Mercado em 5 minutos

Nasdaq encerra 1º semestre com alta de 30% e mercado reage bem a dados de manufatura da China; confira

Um aspecto intrigante de 2023 até agora é que a Nasdaq foi impulsionado por apenas um punhado de ações de grandes nomes: Tesla, Meta, Nvidia, Apple, Microsoft, Alphabet e Amazon.

Por Matheus Spiess

03 jul 2023, 08:55 - atualizado em 03 jul 2023, 08:56

Imagem representando a NASDAQ, mostrando uma imagem interna de um painel de cotações da Nasdaq.
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos fecharam em alta nesta segunda-feira, acompanhando as movimentações positivas dos mercados globais na sexta-feira (30), com os investidores reagindo à inflação dos EUA mais baixa do que o esperado para maio. Embora o mercado ainda estime que o Fed dos EUA aumente as taxas de juros em mais 25 pontos em julho, os dados da inflação aumentaram o otimismo de que o banco central não seguirá com aumentos adicionais nas taxas posteriormente.

A alta na Ásia aconteceu hoje apesar da série de relatórios de atividades manufatureiras que mostravam uma desaceleração da produção na região. O índice de gerentes de compras de manufatura da China para junho desacelerou para 50,5 pontos — como estava ligeiramente acima das expectativas de 50,2 pontos, os investidores reagiram bem. Os movimentos na Europa e nos futuros americanos nesta manhã são tímidos, com preparação para feriado nos EUA amanhã.

A ver…

· 00:44 — Uma semana agitada em Brasília

No Brasil, formou-se maioria entre os investidores que apostam em um corte mais arrojado da taxa de juros a partir de agosto, agora firmando-se em 50 pontos-base. De fato, há espaço para isso, principalmente se os dados de inflação mostrarem menos inflação até a reunião do Copom e o arcabouço ser finalmente resolvido na Câmara. Por falar no Congresso, a semana será importante em Brasília. Arthur Lira quer votar tanto o arcabouço como a reforma tributária antes do recesso legislativo.

Sobre o arcabouço, alguns temas como Fundo Constitucional do DF e Fundeb devem gerar repercussão. Já sobre a reforma tributária, os governadores e outros setores que se sentiram desprestigiados pelo texto encontraram na liderança de Tarcísio de Freitas, possível nova liderança da direita brasileira agora que Bolsonaro se tornou inelegível, uma maneira de se opor à proposta. O governador articula uma oposição em Brasília, mas terá pouca chance de prosperar diante da vontade de Arthur Lira. 

· 01:31 — Vai um feriadinho aí?

Nos EUA, para o feriado de 4 de julho (Dia da Independência), o mercado ficará fechado amanhã e fechará mais cedo hoje. Até aqui, as ações americanas foram marcadas por um primeiro semestre excepcional. Na sexta-feira, tivemos o relatório sobre gastos de consumo pessoal, que entregou uma inflação de 0,1% na comparação mensal e 3,8% na anual (foi uma desaceleração nos dois sentidos). O dado foi visto como uma excelente notícia sobre a luta contra a inflação. O Fed estava certo em fazer uma pausa e precisa se manter firme nesses níveis para evitar uma recessão muito mais forte do que a necessária. Ainda assim, o mercado espera um aumento dos juros no dia 26 de julho, conforme anunciado por Jerome Powell. 

Nos primeiros seis meses do ano, o S&P 500 subiu 15,9%. O Nasdaq Composite terminou o primeiro semestre com impressionantes 31,7%, um dos melhores inícios de ano em quatro décadas. Por outro lado, o desempenho do Dow Jones Industrial Average não foi tão bom este ano; subiu apenas 3,8%. Para a semana, mais dados serão importantes, como o relatório de emprego, na sexta-feira (07), em que devemos observar um ganho de 212,5 mil folhas de pagamento não agrícolas em junho — a taxa de desemprego deverá manter-se estável em 3,7%. Além disso, também temos a divulgação das atas da reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto de junho. Eventuais surpresas terão efeito sobre os ativos.

