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Dividendos ‘gordos’ da Petrobras (PETR4) e IPCA de abril: veja estes e mais destaques desta sexta (12)

Petrobras divulga dividendos de R$ 24 bilhões, o equivalente a R$ 1,89 por ação; enquanto isso, IPCA deve desacelerar 0,55% na comparação mensal

Por Matheus Spiess

12 maio 2023, 08:50 - atualizado em 12 maio 2023, 08:50

Bandeira da Petrobras (PETR4) ao lado de bandeira do Brasil
Fonte: Shutterstock

Bom dia, pessoal. Lá fora, a maioria dos mercados de ações asiáticos caiu nesta sexta-feira, encerrando uma semana marcada por leituras econômicas fracas e uma piora nas perspectivas para o ano, embora o índice do Japão tenha superado seus pares com uma série de fortes resultados corporativos. A forte evolução dos lucros japoneses mostrou que os ventos econômicos contrários decorrentes da desaceleração do crescimento e da alta inflação tiveram até agora um impacto limitado nos números das empresas, indicando que a economia japonesa ainda está estável.  

Os mercados chineses, contudo, tiveram um desempenho fraco, depois que dados decepcionantes de comércio e inflação nesta semana promoveram mais dúvidas sobre uma possível recuperação econômica pós-Covid no país neste ano, ainda que o governo possa lançar mais medidas de estímulo para sustentar o crescimento econômico nos próximos meses. Enquanto isso, os mercados europeus e os futuros americanos sobem nesta manhã, acompanhando os números mais fracos de inflação ao consumidor e ao produtor nos EUA. O medo de uma recessão, porém, permanece. 

A ver… 

· 00:50 — Esqueçam o IPCA: a nova moda é falar sobre o dividendo de Petrobras 

No Brasil, assim como tem acontecido com alguma frequência recentemente, o mercado se distanciou ontem do nervosismo internacional. O grande vetor na segunda metade do pregão foi a divulgação do dividendo de R$ 24 bilhões da Petrobras (muito interessante vindo de uma gestão que criticava os dividendos). Os resultados apresentados no final da quinta-feira não foram lá muito bons, como já sabíamos que seriam, mas pelo menos o dividendo enorme dá uma aliviada no humor local. 

Fora o noticiário corporativo nesta reta final de temporada de resultados, contamos hoje com os dados oficiais de inflação de abril. A expectativa é de que o índice deve continuar desacelerando, desta vez para 0,55% na comparação mensal. Em 12 meses, o IPCA deve acumular alta de 4,12% — o que seria positivo, considerando que viemos de um 4,65% em março. Esperamos que o índice continue desacelerando nos próximos meses, mesmo que volte a acelerar na segunda metade do ano (efeito base). 

· 01:37 — E o sentimento? 

Nos EUA, as ações enfrentaram fortes ventos contrários na quinta-feira, incluindo as preocupações renovadas com os bancos regionais, levando a perdas em grande parte do mercado, exceto no setor de tecnologia. Com isso, muitas ações caíram, apesar de alguns dados razoavelmente positivos sobre a inflação, uma preocupação importante entre os investidores, que debatem quando o Federal Reserve terminará de aumentar as taxas de curto prazo — os dados de preços ao produtor de abril mostraram que a inflação no atacado avançou no ritmo mais lento em mais de dois anos. 

Com os dados até aqui, podemos apoiar a noção de que o Comitê Federal de Mercado Aberto interrompa seus aumentos de juros na próxima reunião em junho, encerrando o ciclo de aperto monetário no patamar atual. Complementarmente às projeções de atividade econômica, temos o índice de sentimento do consumidor para maio, que deve marcar 62,6 pontos, cerca de um ponto a menos do que em abril. As expectativas de inflação dos consumidores também podem se destacar, podendo arrefecer continuamente dos 4,6% verificados no mês passado. 

