Mercado em 5 minutos

Corte da produção de petróleo chama atenção internacional e China está prestes a impulsionar o mercado imobiliário; confira destaques desta segunda (5)

Além disso, na última sexta-feira (2), os índices em Wall Street viram um rali descompensado depois de movimentos sobre a política monetária americana e a Nvidia entrou oficialmente para o grupo do trilhão

Por Matheus Spiess

05 jun 2023, 08:53 - atualizado em 05 jun 2023, 08:53

Corte na produção de petróleo e China prestes a impulsionar o mercado imobiliário
Imagem: Unsplash

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos encerraram o dia predominantemente em alta nesta segunda-feira (5) após a alta em Wall Street na última sexta-feira em meio a perspectivas de uma pausa nos aumentos de juros pelo Federal Reserve dos EUA, com os investidores digerindo os relatórios mistos de empregos nos EUA e a resolução da questão do teto da dívida. Adicionalmente, todas as atenções se voltam para a China, que está prestes a divulgar nos próximos dias um novo conjunto de medidas destinadas a impulsionar o mercado imobiliário e revitalizar o impulso da economia. 

Ao mesmo tempo, depois de subirem no final da semana passada, as ações europeias negociam cautelosamente nesta manhã de segunda-feira, depois que os dados econômicos despertaram as esperanças dos investidores de que a economia dos EUA resistiria ao aumento das taxas de juros, diminuindo as preocupações sobre uma possível recessão. Os futuros americanos reproduzem a cautela e operam sem uma única direção, pelo menos por enquanto. Por fim, os investidores estão respondendo à decisão dos sauditas de aumentar unilateralmente o corte na produção de petróleo. 

A ver… 

· 00:47 — Semana mais curta 

No Brasil, os investidores locais vão encarar uma semana mais curta e, provavelmente, de menor liquidez por conta do do feriado de Corpus Christi na quinta-feira, que fecha as negociações na B3. Contudo, não é porque o mercado terá menos dias que a semana será menos emocionante. Aliás, muito pelo contrário, os dados de inflação ao consumidor (IPCA) de maio na quarta-feira dominam a atenção, podendo reforçar mais uma vez que caminhamos para um corte de juros no terceiro trimestre — algumas casas não falam apenas sobre o primeiro corte em agosto, mas também sobre a redução ser de 50 pontos-base em vez de 25, como inicialmente considerado. 

Paralelamente, o mercado também repercute a conclusão da elaboração, pelo Ministério da Fazenda, de um projeto para modificar a Lei das Sociedades Anônimas. A ideia é enviar o texto à Câmara nos próximos dias. O conjunto de alterações busca ampliar a possibilidade de compensação aos acionistas minoritários e aos detentores de debêntures em caso de danos causados por administradores ou controladores de empresas de capital aberto. O governo se compromete a fortalecer a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em suas atribuições e em termos de recursos humanos (uma antiga demanda). Nessa direção, alinharia o Brasil com a OCDE. 

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· 01:42 — Um rali descompensado 

Nos EUA, os investidores seguem para essa semana com a crise do teto da dívida resolvida no curto prazo, mas precisarão entender melhor qual é o plano de jogo para o Federal Reserve à medida que a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 13 a 14 de junho se aproxima.  

Os índices em Wall Street subiram bem na sexta-feira (2), depois que dados de empregos mostraram que as novas contratações aumentaram mais do que o esperado em maio. O número da manchete elevou o moral dos investidores ao sinalizar resiliência na economia dos EUA, mas também tornou mais provável que o Fed continue a aumentar as taxas de juros em um esforço para reduzir a inflação. 

Contudo, o sentimento do mercado melhorou gradualmente com as crescentes expectativas de que o Federal Reserve dos EUA não aumentará as taxas de juros este mês — crescimento moderado dos salários e o aumento da taxa de desemprego jogam contra mais um aumento em junho, como temos falado com frequência por aqui. 

