Times
Investimentos

Bolsa brasileira vem se destoando da dinâmica perversa imposta ao mercado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, principalmente devido ao peso das commodities

É esperado um dia de catch-up no retorno do Carnaval; conflito entre Rússia e Ucrânia fazem cotações de commodities energéticas e agrícolas subirem e novos dados sobre a geração de empregos nos Estados Unidos e a encruzilhada dos bancos centrais – fique por dentro das análises de Matheus Spiess

Compartilhar artigo
Data de publicação
2 de março de 2022
Categoria
Investimentos

Para esta Quarta-Feira de Cinzas (2/03) é esperado um dia de catch-up na Bolsa brasileira, que esteve fechada no feriado de Carnaval, avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus que atua na série Palavra do Estrategista. 

Nos últimos dias, muita coisa aconteceu no exterior, especialmente relacionadas à guerra entre Ucrânia e Rússia

Segundo Spiess, o conflito tem impacto significativo nos preços dos ativos de maneira global, mais fortemente nas cotações das commodities energéticas e agrícolas

Para se ter uma ideia, o preço do barril de petróleo tipo brent, usado como benchmark para a Petrobras, disparou,  sendo negociado a US$ 113 no final desta manhã. E o barril do WTI, também acima de US$ 110. 

“As commodities energéticas são as mais pressionadas. A Rússia responde por 10% da produção global de petróleo. O país é o segundo maior produtor de petróleo e o maior produtor de gás do mundo”, explicou Spiess.

Além disso, Ucrânia e Rússia correspondem a um quarto da produção global de trigo. Por sua vez, a produção russa de fertilizantes é relevante no âmbito internacional.

“De forma geral, vemos a alta exacerbada do trigo, mas também do milho e da soja. As commodities agrícolas estão pressionadas em paralelo com as energéticas”, disse. 

Conforme Matheus Spiess, a Empiricus mantém visão construtiva em relação à exposição em commodities e também proteções para a carteira, especialmente em metais preciosos como ouro e prata. 

Bolsa brasileira destoa

Por enquanto, apesar da alta volatilidade, a Bolsa brasileira vem se destoando da dinâmica perversa causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. 

“De certo modo, o Brasil se beneficia da rotação setorial e os ativos brasileiros estão descontados. Há forte predominância de commodities na Bolsa. Por exemplo, a Petrobras representa quase 15% do Ibovespa”, afirmou. 

A encruzilhada dos bancos centrais

As altas das commodities energéticas e agrícolas representam fortes pressões inflacionárias, o que deveria demandar maior rigor dos bancos centrais, com aumentos das taxas de juros. 

Contudo, a situação é delicada e, por enquanto, o mercado tem dúvidas sobre qual será a intensidade das atuações das autoridades monetárias. 

“O maior problema é se essa pressão inflacionária tiver também função estrutural, se esse conflito perdurar por bastante tempo. Os bancos centrais estariam lidando com uma faca de dois gumes – se eles subirem demais os juros podem machucar a atividade, que já estará sofrendo por conta da inflação”, comentou. 

A inflação pode ter fatores que afetam a confiança, a renda real e a demanda, ou seja, efeitos danosos para a atividade, mesmo antes da subida de juros em resposta. 

Dados dos EUA no radar

Hoje, saiu um relatório de empregos nos Estados Unidos feito pelo ADP Research Institute, que revela a criação de 475 mil posições em fevereiro, acima da expectativa de mercado que era de 400 mil novos postos. 

Esse estudo é uma prévia do payroll, dados oficiais de vagas geradas, que será divulgado nesta sexta-feira (4/03) pelo Departamento de Trabalho do governo americano.

Nesta quinta-feira (03/03), serão divulgadas as informações sobre seguro-desemprego nos Estados Unidos.

De acordo com Spiess é importante acompanhar esses dados de perto, pois eles devem balizar a dimensão da alta de juros que será promovida pelo Federal Reserve (Fed) este mês.