· 02:56 — Os problemas em um velho gigante europeu

As ações europeias acompanham a Ásia em alta nesta manhã de segunda-feira, depois que dados melhores do que o esperado da China aliviaram os nervos dos investidores com a lenta recuperação pós-pandemia na segunda maior economia do mundo. O problema por lá parece vir da França, onde o presidente francês, Emmanuel Macron, está contando com a aplicação da lei para restaurar a ordem após quase uma semana de tumultos em todo o país desencadeados pelo assassinato de um adolescente por um policial — lembra o assassinato de George Floyd em 2020. 

Macron se reuniu com os principais ministros do gabinete no domingo para elaborar uma resposta à violência, que está testando sua autoridade e capacidade de realizar reformas. Ele mantém cerca de 45 mil policiais, forças especiais e veículos blindados posicionados para conter confrontos que deixaram centenas de prédios públicos danificados e lojas saqueadas em cidades como Paris, Marselha, Lyon e Estrasburgo. As tensões diminuíram ligeiramente em comparação com o aumento inicial da agitação, mas ainda chamam a atenção. Ativos franceses são os que menos sobem.

· 03:49 — O brilho do índice Nasdaq

O Nasdaq subiu mais de 30% no primeiro semestre, o terceiro melhor desde 1972. Essa é uma recuperação bem-vinda após a carnificina de 2022, quando o índice de alta tecnologia caiu mais de 30%. Historicamente, porém, o índice tem um desempenho melhor no primeiro semestre do que no segundo semestre, em média, com um ganho médio de 7% no primeiro semestre e uma alta de 4,6% no segundo semestre. Adicionalmente, quando o primeiro semestre apresentou ganhos de 29% ou mais, o segundo semestre apresentou, em média, uma queda de 11%. Não é um bom sinal.

Um aspecto intrigante de 2023 até agora é que ele foi impulsionado por apenas um punhado de ações de grandes nomes: Tesla, Meta, Nvidia, Apple, Microsoft, Alphabet e Amazon. Outro detalhe curioso sobre o primeiro semestre do Nasdaq é que o número de dias em que ele subiu foi historicamente pequeno. Então por que as grandes empresas de tecnologia subiram tanto? Não é por culpa de um ótimo ambiente macro (as taxas de juros ainda estão subindo). E provavelmente não é apenas uma recuperação técnica após 2022. A resposta: o hype em torno da inteligência artificial.

· 04:36 — A vantagem revolucionária da IA

Nos próximos anos, os especialistas nos dizem que a inteligência artificial deverá alterar as sociedades e mudar a vida individual em uma escala maior do que as mudanças provocadas pela criação da internet e a democratização do acesso às redes sociais. No processo, a IA criará desafios e riscos que merecem consideração cuidadosa, sim, mas os benefícios são promissores.

A IA ajudará cientistas e pesquisadores a desenvolver novos tratamentos e até curas para doenças, incluindo o câncer, que não vão mais matar muitas pessoas. Também ajudará os educadores a individualizar a instrução de muitas crianças, elevando os jovens em todos os lugares muito mais perto de seu potencial natural. Ao inventar novas formas de trabalho, a IA aumentará drasticamente a produtividade econômica, um passo essencial para elevar os padrões de vida.

Estima-se que a IA generativa, como a utilizada em aplicativos iguais ao Chat GPT, poderia adicionar US$ 4,4 trilhões à economia global nos próximos anos, reduzindo redundâncias nos processos de trabalho, de acordo com um novo relatório da McKinsey. Mas há um problema: o relatório também diz que 50% do trabalho será automatizado entre 2030 e 2060 – 15 anos antes do que a empresa previu inicialmente. O choque inicial de desemprego pode ser bem barulhento.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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