· 02:28 — Um investimento complicado 

O Twitter agora vale apenas um terço do que Elon Musk pagou pela plataforma de mídia social, de acordo com a Fidelity, que recentemente reduziu o valor de sua participação acionária na empresa. Musk reconheceu que pagou demais pela plataforma, que comprou por US$ 44 bilhões, incluindo US$ 33,5 bilhões em ações – o empresário em si gastou mais de US$ 25 bilhões para adquirir uma participação estimada em 79% na empresa, se valendo de um pool de outros investidores para chegar nos US$ 44 bilhões. Hoje, o investimento está avaliado em US$ 8,8 bilhões. 

Desde que Musk assumiu o controle, o Twitter tem enfrentado dificuldades financeiras. Após acumular uma dívida de US$ 13 bilhões, as decisões erráticas de Musk e os desafios relacionados à moderação de conteúdo levaram a uma queda de 50% na receita publicitária. A tentativa de recuperar essa receita por meio da venda de assinaturas do Twitter Blue ainda não teve sucesso, uma vez que, até o final de março, menos de 1% dos usuários mensais do Twitter se cadastraram no serviço. Melhor seria se Musk voltasse a se concentrar na Tesla e na Space X. 

· 03:19 — Um corte diferente dos pares 

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados liderados pela Rússia, ou OPEP+, decidiram reduzir as metas gerais de produção a partir de 2024 em um total adicional de 1,4 milhão de barris por dia (bpd). A Arábia Saudita, por sua vez, membro dominante do cartel da Opep, fará cortes unilaterais profundos na produção de 1 milhão de bpd a partir de julho. Em outras palavras, o corte foi de um país membro isolado na tentativa de evitar quedas maiores dos preços. 

A solução adotada pelos demais países produtores reflete uma postura mais conservadora, motivada pela preocupação com o enfraquecimento econômico dos EUA e da Europa, assim como pela recuperação menos robusta da China, fatores que podem impactar a demanda global por petróleo — lembre-se que, em abril, a OPEP+ já havia anunciado corte de 2 milhões de barris por dia, o que impulsionou o preço da commodity. O petróleo sobe nesta manhã, apoiado pelo movimento saudita.  

A ousadia do membro mais importante da coalizão da Opep+ custou a cessão de terreno para dois aliados importantes: a Rússia e os Emirados Árabes Unidos — de acordo com delegados do cartel, a reunião do fim de semana foi uma das mais controversas dos últimos anos, em virtude das tensões entre a Arábia Saudita e a Rússia, dado que os russos continuam a aumentar sua produção de petróleo bruto a preços mais baixos, o que tem impacto no mercado global.  

· 04:22 — Grupo do trilhão 

Na semana passada, a Nvidia se tornou a primeira empresa de semicondutores a atingir uma capitalização de mercado de trilhões de dólares quando o mercado abriu hoje. Embora não tenha conseguido aguentar até o fechamento, com as ações regressando para baixo do patamar simbólico, as ações da companhia ainda sobem 175% em 2023 e cerca de 49% nos últimos 30 dias. 

Para melhorar, a empresa anunciou seu novo supercomputador DGX GH200 AI, alimentado por 256 GH200 Grace Hopper Superchips. Pode parecer um pouco complicado, mesmo assim os investidores gostaram do que viram; afinal, o novo sistema permitirá a próxima geração de aplicativos generativos de IA, graças ao seu maior tamanho de memória e capacidades de modelo em maior escala. 

Os chips da Nvidia têm alta exposição à IA generativa, que é uma tendência desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final do ano passado. A tecnologia assimila texto, imagens e vídeos de forma bruta para criar conteúdo. O mercado sabe disso e, consequentemente, as ações da Nvidia também não são baratas, sendo a terceira ação mais cara a cruzar a linha de US$ 1 trilhão com as ações negociadas por cerca de 51 vezes os lucros estimados para 2024.  

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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