresa quanto à inflação, se ela for muito mais persistente, teremos um processo de retirada de liquidez de todo o sistema. E como ajudou na hora que entrou, irá atrapalhar quando sair”,disse.

 Com o juros nominal ainda baixo, as ofertas públicas iniciais de ações devem ajudar a drenar o caixa do mercado e forçar a busca já mencionada por empresas diferenciadas. Atualmente, há 38 empresas na fila para realizarem seus IPOs na B3, isso sem mencionar ofertas secundárias. 

Entre os pontos positivos para o Brasil, Felipe Guerra aponta a recente melhora fiscal – com a relação da dívida pública e o PIB ficando aquém das projeções – e não vê as eleições, mesmo em uma possível batalha de Lula e Jair Bolsonaro, como algo tão prejudicial ao mercado.

“Estamos caminhando para uma eleição imprevisível. Torcemos para que eles briguem pelo centro, já que se radicalizarem demais, perdem esses votos. De qualquer forma, pode ser que não seja tão traumática. Ambos são atores conhecidos, com algum pragmatismo, já sabemos, em parte, como atuam”, concluiu o CIO da Legacy Capital.

 Dê o play para ouvir agora todo o bate-papo com Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital!

https://open.spotify.com/episode/2BgKFv2zrPUlmSUhwiua0z?si=47xAdT6ASvKBfcG0EhYHIg&dl_branch=1