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Inflação americana realmente ‘jogou água no chope’? Saiba o que esperar dos juros, da Bolsa e das criptomoedas

No terceiro mês de alta, o CPI veio acima do esperado, enquanto IPCA se mantém saudável.

Por Mariana Pavão

15 abr 2024, 16:13 - atualizado em 15 abr 2024, 16:23

Em meio a uma semana recheada de dados econômicos, com o susto da inflação americana que ‘colocou água no chope’ do IPCA saudável no Brasil, os analistas da Empiricus Research se reuniram para discutir os temas do momento no Podca$t

Divulgado na última quarta-feira, 10, o CPI (Consumer Price Index), veio acima do que o mercado esperava e registrou alta de 0,4% em março, somando à taxa anual que registra 3,5%.

Com esses dados em mãos, Laís Costa, analista de renda fixa, comenta que eles “realmente roubaram a cena” e atropelaram o nosso IPCA, que veio bem mais comportado, com 0,16%. Com isso, Larissa Quaresma, analista e host do Podca$t, afirma que “que depois desses dados todos, dessa digestão, as bolsas não reagiram bem”.

O S&P 500, o principal índice acionário das bolsas americanas, caiu 2%, o Dow Jones, que é mais representativo das empresas da ‘velha economia’ americana, caiu 4%, Nasdaq, de tecnologias caiu 1%, o Ibovespa caiu 1% e o Ibovespa Small Caps caiu 3%.  Todas essas quedas mostraram que o mercado não está tão disposto a correr riscos.

A nova visão para o corte de juros

Neste cenário, a expectativa de corte nos juros americanos também sofre, conforme aponta Laís e afirma que “o Banco Central americano, de fato, não tem porque cortar juros agora no primeiro semestre”

Na visão dela, o corte que havia expectativas de acontecer em junho, agora tem mais probabilidade para acontecer em dezembro, após as eleições presidenciais.

Laís argumenta que cortar os juros americanos agora pode ser prematuro, considerando as condições econômicas e as expectativas do mercado. 

Além dos dados de inflação, existem outros indicadores de atividade econômica e mercado que influenciam nisso, como o anúncio do Federal Reserve de reduzir as compras de títulos, o que ajudará na liquidez de mercado. Para ela:

“É muito arriscado, e até imprudente, ele começar a cortar com tantas tantas indicações de que tanto a economia vai bem quanto a inflação ainda não está nos níveis que, pelo menos, ele vinha indicando que deveriam ser os níveis de afrouxo monetário.” 

Otimismo com o Brasil 

No Brasil, Laís afirma que as coisas estão indo bem:

“É impressionante como a economia brasileira está indo bem. Como a atividade brasileira continua surpreendendo para cima.”

Quanto aos dados, ela se refere à Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de fevereiro que foi “extraordinária”, contrariando as projeções negativas e comenta que existe uma revisão da estimativa do PIB para cima

A analista acredita que “também parece que a economia brasileira não precisa de mais incentivo” e revê as estimativas nos cortes na Selic, dizendo que “o cenário mais provável pode ser a tese de haverem dois ciclos, ou seja, não haver mais cortes agora e aguardar os cortes realizados pelo FED para, então, caminhar para uma Selic terminal em um segundo momento”.

Como fica a Bolsa e o Bitcoin no meio de tudo isso?

Ao falar sobre a quedas nas bolsas, Matheus Spiess, analista político e de macroeconomia,  diz que “é preciso ter paciência” e que “a gente tem visto uma sensibilidade exacerbada do mercado e consequentemente muita volatilidade” com reações exageradas e muitas vezes imediatistas que deixam de serem analíticas e passam a ser muito apaixonadas. 

Ele defende uma posição mais construtiva em bolsa, por mais que o curto prazo ainda seja desafiador e que ”ainda há aqui um espaço para uma valorização dos ativos de risco“.

Sobre o mercado de criptoativos, Valter Rebelo, head de crypto research, comenta a sua visão desses ativos neste cenário. Ele afirma que, historicamente, o Bitcoin acompanha as condições financeiras e que a liquidez tende a beneficiar as criptos.

Com o cenário um de corte de juros ficando mais pra frente e as ‘surpresas’ da inflação, Valter diz que “o Bitcoin reagiu negativamente” e que, dentro desse contexto, “tem sido mais discutido como uma reserva de valor“.

Valter faz um paralelo com o aumento do valor do ouro e diz que o case do Bitcoin vai ficando cada vez mais interessante “porque, além de ser uma reserva de valor assim como ouro, ele é desintermediado”. Ou seja, não pode ser confiscado, como lembra o caso americano de confisco de ouro nos anos 1970. 

No Podca$t, Valter também comenta sobre o halving que acontecerá esta semana, entre os dias 19 e 20 de abril, e o impacto especulativo do evento no preço da moeda.

Confira o episódio completo abaixo:

Sobre o autor

Mariana Pavão

Redatora dos portais Empiricus, Seu Dinheiro e MoneyTimes.

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