· 02:29 — Uma região sensibilizada 

No velho continente, os dados do PIB no Reino Unido sinalizaram um crescimento de 0,1% no primeiro trimestre em linha com o esperado. Há bastante pessimismo sobre o crescimento do Reino Unido por parte de instituições multinacionais. O trimestre foi afetado por greves, sem dúvidas, mas o dano econômico das greves de transporte foi enfraquecido com a nova realidade na qual 44% da força de trabalho do Reino Unido pode trabalhar em casa. Infelizmente, o número não consegue atestar ao público geral o excelente trabalho executado até aqui pelo atual primeiro-ministro, Rishi Sunak. 

Paralelamente, as economias da zona do euro oferecem aos mercados os dados de preços ao consumidor de abril. Os números podem consolidar ou não as expectativas de uma inflação desacelerando no mundo. Sendo esse o caso, o BCE teria menos espaço para manter seu discurso agressivo nas próximas reuniões de política monetária. Ontem, o BoE (Reino Unido), acompanhou a decisão dos americanos e europeus, subindo mais 25 pontos-base. Assim como os pares vizinhos, os britânicos devem continuar elevando os juros no curto prazo. 

· 03:22 — O plano chinês fica mais fraco 

A Nova Rota da Seda tem sido um pacto de investimento controverso desde que o acordo foi assinado em 2019. Agora, a Itália está aparentemente pronta para sair da “Belt and Road Initiative” da China. O país é a única nação do G7 que faz parte do que o presidente Xi Jinping chama de “projeto do século”, ou o que os críticos chamam de “armadilha da dívida” projetada para criar boa vontade política e consolidar a influência chinesa no cenário mundial. 

Como grande parte da Europa, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Itália se viu presa em tensões crescentes entre os EUA e a China no que diz respeito ao comércio, investimento, infraestrutura e tecnologias sensíveis. A possível mudança teria efeitos profundos em algumas das maiores empresas da Itália, bem como em outras decisões de investimento na Europa. Mais tensões geopolíticas devem aprofundar o processo de regionalização mundial. 

· 04:07 — A eleição turca 

Depois de dominar a política turca por duas décadas, o presidente Recep Tayyip Erdoğan pode enfrentar suas eleições mais difíceis agora no dia 14 de maio. O aprofundamento da crise econômica, com inflação pouco abaixo de 50%, e uma resposta inicial confusa aos terremotos devastadores em fevereiro criaram uma abertura para um candidato da oposição. Isso pode ter implicações muito além da Turquia, um membro da Otan que ainda se dá bem com a Rússia e frequentemente faz movimentos que criam tensões com seus parceiros ocidentais. 

Kemal Kılıçdaroğlu (pronuncia-se Ki-li-ti-da-ro-loo) é o líder do Partido Popular Republicano social-democrata desde 2010. Chefe do maior bloco de oposição da Turquia, Kılıçdaroğlu também é o candidato presidencial formalmente escolhido por cinco outros partidos que têm pouco em comum além de um desejo compartilhado de derrotar Erdoğan. 

Ele não é exatamente um novo rosto político, sendo um carreirista de 74 anos com um comportamento público professoral que é tão cauteloso em seu discurso quanto o carismático Erdogan é ousado e direto. Mas pesquisas recentes sugerem que um tecnocrata de boas maneiras, capaz de unir os partidos de oposição de esquerda e direita, pode ser exatamente o que muitos eleitores turcos desejam. 

Espera-se que a corrida seja acirrada, com um segundo turno potencial a ser realizado em 28 de maio. Se Kılıçdaroğlu vencer Erdoğan, o mundo pode esperar grandes mudanças na complexa política externa da Turquia. Kılıçdaroğlu provavelmente se mostraria um parceiro de segurança muito mais confiável, mesmo que a necessidade de relações econômicas decentes com a Rússia dê ao Kremlin armas que ele usará para punir a Turquia em resposta. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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